Danillo de Matos Santos Costa1
14 de agosto de 2024
No marco dos 100 anos de nascimento de James Baldwin, completado no último dia 2 de agosto, o Boletim Lua Nova publica uma série de dois textos sobre a atualidade, o legado e o impacto político de sua obra. O texto anterior pode ser lido aqui.
Nas notas autobiográficas que abrem seu Notes of a Native Son, publicado em 1955, James Baldwin escreveu:
Escreve-se a partir de uma única coisa: a própria experiência. Tudo depende de quão incansavelmente se tira desta experiência a última gota que ela pode dar, doce ou amarga. Esta é a única preocupação real do artista: recriar, a partir da desordem da vida, aquela ordem que é a arte. A dificuldade, então, para mim, de ser um escritor negro era o fato de que eu estava, na verdade, proibido de examinar minha própria experiência muito de perto pelas tremendas exigências e pelos perigos muito reais da minha situação social2 (BALDWIN, 1998, p. 8, tradução nossa).
Nesta que foi a sua primeira coletânea de ensaios ele deu a tônica que permearia toda sua obra, o fator pessoal preponderante, o papel do escritor negro norte-americano, a recusa obstinada de qualquer proibição em examinar sua experiência pessoal e como seu país tratou a ele e seus iguais ao longo da história.
O papel de um escritor que usa até a última gota da sua experiência nos seus escritos é analisado no ensaio The discovery of what it means to be an american, publicado no seu livro de 1961, Nobody knows my name. No texto, Baldwin revela que deixou os Estados Unidos porque duvidava que pudesse sobreviver à fúria do problema racial que vigorava então, e que pretendia evitar se tornar “[…] meramente um negro; ou, até mesmo, meramente um escritor negro”3 (BALDWIN, 1991, p. 17). O autor queria descobrir como sua experiência poderia ser usada para conectá-lo com os outros, em vez de isolá-lo. Em resumo, ele sentia a necessidade de “[…] encontrar os termos em que minha experiência poderia ser relacionada com a de outros, negros e brancos, escritores e não escritores”4 (ibid, p. 17).
Depois de viver alguns anos em Paris e sofrer uma espécie de crise nervosa, ele resolve passar algum tempo nos alpes suíços.Lá, “armado” com dois discos da cantora de blues norte-americana Bessie Smith (1894-1937) e uma máquina de escrever, ele tentou uma reconciliação com a vida que conheceu enquanto menino, da qual passou muito tempo tentando fugir, e reconhece que
Foi Bessie Smith, através do seu tom e da sua cadência, quem me ajudou a relembrar a maneira como eu mesmo devia ter falado quando era muito pequeno, e a recordar as coisas que tinha ouvido, visto e sentido. As quais havia enterrado muito fundo. Eu nunca tinha ouvido Bessie Smith na América […], mas na Europa ela ajudou a me reconciliar com o fato de ser um ‘preto’5 (ibid, p. 18).
Baldwin acreditava que essa reconciliação não seria possível nos Estados Unidos e, uma vez que aceitou seu papel (que distingue de lugar) no que chamou de drama extraordinário que se desenrolava em seu país, ele se livrou da ilusão de que o odiava. Talvez deste sentimento tenha vindo a decisão de não viver como um expatriado, ele sempre voltava ao coração das trevas que era um país onde a segregação racial era pautada nas leis Jim Crow e participava dos movimentos pelos direitos civis ao lado de seus líderes.
Nos conta Michelle Alexander (2018) que as leis conhecidas como Jim Crow (cujo nome provavelmente foi emprestado de um personagem de teatro que reforçava estereótipos racistas) foram promulgadas entre o fim do século XIX e no início do século XX todos os estados do Sul possuiam uma legislação que impedia os negros de terem acesso a direitos básicos como escola, empregos, habitação, igrejas, hospitais e até cemitérios. Esse período também ficou marcado pelos linchamentos brutais de negros, como veremos mais adiante.
Ao escrever sobre esse período, Baldwin, nascido no Norte, sempre deixava claro que era uma ilusão, ainda que reconfortante, seus compatriotas acreditarem que a segregação racial estava limitada apenas aos estados do Sul. No ensaio Fifth Avenue, Uptown, temos um exemplo de como essa mentalidade poderia ser simplista. Ele escreve sobre uma conversa com um intelectual branco bem conhecido (que não sabemos de quem se trata) a respeito da situação enfrentada pelos negros sulistas e este, indignado, pergunta em tom inocente porque os negros simplesmente não se mudavam para o Norte. Baldwin então tenta explicá-lo que eles “[…] não escapam da Jim Crow: eles apenas encontram outra, uma variedade não-menos-mortal”6 (ibid, p. 65).
Para Baldwin, os habitantes do Norte se favorecem do que ele chama de um luxo perigoso: por terem lutado do lado certo durante a Guerra Civil e ganhado
[…] eles conquistaram o direito de simplesmente deplorar o que se passa no Sul, sem assumir qualquer responsabilidade por isso; e podem ignorar o que está acontecendo nas cidades do Norte porque o que está acontecendo em Little Rock e Birmingham é pior. Bem, em primeiro lugar, não é possível para quem não suportou os dois saber o que é ‘pior’7 (ibid, p. 65).
Ele conclui que a grande diferença entre os brancos sulistas e os do Norte é que os primeiros veem negros o tempo todo, enquanto os últimos nunca os veem, e, sendo assim, nunca pensam a seu respeito, ao contrário dos sulistas que não pensam em outra coisa. Dessa forma os negros são ignorados no Norte e vivem sob vigilância constante no Sul, sofrendo igualmente nas duas regiões. Nenhuma das regiões é capaz de encará-los simplesmente como seres humanos, são dois lados da mesma moeda.
Baldwin relata uma das suas visitas ao Sul no ensaio Nobody knows my name: a letter from the South, no qual escreve:
No outono do ano passado, meu avião pairou sobre a terra vermelho-ferrugem da Georgia. Eu já tinha mais de trinta anos e nunca tinha visto esta terra antes. Pressionei meu rosto contra a janela, observando a terra se aproximar; logo estávamos bem próximo das copas das árvores. Não pude reprimir a ideia de que esta terra adquiriu a cor do sangue que escorria destas árvores. Minha mente estava ocupada com a imagem de um homem negro, talvez mais jovem do que eu, ou da minha idade, pendurado em uma árvore, enquanto homens brancos o observavam e cortavam seu sexo com uma faca8 (ibid, p. 88).
A imagem brutal do linchamento assombrou sua imaginação e acabou sendo a mesma utilizada pelo autor no desfecho do seu conto Going to meet the man, de 1965, em que ele descreve a atmosfera festiva que envolvia o ritual de linchar e pendurar negros em árvores como “frutas estranhas”. Como aponta David Margolick (2012, p. 37-9), essa era uma prática comum no Sul entre 1889 e 1940, período em que 3833 pessoas foram linchadas, das quais quatro quintos eram negros. Embora os linchamentos pudessem ser encarados como uma questão local, “[…] sua assiduidade tornava o país inteiro indiferente”.
Tal indiferença não era compartilhada por Baldwin, que inclusive pensa se seu pai não teria visto tais cenas antes de se mudar para o Norte e como os negros sulistas suportaram coisas que ele sequer poderia imaginar. Ele ressalta que o Sul não é uma estrutura monolítica, como muitos gostam de acreditar, mas sim uma região diversa e dividida, e insiste na ideia de que o cenário racial não é tão diferente nas duas regiões, que a diferença entre elas seria de etiqueta, não de espírito. Enquanto no Sul a segregação era oficial, no Norte ela era não oficial, o que não aliviava muito o fardo dos negros que nela viviam.
Para Baldwin, a grande questão do seu país é o fracasso em encarar a realidade, e este fracasso enfraquece uma nação tanto quanto uma pessoa. Sendo assim, da mesma maneira que “[…] o Sul imagina que ‘conhece’ o Negro, o Norte imagina que o libertou. Ambos os campos estão iludidos. A liberdade humana é algo complexo, difícil – e privado”9 (ibid, p. 100), e um exame honesto prova como a vida nacional está longe de um padrão para a liberdade. Ele encerra o ensaio reforçando que se sua nação não for capaz de fazer esse exame poderá se tornar um grande fracasso na história das nações.
Outra constante nas obras de James Baldwin é sua preocupação em examinar o passado, a história do seu país, mas enquanto sujeito dessa história, papel que era negado a seus antepassados. Em The fire next time, publicado em 1963, ele apresenta o que considera o paradoxo do negro norte-americano, o fato de que este não poderia ter um futuro em lugar nenhum, em nenhum continente, enquanto não estivesse disposto a aceitar seu passado. Entretanto, “[…] Aceitar o próprio passado – a própria história – não é a mesma coisa que afogar-se nele; é aprender como usá-lo. Um passado inventado nunca pode ser usado; ele racha e desmorona sob as pressões da vida como barro em uma estação de seca”10 (BALDWIN, 1998, p. 333).
Baldwin se aproxima ao pensamento de Walter Benjamin (2012) quando este escreveu que a única forma de apreender o passado como uma imagem iluminada é a partir do seu reconhecimento. Podemos assumir que esse reconhecimento para Baldwin estava longe de ser um apaziguamento. Afinal a história dos negros, em países escravocratas nos quais chegaram como mercadoria, é a história da negação da humanidade dessas pessoas. E essa humanidade não foi recuperada com a emancipação dos escravizados, que podemos chamar de um projeto inconcluso. Em seu ensaio Journey to Atlanta, ele escreve como a emancipação não é mais vista como um impulso humanitário e o que se segue a ela pode ser comparado à “[…] imagem de ossos jogados para uma matilha de cães famintos o suficiente para serem perigosos”11 (BALDWIN, 1998, p. 55).
O desencanto pós-emancipação é partilhado por outro intelectual negro norte-americano fundamental, W.E.B. Du Bois (1868-1963), que já em 1903, quando publicou seu seminal The Souls of Black Folk, escreveu como a nação ainda não havia encontrado paz de seus pecados, assim como o homem livre ainda não havia encontrado sua terra prometida. Apesar da mudança, ainda pairava sobre o povo negro a sombra de um profundo desapontamento. Du Bois acreditava que entre ele e o mundo (o mundo dos brancos) havia uma pergunta que não foi feita; da parte de alguns, por delicadeza, enquanto por outros pela dificuldade de formulá-la. No entanto, ela palpitava. E essa pergunta, caso fosse articulada, seria: como ele se sentia sendo um problema? E a partir da sua estranha experiência em ser um problema (ainda que não se desse conta) ele percebeu que seria sempre diferente dos outros, que o mundo e as oportunidades que ele ansiava eram dos brancos, nunca dele (Du Bois, 2003).
Du Bois (ibid.) também acreditava que entre este mundo e ele havia uma espécie de véu, e podemos assumir que este sentimento de dissociação entre o mundo moldado por e para os brancos e o sujeito é comum a muitos intelectuais negros, cujo esforço é remodelar e tentar dar sentido a esse mundo. Sentimento explorado por Baldwin no seu ensaio Princes and Powers, no qual escreve sobre aquilo que todos os negros têm em comum: sua relação precária e dolorosa com o “mundo branco” e principalmente o que eles tinham em comum era “[…] a necessidade de refazer o mundo à sua própria imagem, de impor essa imagem ao mundo, e não serem mais controlados pela visão do mundo, e de si mesmos, sustentada por outras pessoas”12 (BALDWIN, 1991, p. 35). E foi a partir dessa necessidade que seus escritos, tanto ensaios quanto romances, ganharam corpo.
