José Szwako[2]
06 de novembro de 2024
A primeira parte deste texto pode ser lida aqui.
The simplest way to combat misinformation is with the truth. T. Swift (2024)
Argumentei na primeira parte deste texto que retóricas, grupos e discursos negacionistas não devem ser rebaixados ao status de primatas pré-lógicos. Ao contrário, a fabricação negacionista de sentidos passa por laços morais e simbólicos que demandam escrutínio mais temperado. Sigamos agora com as últimas implicações da dimensão política, para em seguida ver como aspectos ideológicos e culturais atravessam irremediavelmente a forma pela qual as ciências se tornaram uma arma de peso na artilharia político-discursiva das direitas e das extrema-direitas, embora não somente delas.
Enquanto parte do conflito político, posturas negacionistas podem ser objeto não só de compreensão, mas também de contraposição e de regulação por vozes e forças contrárias a redes negacionistas. Assim, quanto à sua contraposição, a forma pela qual são compreendidas tem peso fundamental na maneira pela qual diferentes atores e instituições irão, ou não, lhes fazer oposição. Uma parte importante das nucleações e associações científicas, por exemplo, tem enfatizado a necessidade de ampliar as formas de comunicação e popularização das ciências, entendendo-as como meios de combate à desinformação. Embora seja uma premissa intuitiva, ela é pouco solidária à noção de que aos negacionistas não lhes falta algo – chame-se diploma, informação, conhecimento, letramento científico, etc[3]. Mais ainda: visto que são diversas as clivagens que operam na percepção que pessoas e grupos fazem dos achados e consensos científicos, não há (ou não poderia sociologicamente existir) uma coerência unívoca daquilo que é negado nas ciências e na suas relações com as políticas: uma mesma pessoa pode, sem contradição, se dizer “antivacina”, vacinar-se e não negar a mudança climática – afinal, como estou tentando argumentar, são os valores grupais, morais e materiais, em geral, traduzidos em disputas por políticas, que importam para a compreensão de negacionismos e negacionistas.
Nessa mesma seara da contestação antinegacionista, outro exemplo que tem ganhado notoriedade e certo prestígio são as chamadas empresas de fact-checking. Ao lançar os holofotes sobre o discurso de políticos profissionais para verificar seu grau de veracidade, este tipo de organização pretende combater a desinformação e dar mais qualidade ao debate público. Apesar da promessa, seu caráter ambivalente fica nítido se questionarmos: quem verifica os verificadores? Quer dizer, ao olhar apenas ou majoritariamente para “os políticos”, essas organizações não colocam em questão suas próprias fontes de financiamento que, não raro, são conglomerados empresariais de mídia e comunicação[4], como se estas fossem algum tipo de domínio “neutro”. No contrapé da boa intenção de combater fontes de desinformação, os verificadores tendem a reproduzir parte central da ideologia e da autoimagem contemporânea das extremas-direitas pela sua face “antipolítica”. Assim, por um lado, no imaginário (não intencionalmente) compartilhado por verificadores e extremistas, a atividade política é, por definição, suspeita e “corrupta” – jamais suas próprias financiadoras. E, por outro, cabe indagar em que medida as agências de fact-checking contribuem para qualificar o debate caso não estejam alcançando, de fato, clivagens e públicos engajados em fontes e conteúdos negacionistas? Dito de outro jeito: seu campo de alcance não estaria convertendo já convertidos? E na outra ponta: nos casos de notícias de maior visibilidade, sua checagem é efetiva para reduzir a crença no ambiente de desinformação? Tais perguntas são de especial relevância se considerarmos a alta capacidade de disseminação das chamadas junk news[5]. Afinal, além dos feeds de redes, notícias circulam em grupos clivados, círculos de confiança e no boca-a-boca, e não em uma ágora que, como um repositório, aguarda passivamente para disseminá-las caso sua validade seja aceita ou recusada neles. Essas são questões que ficam para outras análises e reflexões, mas, seguindo o caso dos limites da divulgação científica, é importante levar em conta que a ampliação do acesso a “dados verificados” ou a “resultados científicos” pode e precisa ser ainda nuançada pela dimensão político-valorativa em jogo no círculos negacionistas, ou não.
