Por Angelo Lira e Leonardo Octavio Belinelli de Brito
Na primeira parte da entrevista concedida pelo professor Tullo Vigevani (Unesp) para a Seção Memória, o entrevistado relembra seus momentos na editoria da Revista Lua Nova, destacando os desafios de financiamento e distribuição da revista, além das transformações no formato do periódico ao longo do tempo. O Prof. Tullo Vigevani é pesquisador do Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (CEDEC) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Estudos dos Estados Unidos (INCT-INEU).
Professor, o senhor assumiu a editoria da Lua Nova em 1986, correto? Como ocorreu esse processo? O senhor já atuava no Cedec?
O idealizador da revista Lua Nova foi o professor José Álvaro Moisés. Ele elaborou o projeto juntamente com alguns outros pesquisadores do Cedec em 1983/84, lançando efetivamente a revista em 1984, em evento realizado no Centro Cultural Vergueiro. O primeiro número corresponde a abril-junho 1984. Já o Cedec foi criado como um centro de pesquisa em 1976. Moisés havia sido um dos fundadores, junto com o Regis de Castro Andrade, Francisco Weffort, Fábio Munhoz e outros professores. A professora Maria Victoria de Mesquita Benevides logo veio a participar também, bem como outros. A publicação regular inicial do Cedec foi a revista de Cultura e Política, da qual foram editados seis números entre 1979 e 1981. Nesse mesmo período foram publicados CEDEC Documentação e Caderno CEDEC, que após 1985, sob novo formato, teve continuidade. Em um contexto de grande efervescência intelectual e política no Brasil, no início dos anos 1980, que levou ao final dos governos militares em 1985, Moisés, com o respaldo da diretoria do Centro, fez o projeto de uma revista que poderíamos chamar a “meio caminho” entre uma revista de intervenção no debate público e uma revista acadêmica.
Se olharmos os números da Lua Nova até 1988, até o seu número 14 (abril-junho 1988), durante os seus primeiros quatro anos, veremos que muitos dos artigos são de reflexão intelectual, produzidos por intelectuais e acadêmicos, também políticos, sobretudo do MDB daquele período, e de outras correntes, particularmente as que se desprenderam daquele partido, como o foi em parte o Partidos dos Trabalhadores (PT), assim como de movimentos sociais ou religiosos, particularmente católicos. No entanto, não era uma revista completamente acadêmica.
Nesse contexto, assumi a editoria. