José Szwako[2]
04 de novembro de 2024
Como o diz o Sr. Tarde, a origem de nossa diferença está em outro lugar. Antes de tudo ela está no fato de que eu acredito na ciência e o Sr. Tarde não.
E. Durkheim (1895)
As ciências entraram no debate político brasileiro sem data para sair. Do Congresso aos movimentos sociais, entre partidos e ativistas, da esquerda à direita, passando por ambos os extremos, chegando às mídias, plataformas e bares, envolvendo e dividindo famílias inteiras no WhatsApp, as ciências são hoje celebradas e hostilizadas, criticadas e relativizadas, hiperdimensionadas e rebaixadas em uma só sentença. Cada um e todos parecem acreditar que dispõem de informação e conhecimento suficiente para decretar o que é, por exemplo, um Instituto Butantã e por que devemos, ou não, confiar nele assim como em outras instituições e personalidades científicas. No meio disso tudo, de uns tempos para cá, o tal do negacionismo emergiu com força igualmente impressionante no cotidiano, na sociedade civil, na imprensa, no trabalho, nas mídias, na internet, enfim, em nossa vida pública. Vemos grupos de políticos, de artistas, de profissionais liberais (e iliberais também); vemos corporações de médicos e advogados organizados; vemos ainda think tanks, sites e jornais montados por toda sorte de intelectuais e de acadêmicos – munidos com lattes e tudo –; todos bradando palavras de ordem contra autoridades científicas e alegando, de má ou boa-fé, estar em “defesa da ciência” e se dizer contra a “ideologia”.
Ora, o que está acontecendo?
A resposta mais convencional a essa questão tem se inspirado em uma autoimagem bastante positiva das ciências institucionalmente praticadas e de seus nativos. A linguagem disruptiva ofensivamente dispensada contra cientistas tende a favorecer e reforçar essa imagem idealizada. E, no reverso dela, em grande medida devido às estéticas e aos afetos ditos “antipolíticos” ou “anti-establishment”, os grupos e sujeitos negacionistas são lidos por suas supostas anomalias – eles seriam lunáticos, doentes, irrazoáveis, alienados, ignorantes, aloprados, psicóticos, dementes, loucos, raivosos… E mais ainda: seriam suas lacunas que lhes definiriam. Neste enquadramento, eles são assim pois lhes falta acesso ao conhecimento científico, sempre já inscrito dentro de uma longa lista de faltas imputadas: falta de divulgação, popularização e democratização das ciências; falta de contato e comunicação das universidades e dos institutos de pesquisa com a sociedade brasileira; falta de intervenção política e relevância das e dos cientistas no Brasil. Seja por meio ou força da difusão acadêmica e midiática, é desta forma que o senso comum tende a imaginar o que são negacionismos e negacionistas.
Exemplo bem acabado do estigma negativo atribuído a leitores negacionistas pode ser visto, de maneira pouco paradoxal, na matéria de um jornal universitário em cuja headline lê-se: “Contra negacionismos, livro defende a confiança nas ciências”. Independentemente das possíveis críticas ou pontes de concordância com o livro anunciado, importa notar a pré-noção subjacente a essa estratégia de divulgação. Na fotomontagem, dois macacos dispostos lado a lado tapam olhos e ouvidos. E, no lugar do terceiro macaco, ao lado direito, um celular aponta para ambos que não querem ver ou ouvir.
Fonte: https://jornal.usp.br/cultura/contra-negacionismos-livro-defende-a-confianca-nas-ciencias/
Já seria ironia suficiente o fato de que, originalmente, e ao contrário do que se acredita, a imagem dos três macacos diz respeito a um acúmulo de conhecimento e não à ausência dele – eles são, aliás, mundialmente conhecidos como “três macacos sábios”, cujas raízes, por sua vez, remetem à negação do mal, e não do conhecimento, no budismo japonês do século XVII. De qualquer modo, a escolha dessa imagem está repleta de pressupostos sobre o que são ou como são vistos os negacionismos contemporâneos e, simultaneamente, sobre qual o papel das ciências perante eles. Ao acionar metaforicamente macacos que não querem ouvir nem ver, essa figura eleva os conteúdos científicos a um patamar de uma realidade objetiva que, mais uma vez, faltaria aos negacionistas. Sem adentrarmos na alusão feita pela imagem do celular como metáfora (ou pânico) de como a tecnologia supostamente controlaria mentes e corações, o que essa montagem nos diz é: basta apenas que esses grupos, figurativamente no lugar dos macacos, parem de se assujeitar às plataformas ou tecnologias manipuladoras e abram ouvidos e olhos para conhecer a realidade e, apenas então, eles irão “confiar” nas ciências. Mais que isso: ao colocar em um mesmo patamar macacos e negacionistas, essa imagética mobiliza um ideário evolucionista que faz dos negacionistas os outros de uma versão triunfal da Ciência. Tudo se passa como se houvesse uma nítida régua do conhecimento que separaria um “Nós” deles; isto é, uma apreensão linear segundo a qual basta apenas que eles queiram abandonar seus déficits, sair do seu estado de natureza e, enfim, se abrir, se ilustrar e evoluir conosco.
Os negacionismos são qualquer coisa menos isto. De modo análogo ao assim chamado pensamento selvagem[3], as formas pelas quais grupos e discursos negacionistas emprestam sentido ao mundo não são irracionais, nem pré-lógicas e sequer pré-científicas. Quer dizer, os negacionismos não estão dentro de uma linha evolutiva em cuja ponta dianteira estariam a razão e o discernimento científico e tudo que está atrás (ou veio antes) deles seria reduzível a vários déficits: de divulgação, de letramento, de cultura… Ao contrário, as retóricas e estratégias negacionistas produzem sentido, fabricam (de modo sistemático e intencional) mundos reais e imaginários, disputam visões de mundo e alternativas utópicas e distópicas para o mundo, enfim, elas estão repletas de significados, imaginários e fantasias que nada nos falam de falta, lacuna, dissonância ilusória ou coisa equivalente.
É, então, com essa primeira ruptura que podemos discernir melhor o que está acontecendo. Bem compreendidos, grupos negacionistas têm articulado em diferentes esferas, na sociedade como no Estado, modelos daquilo que seus adeptos, intelectuais e ideólogos imaginam que seja (não as ciências, no plural, mas) “a Ciência”, como uma realidade reificada, definitiva e autoritária. “Estudos comprovam que…”, “já está mais do que provado…”, “eu li…” – é por aí que toca o coro. Em suas estéticas e performances, a retórica negacionista faz demandas irrealizáveis (às vezes, ditas popperianas) numa intransigência típica do pensamento mágico[4], porém evitada pelo ethos científico mais humilde. E não deixa de ser paradoxal que aquela lógica autoritária esteja no horizonte ironicamente compartilhado por negacionistas e, no outro polo, por aqueles que se dizem hoje a ponta de lança da defesa das ciências e que acusam tudo que não seja o Mesmo de “pseudocientífico” ou “bobagem”[5].
Mas, seja como for, vale já nos afastar de quaisquer pânicos: diferentemente do que uma vez imaginou Durkheim e do que avaliam tantos hoje em dia, não se trata de que “as pessoas não acreditam mais em cientistas”, nem sequer que “elas não confiam em mediadores institucionais ou intelectuais”[6] – longe disso. Talvez seja o justo oposto[7]. Tal como a “cultura”, que ganhou aspas ao entrar como arma política nas lutas por direitos[8], também a “ciência”, devido ao seu prestígio e à sua capacidade de fazer ilações e conexões entre partes disputadas do mundo, tem sido acionada por grupos em busca dos seus mais diversos interesses. Há, por certo, distâncias nesta analogia: se “cultura” e “ciência” passaram a levar aspas, isso se deu em boa medida porque ambas passaram a pautar sujeitos políticos em registros, porém, distintos. Enquanto uns reivindicam a ampliação de direitos (em especial, intelectuais e territoriais) a partir da sua “cultura”, isto é, daquilo que suas personagens falam e chamam de cultura, outros se organizam em prol da sua redução, ou seja, no registro de uma luta antidireitos afirmada em nome da “ciência”.
No entanto, se divergem em seus registros de operação, tanto “cultura” como “ciência” com aspas compartilham uma mesma e inesperada raiz: devido à sua estrutura como linguagem[9], ambas produzem reflexivamente citações, categorias e imagens no mundo, provendo instrumentos de interpretação e para ação nele. Ou seja, de forma análoga ao caso da “cultura”, é a reflexividade inerente ao discurso das ciências que possibilita e engendra seu uso para diversos fins. Para alcançá-los, grupos negacionistas mobilizam retóricas, argumentos, credenciais, pessoas e estéticas trazendo a público sua própria versão de “ciência” que, de antemão e fora de paradigmas institucionalmente contestados, irá “mensurar” e “confirmar” suas visões (morais, materiais e ideológicas) de mundo. Ao se valerem de táticas paracientíficas situadas ao redor das ciências e dos suportes institucionais que lhes dão força e vida[10], os negacionismos vêm assim colocando a sua “ciência” no leque mais amplo das formas contemporâneas de ação coletiva.
Se tudo isso é acurado, os negacionismos merecem ser levados a sério pois não são mero déficit. E, entendidos como matrizes reflexivas e fabricadoras de imaginação e de disputas, podemos sugerir três dimensões para pensá-los: política, ideológica e cultural.
A camada propriamente política da querela negacionista envolve necessariamente Estado, atores partidários e políticas públicas, embora não se esgotem no sistema político. Inspirando-nos em uma literatura de longa estrada no país[11], podemos dizer que ao invés de focar em atores, ainda que eles sejam imprescindíveis, são as relações e conexões entre sistema político, sociedade civil e mercado que importam nas análises sociopolíticas. Isso importa, em particular, para se afastar de uma postura que não apenas reduz a heterogeneidade do sistema político à figura dos “governantes”, como também entende (tacitamente ou não) que os atores da sociedade civil encarnariam algo como o “bem”, e os do mercado, o “mal”. Da mesma maneira que os negacionismos não são o Outro das ciências, os movimentos sociais e organizações do mercado não são os outros do Estado; essas esferas e personagens se aproximam, se afastam e se reforçam em interações nas quais circulam sentidos e valores, imaginações e ideologias. E a “ciência” com aspas entra no meio desse turbilhão, sendo mobilizada por redes negacionistas que agregam atores políticos, sociais e econômicos para, utilizando-se de credos e créditos científicos, lograr seus próprios fins.
A dimensão política é ainda relevante pelo aspecto valorativo nela implicado. Por exemplo: ao acusar professores de Ciências Sociais e Humanas, seja de ensino básico ou universitário, de “ideólogos” que alegadamente “não fazem nada pelo país”, os detratores das instituições públicas tanto escolares como de pesquisa não estão só propalando uma lógica privatizante de distribuição de recursos. Eles estão também disputando modelos de pesquisa e educação “sem partido”, isto é, defendendo um modelo de política pública que, entendendo-se como “neutro” em contraposição a outro supostamente “ideológico”, visa inculcar formas hierárquicas e antipluralistas de educação[12]. Dinâmica semelhante ocorre nos ataques dirigidos contra campanhas de vacinação, nas quais a racionalidade neoliberal do negacionismo científico mostra sua moralidade contrária não ao Estado em geral, mas àquilo que nele é de direito e acesso público ou virtualmente universalizável.
Talvez a implicação de maior envergadura dessa compreensão sociopolítica do negacionismo venha da ênfase dada à ação como fabricação de significados. Na medida em que realça disputas e valores ao redor de determinadas políticas, e ao ter como pressuposto que os negacionismos tanto fazem sentido, como produzem sentidos de maneira intencional, a análise pretende lançar luz sobre as múltiplas agências, redes e instituições aí envolvidas. Subjacente a essa compreensão vive um rechaço mais ou menos explicitado a visões mais deterministas (tecnológicas), fatalistas (algorítmicas) ou mesmo catastrofistas (apocalípticas) sobre o conjunto de realidades e mudanças sociotécnicas conexas aos negacionismos. Se se trata de ação e de política, o fenômeno é, a meu ver, pouco ou mal compreendido sem que se leve em conta tanto as clivagens sociais[13], como as ecologias organizacionais nas quais se produzem, consomem e difundem conteúdos negacionistas.