Por outro lado, enquanto fenômeno sociopolítico envolvendo disputas, passamos a outro aspecto das formas de oposição ou resistência aos negacionismos: à regulamentação. Se as redes sociais acabaram por implodir de vez as fronteiras, que já vinham perdendo sua nitidez entre “criadores” de conteúdo e seus disseminadores, a fabricação de conteúdos negacionistas não ocorre em uma estrutura amorfa e “neutra” (“a Internet”) nem se dá ao léu. Ao contrário, estamos lidando com o fabricar deliberado de uma “ciência”, financiado por ecossistemas desinformacionais que compartilham valores, afetos e ideologias com suas audiências. Esses grupos, todavia, operam um novo regime sociotécnico dele se aproveitando. Nele, a validade de um discurso pode ser medida pelas, já quantificadas, “métricas” da própria plataforma. Respeitam-se os números de engajamento, a quantidade de seguidores, a frequência de produção de conteúdo otimizado para buscas, e até a compra de espaços anunciantes para perfis previamente calculados. Assim, aqueles que sustentam nas redes seus discursos científicos institucionalmente filiados passam a fazer parte de um regime no qual operam incessantemente outros crivos culturais, afetivos, técnicos e de popularidade – inclusive para selecionar qual conteúdo, numa miríade oceânica do que é publicado, será visto pelo público[6].
A regulação não diz então respeito a uma imaginada redução da crença no discurso científico, pois lida, muito antes, com uma mudança de seus próprios termos quando vertidos para línguas não esotéricas, porém, dentro de ecossistemas desinformacionais estruturados pela multiplicação de fontes de discursos manejadas de maneira sociotécnica. O desafio da regulação encontra aí múltiplos horizontes e frentes: não apenas para coibir tomadas públicas de posição com efeitos coletivos deletérios, removendo postagens, comentários e por vezes até punindo perfis que possam infringir essa regulação, mas, de modo mais importante, para responsabilizar as próprias mídias e plataformas na difusão (também ela lucrativa[7]) de desinformação tendo, por consequência, de encarar uma disputa tecnopolítica ao agir sobre uma infraestrutura de ordenamento algorítmico quiçá nunca antes vista pelos próprios reguladores.
Ligada ao conflito político, a ideologia é outra camada igualmente incontornável na compreensão de embates negacionistas. No entanto, aqui é fundamental recusar uma noção acusatória de ideologia, pois, como disse, estratégias negacionistas não devem ser compreendidas por sua suposta falta, como se seus agentes estivessem cognitiva ou sociologicamente impedidos de ter algo como uma “visão realmente real da realidade” – de resto, acessível a poucos. Em uma concepção não-acusatória, à la Freeden[8], ideologias são produtos coletivos que conectam visões de mundo permitindo a ação conjunta, seja para perseguir objetivos em um dado contexto, seja para impedi-los. Ou seja, as ideologias movem pessoas e valores no mundo; são discursos que disputam representações sobre o que é e o que deve ser o mundo sociopolítico, e sobre como agir nele.
Nestes termos, não se trata de falar em uma única e congruente “ideologia negacionista” – o que nos levaria a algum modo de acusação. A questão é, antes, procurar conexões de ideologias parciais (conservadorismos, reacionarismos, libertarianismos, etc.) com valorações e categorias contextualmente mobilizadas. Assim, junto de outras categorias plenamente disputadas como “Família” e “Cidadania”, a noção de “Liberdade” tem se mostrado uma fonte ideológica central para a emergência e a cristalização das extremas-direitas. No caso brasileiro recente, a defesa da “Liberdade” foi consagrada no panteão do reacionarismo bolsonarista ao lado dos já clássicos “Pátria” e “Família”.