Em sua obra, Du Bois (op. cit.) também antevê que o problema do século XX é o problema da “linha de cor”. Baldwin retoma essa ideia no já citado The fire next time, em que escreve que esse problema é ao mesmo tempo terrível e delicado, que compromete e corrompe qualquer esforço de se construir um mundo melhor, porque a cor “[…] não é uma realidade humana ou pessoal; é uma realidade política”13 (BALDWIN, 1998, p. 345-6)e essa distinção é tão difícil que o Ocidente ainda não foi capaz de fazê-la. Estamos tão distantes da publicação do livro de Baldwin quanto ele estava da publicação do livro de Du Bois, contudo, ainda que muitos avanços tenham acontecido, a linha de cor segue sendo um dos maiores entraves na sociabilidade de países que compartilham um passado escravista recente.
Assim como James Baldwin participou dos debates a respeito do movimento pelos Direitos Civis, ele também toma parte, mesmo anos após sua morte, nos debates contemporâneos que envolvem movimentos como o Black Lives Matter (BLM). Movimentos com reivindicações em comum e que foram abordadas por Baldwin ao longo da sua carreira.
Podemos dizer que o estopim que deu início ao BLM foi a violência policial, tema abordado e sofrido na pele por Baldwin desde que era uma criança vivendo no Harlem, denominado por ele como gueto. Tomemos como exemplo dois textos que se complementam ao lidar com a figura da polícia nesses guetos. O primeiro é Fifth Avenue, Uptown, no qual escreve como a própria presença dela naquele lugar é “[…] um insulto, e seria, mesmo que passassem o dia inteiro alimentando crianças com balas de goma”14 (BALDWIN, 1991, p. 63), além de ser uma representação da força e das intenções do mundo branco, manter os negros encurralados e no seu lugar. E considera raro o cidadão do Harlem “[…] desde o membro mais circunspecto da igreja até o adolescente mais indolente, que não tenha uma longa história para contar sobre a incompetência, injustiça ou brutalidade policial. Eu mesmo testemunhei e suportei isso mais de uma vez”15 (ibid., p. 63).
Uma dessas vezes em que sofreu essa brutalidade aparece em detalhes no seu The Fire Next Time, quando ele nos conta
[…] eu tinha treze anos e estava atravessando a Quinta Avenida a caminho da biblioteca da Rua Quarenta e Dois, e o policial no meio da rua murmurou quando eu passei por ele: ‘Por que vocês pretos não ficam na parte da cidade a qual vocês pertencem?’ Quando tinha dez anos e não parecia, certamente, mais velho, dois policiais se divertiram comigo revistando-me, fazendo especulações cômicas (e aterrorizantes) sobre minha ancestralidade e prováveis proezas sexuais e, para completar, me deixaram de costas em um dos terrenos baldios do Harlem16 (op. cit., p. 298).
Este livro de Baldwin é escrito na forma de duas cartas, uma delas destinada a seu sobrinho, marcando o centenário da emancipação dos escravizados norte-americanos, emancipação, que como vimos, para o autor foi apenas o primeiro passo de um longo caminho rumo à liberdade, afinal “[…] Nós não podemos ser livres até que eles sejam livres”17 (ibid, p. 295).
Este texto foi escrito para celebrar o centenário de James Baldwin, autor cujas ideias reverberam no nosso tempo, que foi capaz de preceder debates, mas que acima de tudo teve a coragem de fazer da sua experiência uma revelação pessoal para todos nós que o lemos, como bem colocou Toni Morrison (2020).
* Este texto não representa necessariamente as opiniões do Boletim Lua Nova ou do CEDEC. Gosta do nosso trabalho? Apoie o Boletim Lua Nova.
Referências bibliográficas
ALEXANDER, Michelle. A nova segregação: racismo e encarceramento em massa; tradução de Pedro Davoglio. São Paulo: Boitempo, 2018.
BALDWIN, James. Collected Essays. Library of America, 1998.
BALDWIN, James. Nobody Knows my Name: More notes of a Native Son. Penguin Books, 1991.
BENJAMIN, Walter. O anjo da história; tradução de João Barrento. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2012.
DU BOIS, W. E. B. The Souls of Black Folk. Barnes & Noble Classics, 2003.
MARGOLICK, David. Strange Fruit: Billie Holiday e a biografia de uma canção; tradução de José Rubens Siqueira. São Paulo: Cosac Naify, 2012.
MORRISON, Toni. A fonte da autoestima: ensaios, discursos e reflexões; tradução de Odorico Leal. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.
1 One writes out of one thing only – one’s own experience. Everything depends on how relentlessly one forces from this experience the last drop, sweet or bitter, it can possibly give. This is the only real concern of the artist, to recreate out of the disorder of life that order which is art. The difficulty then, for me, of being a Negro writer was the fact that I was, in effect, prohibited from examining my own experience too closely by the tremendous demands and the very real dangers of my social situation.
2 […] merely a Negro; or, even, merely a Negro writer.
3 […] to find the terms on which my experience could be related to that of others, Negroes and whites, writers and non-writers.
4 It was Bessie Smith, through her tone and her cadence, who helped me to dig back to the way I myself must have spoken when I was piccaninny, and to remember the things I had heard and seen and felt. I had buried them very deep. I had never listened to Bessie Smith in America […], but in Europe she helped to reconcile me to being a ‘nigger’.
5 […] do not escape Jim Crow: they merely encounter another, not-less-deadly variety.
6 […] they have earned the right merely to deplore what is going on in the South, without taking any responsibility for it; and they can ignore what is happening in Northern cities because what is happening in Little Rock and Birmingham is worse. Well, in the first place, it is not possible for anyone who has not endured both to know which is ‘worse’.
7 […] In the fall of last year, my plane hovered over the rust-red earth of Georgia. I was past thirty, and I had never seen this land before. I pressed my face against the window, watching the earth come closer; soon we were just above the tops of trees. I could not suppress the thought that this earth had acquired its colour from the blood that had dripped down from these trees. My mind was filled with the image of a black man, younger than I, perhaps, or my own age, hanging from a tree, while white men watched him and cut his sex from him with a knife.
8 […] the South imagines that it ‘knows’ the Negro, the North imagines that it has set him free. Both camps are deluded. Human freedom is a complex, difficult – and private – thing.
9 […] To accept one’s past – one’s history – is not the same thing as drowning in it; it is learning how to use it. An invented past can never be used; it cracks and crumbles under the pressures of life like clay in a season of drought.
10 […] image of bones thrown to a pack of dogs sufficiently hungry to be dangerous.
11 […] the necessity to remake the world in their own image, to impose this image on the world, and no longer be controlled by the vision of the world, and of themselves, held by other people.
12 […] is not a human or a personal reality; it is a political reality.
13 […] an insult, and it would be, even if they spent their entire day feeding gumdrops to children.
14 […] from the most circumspect church member to the most shiftless adolescent, who does not have a long tale to tell of police incompetence, injustice or brutality. I myself have witnessed and endured it more than once.
15 […] I was thirteen and was crossing Fifth Avenue on my way to the Forty-second Street library, and the cop in the middle of the street muttered as I passed him, ‘Why don’t you niggers stay uptown where you belong?’ When I was ten, and didn’t look, certainly, any older, two policemen amused themselves with me by frisking me, making comic (and terrifying) speculations concerning my ancestry and probable sexual prowess, and for good measure, leaving me flat on my back in one of Harlem’s empty lots.
16 […] We cannot be free until they are free.
17 […] merely a Negro; or, even, merely a Negro writer.
Referência imagética: Wikimedia Commons. James Baldwin. Fotografia de Allan Warren. 1969. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:James_Baldwin_34_Allan_Warren.jpg>. Acesso em: 6 jun. 2024