Se, por seu valor de face, parecem falar de desafios face a autoridades e instituições científicas, uma vez lidos em chave sociopolítica, os negacionismos nos dizem mais sobre conflitos valorativos grupais, sejam identitários ou corporativos – basta pensar no negacionismo de médicos e seus Conselhos. Ao enfatizar relações de força e sentido, tal chave pretende se descolar do cognitivismo internacionalmente predominante que tem reunido consensos férteis quanto aos traços do negacionismo científico: além do apoio a especialistas “fake” e do chamado “cherry-piccking”, que consiste na seleção enviesada de evidências em defesa de um argumento ad hoc, vários autores têm destacado a cognição motivada[14], o viés de confirmação[15], bem como o uso de “falácias” ou de raciocínio “ilógico” [16] por parte dos detratores das ciências. Não seria o caso de jogar o bebê com a água de banho, pois esses traços iluminam um sem-número de casos e podem, sem dúvida, ser somados à análise sociopolítica. A questão é, antes, ampliar o esquadro da compreensão, entretanto, com a condição de não reconduzir o fenômeno dos negacionismos àquele lugar “ilógico” – aqui justamente criticado. Em grande medida, para nós, os negacionismos dizem menos respeito a uma confrontação “irracional” às ciências institucionalizadas e nos falam, muito mais, sobre valores, sentidos e políticas em jogo.
*Este texto não reflete necessariamente as opiniões do Boletim Lua Nova ou do CEDEC.
Referências
Alvarez, S. et al (orgs.) (2000) Cultura política nos movimentos sociais latino-americanos. Belo Horizonte: UFMG.
Albuquerque, A. “WhatsApp”. Szwako, J. & Ratton, J. (2022) (Orgs.) In Dicionário dos negacionismos no Brasil. Recife: CEPE.
Carneiro da Cunha, M. (1999) “Cultura” e cultura: conhecimentos tradicionais e direitos intelectuais. In: Cultura com aspas e outros ensaios. São Paulo: CosacNaify.
Castaldo, M., Venturini, T., Frasca, P., & Gargiulo, F. (2022). Junk news bubbles modelling the rise and fall of attention in online arenas. New Media & Society, 24/9, 2027-2045.
Chaloub, J. (2022). Uma obra entre o reacionarismo e o conservadorismo: o pensamento de Olavo de Carvalho. Dois Pontos 19, p. 78-96
Cook, J. (2010) “5 Characteristics of Scientific Denialism,” Skeptical Science 17
Diethelm, P. & McKee, M. (2009) “Denialism: what is it and how should scientists respond? European Journal of Public Health 19, 2–4.
Drumond, C. & Fischhoff, B. (2017) “Individuals with greater science literacy and education have more polarized beliefs on controversial science topics” Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, 114(36), p.9587-
Ferreira, P. (2022). Latour e Durkheim: um encontro possível? CTS em foco 4/2, p.77-82.
Freeden, Michael. 2006. « Ideology and Political Theory. » Journal of Political Ideologies 11 (1): 3-22.
Frickel, S. et al (2010) Undone science: charting social movement and civil society challenges to research agenda setting. Science, Technology, & Human Values, 35/4, p. 444-472.
Levi-Strauss, C. (2008) A ciência do concreto. In. O pensamento selvagem. Campinas: Papirus.
Lewandowsky, S. & Oberauer, K. (2016) “Motivated rejection of science”. Current Directions in Psychological Science 25, p.217–222.
Lynch, C. &. Cassimiro, P. H. (2022) O populismo reacionário: ascensão e legado do bolsonarismo. São Paulo: Contracorrente.
McIntyre, L. (2021) How to Talk to a Science Denier: Conversations with Flat Earthers, Climate Deniers, and Others Who Defy Reason. Cambridge: MIT Press.
Merton, R. (2013) Ensaios de sociologia da ciência. São Paulo: 34.
Messenberg, D. (2017). A Direita que Saiu do Armário. Revista Sociedade e Estado, 32/3, p.621-647.
Mudde, Cas. (2021) La ultraderecha hoy. Madrid: Paidós.