Contudo, a centralidade da “Liberdade”, em chave reacionária[9], não se restringe à configuração ideológica das extremas-direitas brasileiras. “Viva la libertad, carajo” é literalmente o grito em castelhano evocado não só por Javier Milei, mas por parte nada desprezível do eleitorado argentino. O radicalismo de direita tem, por todo o mundo[10], investido fortemente contra agendas de gênero e sexualidade. Entre nós, pista dos pânicos morais forjados “em defesa da família” já havia sido lançada, em 2016, nos discursos em prol da destituição de Dilma Rousseff[11], cuja versão institucionalizada ficou posteriormente selada em nome do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Neste sentido, nas análises da reação à brasileira[12], a “ciência” performatizada e reivindicada por movimentos antiaborto dá exemplo de como categorias vêm sendo forjadas e articuladas a outros valores regressivos, em especial, ao chamado “anti-globalismo”. O negacionismo pode assim ser aproximado a outros casos globais e a vários eixos de análise, compondo desse modo um capítulo a mais na compreensão das ideologias de direita e extrema-direita[13].
Ao lado do escrutínio das categorias, outra trilha possível para a análise ideológica reside no exame das performances intelectuais em redes de sociabilidade, bem como seus padrões de apropriação de ideias, autores e referências. No caso do brasileiro, tende a se impor a diferenciação entre ideologias mais conservadoras e outras de tom mais propriamente reacionário, diante das respectivas ênfases dadas por diferentes expoentes intelectuais. Entre nós, figura singular para acessar as sobreposições entre extrema-direita e negacionismos foi, sem dúvida, Olavo de Carvalho. À diferença de matrizes predominantemente conservadoras e libertárias, seu reacionarismo antimoderno e de raízes teológicas tem inspirado inúmeros aparelhos de fabricação de ideários negacionistas[14]. No entanto, se se distanciam no nível dos pressupostos, Olavo e seus seguidores espalhados em perfis e organizações midiáticas “paralelas” compartilham com ideólogos de extrema-direita de outras latitudes, como veremos a seguir, a preocupação em disputar as guerras culturais, via de regra, orientadas contra as Nações Unidas e outros inimigos (“metacapitalistas”) reais ou imaginários.
Porém, cabe um aviso aqui: se, neste conjunto de análises, se destacam a defesa reacionária da “Liberdade” e a fabricação ideológica de seus inimigos, isso não significa que os negacionismos estejam restritos aos usos e abusos das direitas radicais. A forma pela qual grupos ou intelectuais autointitulados progressistas se valem das ciências para perseguir objetivos paracientíficos também pode ser objeto de outras análises – só preferi aqui circunscrever o arco das reflexões por razões políticas conjunturais[15], de modo que a análise ideológica também se presta a outros pontos no espectro.
Por fim, a dimensão cultural. Convergente com uma concepção não-acusatória de ideologia e com uma noção plenamente valorativa da política, parte-se aqui de uma concepção politizada e, simultaneamente, produtiva de cultura. Esta tanto atravessa hierarquias sociais, como cria significados e lugares simbólicos que conferem sentido àquelas hierarquias. Quer dizer, o cultural não é o “reflexo” de outra camada da realidade nem um “repositório” estanque de símbolos[16], mas sim parte inarredável das disputas político-ideológicas pela organização e definição da realidade social.
Exemplo notório desse caráter produtivo se destaca no empenho de intelectuais conservadores para ampliar seus raios de atuação. “O conservadorismo cultural”, diz ninguém menos que um dos maiores burkeanos do conservadorismo[17], Roger Scruton, “tem sido uma tentativa de elevar o conservadorismo do campo de batalha da política para a arena pacífica [sic] da literatura e da vida acadêmica”. Esse passo rumo à arena cultural é notado na seleção (por definição, ativa) de seus Clássicos e no estabelecimento de um Cânone (cultural, estético, literário) coroado pela internacional reacionária. “As fábulas políticas de Orwell”, segue o britânico, “contêm uma profecia acurada e sagaz sobre a correção política[…]”[18]. É por essas mesmas vias e bandas que andam as organizações da ecologia desinformacional brasileira. Ao também eleger a obra de Orwell como sua principal fonte de inspiração intelectual, a extrema-direita brasileira vem fabricando um cânone próprio, consumido em espaços de troca e sociabilidade nos quais o autor de 1984 e Olavo de Carvalho são, lado a lado, lidos e celebrados.
Mas esse investimento cultural não se detém aí: o consumo de autores e a apropriação de ideias lhes permitem igualmente forjar uma “ciência” para defender aquilo que lhes é mais caro: posicionar-se em defesa da “Família” e da “Infância”, contra o politicamente correto, contra a descriminalização do aborto, contra a “ideologia de gênero”, “contra a corrupção”, contra as Nações Unidas e pela “Liberdade” – é óbvio. Quer dizer, os leitores e consumidores implicados desse nicho fabricado por e para negacionistas, ele próprio reforçado pela dinâmica clivada e polarizante de plataformas e algoritmos, não estão sendo aí “enganados” nem “manipulados”. Longe de ser como tabula rasa sobre a que se imprime conteúdo negacionista, eles dividem com ideólogos e outros produtores desinformacionais valorações e representações do que é sagrado para seus nichos e clãs.
A dimensão cultural simbólica ressaltada nas análises traz duas implicações de peso, e fecho com elas meu argumento de abertura. Por um lado, quando os efeitos advindos da atividade científica extrapolam determinados limites e são tachados de “perniciosos” ou “indesejáveis”, eles comumente passam gerar uma hostilidade pública contra ciências e cientistas[19]. Este parece o caso atual em que, tendo ocupado espaço na elaboração de políticas sociais, partes das ciências brasileiras, em especial, as Ciências Humanas, ultrapassaram determinados limites culturais caros a partes nada desprezíveis do público brasileiro. Assim, não é contra uma autoridade científica aleatória que se dirige a “ciência” produzida por grupos negacionistas, mas àquelas ciências especificamente ligadas às transformações valorativas traduzidas em políticas. É como resumiu outro autor: “a ciência contestada é uma ciência que”, para seus nativos, “parece valer a pena ser contestada”[20]. Mas tal contestação vale o empenho dos negacionistas, não tanto por razões epistemológicas ou científicas[21], mas sim porque as ciências produzem efeitos (políticos) que ofendem suas ordens simbólicas de valoração e hierarquização do mundo.
Por outro lado, essa compreensão cultural traz implicações para a própria estima científica. Já vimos que os grupos negacionistas não são o Outro da razão. Vimos, também, que os discursos negacionistas fazem o nichamento de seus públicos pela fabricação de sentidos compartilhados, que estão à base da invenção de uma “ciência” com a qual os grupos imaginam e pretendem contestar cientistas e ciências institucionalizadas. Assim sendo, a maneira pela qual estas últimas se contrapõem a ataques negacionistas não precisa, como vimos, reduzir seus sujeitos a primatas e, mais ainda, não deve se valer de cartadas de autoridade e tirania científicas. Do mesmo modo que a acusação de “pseudociência” tende a ser pouco produtiva, imperativos do tipo “A evolução é um fato” tampouco contribuem para reendereçar esse imbróglio. Se e quando grupos pretendem contestar a seleção natural, isso não se dá por falta de um esclarecimento de qualquer tipo, mas por razões profundamente morais e simbólicas, elas mesmas inseparáveis de redes políticas, organizacionais e de sociabilidade mais amplas nas quais são gestados sujeitos e discursos negacionistas. E se, como estou tentando argumentar, o cerne desse problema é político, sua solução é igualmente política: tal solução passa necessariamente por aspectos institucionais, regulatórios, de ampliação do debate público, e não do seu encerramento à fórceps por meio de um decreto teórico.
Goste-se ou não do que está acontecendo, como se pode ver, a “ciência” forjada pelos negacionismos tem nos colocado diante de dilemas e espelhos pouco agradáveis de se reconhecer.
*Este texto não reflete necessariamente as opiniões do Boletim Lua Nova ou do CEDEC.
Referências
Alvarez, S. et al (orgs.) (2000) Cultura política nos movimentos sociais latino-americanos. Belo Horizonte: UFMG.