Pasternak, N.; Orsi, C. (2023) Que bobagem! Pseudociências e outros absurdos que não merecem ser levados a sério. São Paulo: Contexto, 2023.
Resende, M. & Faria, C. (2023). “Despublicização e resistência contra o ‘Escola sem Partido’ na Câmara dos Deputados”. Revista Brasileira De Ciência Política 42, e269426
Rieder, B. (2020). Engines of order: A mechanology of algorithmic techniques. Amsterdam University Press.
Rocha, C. & Medeiros, J. (2021) “Jair Bolsonaro and the Dominant Counterpublicity”. Brazilian Political Science Review, 15/3, p.1-20
Santos, J. “WhatsApp”. In: Szwako, J. & Ratton, J. (2022) (Orgs.) In Dicionário dos negacionismos no Brasil. Recife: CEPE.
Santos, R. (2020). “Entre o ‘cuidado da casa comum’ e a ‘psicose ambientalista’: disputas em torno da ecoteologia católica no Brasil”. Revista Brasileira de Sociologia 8, p. 78-101.
Scruton, R. (2022) Conservadorismo. Um convite à grande tradição. São Paulo: Record
Shapin, S. (2019) “Is There a Crisis of Truth?” Los Angeles Review of Books https://lareviewofbooks. org/article/is-there-a-crisis-of-truth/2dez2019
Szwako, J. & Sívori, H. (2022) Performing family in Fernando Lugo’s and Dilma Rousseff’s impeachment processes, Paraguay 2012 and Brazil 2016. International Feminist Journal Of Politics, 23/4, p. 558-578,
Velasco e Cruz, S.; Kaysel, A. & Codas, G. (2015) (orgs.) Direita Volver. São Paulo: Fundação Perseu Abramo.
Zhou, Y. & Shen, L. (2022). Confirmation Bias and the Persistence of Misinformation on Climate Change. Communication Research, 49/4, p.500-523
Williams, R. (1981) Sociología de la cultura. Barcelona: Paidós
Wink, G. (2021). Brazil, Land of the Past. The Ideological Roots of the New Right. Morelos: Bibliotopia.
[1] Primeira parte do capítulo de abertura do livro “Negacionismos & Extrema-direita” (no prelo).
[2] Bolsista Prociência; JCNE FAPERJ; INCT Participa.
[3] Levi-Strauss (2008).
[4] Levi-Strauss (2008, p.28).
[5] Veja: Pasternak & Orsi (2023). Embora ocupem lugar sui generis na posição de doutos doutores Bacamarte do século XXI, o recurso à deslegitimação de interlocutores não é exclusivo dessa dupla. Quando parte dos estudiosos e estudos da ciência e da tecnologia reduz os outros à figura do Positivista ou Funcionalista, isso também reproduz a lógica de invenção do Outro. Excelente alternativa a tal postura, dentro dessa seara, pode ser vista em Ferreira (2022).
[6] Como, por exemplo, a ideia de um contexto de “desorganização epistêmica profunda, no qual a comunidade científica e o sistema de peritos de modo mais amplo deixam de gozar da confiança social e da credibilidade queantesdetinham” (Cesarino, 2020, p. 77-78)
[7] Ver: Shapin (2019).
[8] Carneiro da Cunha (1999).
[9] Carneiro da Cunha (1999, 358-ss).
[10] Mais uma vez, analogamente à “cultura” com aspas, pois esta também é forjada pela apropriação, feita por grupos minoritários, ao redor daquilo que toda uma infraestrutura institucional (i.e. uma série de suportes como agências, políticas, instrumentos e instituições de Estado) define como “cultural”.
[11] Ver, dentre outros, Alvarez, S. et al (2000).
[12] Ver Resende & Faria (2023).
[13] Ver Santos (2022).
[14] Lewandowsky & Oberauer (2016).
[15] Zhou & Shen (2022)
[16] Numa lista quase infinita de autores, confira: Cook (2010) e McIntyre (2021).
Referência imagética: Contra negacionismos, livro defende a confiança nas ciências (Arte de Simone Gomes). Disponivel em <https://jornal.usp.br/cultura/contra-negacionismos-livro-defende-a-confianca-nas-ciencias/>. Acesso em 28 out 2024.