Albuquerque, A. “WhatsApp”. Szwako, J. & Ratton, J. (2022) (Orgs.) In Dicionário dos negacionismos no Brasil. Recife: CEPE.
Carneiro da Cunha, M. (1999) “Cultura” e cultura: conhecimentos tradicionais e direitos intelectuais. In: Cultura com aspas e outros ensaios. São Paulo: CosacNaify.
Castaldo, M., Venturini, T., Frasca, P., & Gargiulo, F. (2022). Junk news bubbles modelling the rise and fall of attention in online arenas. New Media & Society, 24/9, 2027-2045.
Chaloub, J. (2022). Uma obra entre o reacionarismo e o conservadorismo: o pensamento de Olavo de Carvalho. Dois Pontos 19, p. 78-96
Cook, J. (2010) “5 Characteristics of Scientific Denialism,” Skeptical Science 17
Diethelm, P. & McKee, M. (2009) “Denialism: what is it and how should scientists respond? European Journal of Public Health 19, 2–4.
Drumond, C. & Fischhoff, B. (2017) “Individuals with greater science literacy and education have more polarized beliefs on controversial science topics” Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, 114(36), p.9587-
Ferreira, P. (2022). Latour e Durkheim: um encontro possível? CTS em foco 4/2, p.77-82.
Freeden, Michael. 2006. « Ideology and Political Theory. » Journal of Political Ideologies 11 (1): 3-22.
Frickel, S. et al (2010) Undone science: charting social movement and civil society challenges to research agenda setting. Science, Technology, & Human Values, 35/4, p. 444-472.
Levi-Strauss, C. (2008) A ciência do concreto. In. O pensamento selvagem. Campinas: Papirus.
Lewandowsky, S. & Oberauer, K. (2016) “Motivated rejection of science”. Current Directions in Psychological Science 25, p.217–222.
Lynch, C. &. Cassimiro, P. H. (2022) O populismo reacionário: ascensão e legado do bolsonarismo. São Paulo: Contracorrente.
McIntyre, L. (2021) How to Talk to a Science Denier: Conversations with Flat Earthers, Climate Deniers, and Others Who Defy Reason. Cambridge: MIT Press.
Merton, R. (2013) Ensaios de sociologia da ciência. São Paulo: 34.
Messenberg, D. (2017). A Direita que Saiu do Armário. Revista Sociedade e Estado, 32/3, p.621-647.
Mudde, Cas. (2021) La ultraderecha hoy. Madrid: Paidós.
Pasternak, N.; Orsi, C. (2023) Que bobagem! Pseudociências e outros absurdos que não merecem ser levados a sério. São Paulo: Contexto, 2023.
Resende, M. & Faria, C. (2023). “Despublicização e resistência contra o ‘Escola sem Partido’ na Câmara dos Deputados”. Revista Brasileira De Ciência Política 42, e269426
Rieder, B. (2020). Engines of order: A mechanology of algorithmic techniques. Amsterdam University Press.
Rocha, C. & Medeiros, J. (2021) “Jair Bolsonaro and the Dominant Counterpublicity”. Brazilian Political Science Review, 15/3, p.1-20
Santos, J. “WhatsApp”. In: Szwako, J. & Ratton, J. (2022) (Orgs.) In Dicionário dos negacionismos no Brasil. Recife: CEPE.
Santos, R. (2020). “Entre o ‘cuidado da casa comum’ e a ‘psicose ambientalista’: disputas em torno da ecoteologia católica no Brasil”. Revista Brasileira de Sociologia 8, p. 78-101.
Scruton, R. (2022) Conservadorismo. Um convite à grande tradição. São Paulo: Record
Shapin, S. (2019) “Is There a Crisis of Truth?” Los Angeles Review of Books https://lareviewofbooks. org/article/is-there-a-crisis-of-truth/2dez2019
Szwako, J. & Sívori, H. (2022) Performing family in Fernando Lugo’s and Dilma Rousseff’s impeachment processes, Paraguay 2012 and Brazil 2016. International Feminist Journal Of Politics, 23/4, p. 558-578,
Velasco e Cruz, S.; Kaysel, A. & Codas, G. (2015) (orgs.) Direita Volver. São Paulo: Fundação Perseu Abramo.
Zhou, Y. & Shen, L. (2022). Confirmation Bias and the Persistence of Misinformation on Climate Change. Communication Research, 49/4, p.500-523
Williams, R. (1981) Sociología de la cultura. Barcelona: Paidós
Wink, G. (2021). Brazil, Land of the Past. The Ideological Roots of the New Right. Morelos: Bibliotopia.
[1] Segunda e última parte do capítulo de abertura do livro “Negacionismos & Extrema-direita” (no prelo).
[2] Bolsista Prociência; JCNE FAPERJ; INCT Participa.
[3] Por alguma crença projetada na educação, ou por pensar que se trata de um problema de comunicação/ compreensão das ciências, parte importante dos acadêmicos tende a acreditar que a educação formal ou a científica poderia redimir os negacionismos. Segundo parte das pesquisas cognitivistas, a verdade está no justo oposto; ver: Drumond & Fischhoff (2017) e Lewandowsky & Oberauer (2016).
[4] Ver Albuquerque (2022).
[5] Ver: Castaldo et al (2022)
[6] Rieder (2020, p. 353).
[7] Ver, inter alia, “YouTube ganha dinheiro e desobedece às próprias regras com negacionismo climático” – https://nucleo.jor.br/reportagem/2022-03-29-youtube-negacionismo-climatico/
[8] Freeden (2006).
[9] Digo em chave especificamente reacionária porque a categoria Liberdade também pode ser e é evocada e disputa em outras veias ideológicas, seja liberal, social democrata, progressista ou outra. Basta pensar nas lutas abolicionistas do XIX ou recordar lemas como “Negra é a raiz da liberdade” e “I wish I knew how it would feel to be free”. Em registro bem mais contemporâneo, a centralidade dessa noção também é notável pelas disputas ao redor dela, tal como o fez explicitamente K. Harris em seu lançamento na corrida presidencial estadunidense: “In this election, we each face a question: what kind of country do we want to live in? There are some people who think we should be a country of chaos, of fear, of hate. But us, we choose something different, we choose freedom”. Ver: www.youtube.com/watch?v=sHky_Xopyrw
[10] Mudde (2021).
[11] Szwako & Sivori (2022).
[12] Ver capítulo “Pro-life” Denial: The Intellectual and Social Bases of the Anti-Abortion Mobilization in Brazil, paper em coautoria com Carolina Goncalves apresentado na IPSA 2023, Buenos Aires.
[13] No debate brasileiro, essa seara imensa não caberia numa só nota; dentre outros, ver Messenberg (2017), Velasco e Cruz et al (2015), Rocha & Medeiros (2021), Chaloub (2022), Lynch & Cassimiro (2022).
[14] Ver Wink (2021).
[15] E, se esta agenda tem raízes conjunturais, isso não significa que a gênese dos negacionismos no Brasil coincidiria com o bolsonarismo. Ver, por exemplo, Santos (2020).
[16] Ver Williams (1981)
[17] Scruton (2022, p. 86).
[18] Scruton (2022, p. 112).
[19] Merton (2013, p.172-ss).
[20] Shapin (2019) (Tradução minha).
[21] Não estou dizendo com isto que toda e qualquer forma de contestação às ciências possa ser qualificada como negacionista. Há, por certo, aquelas formas pelas quais grupos mobilizam contra-expertise ou expertise leiga e, ao e por aceitar parcialmente paradigmas estabelecidos, visam contestar os limites impostos pela ciência não-feita, ou seja, por aquilo que a ciência institucionalizada (de modo ativo ou não) deixa de fora suas lentes. Sobre ciência não-feita, ver Frickel et al (2010).
Referência imagética: Contra negacionismos, livro defende a confiança nas ciências (Arte de Simone Gomes). Disponivel em <https://jornal.usp.br/cultura/contra-negacionismos-livro-defende-a-confianca-nas-ciencias/>. Acesso em 28 out 2024.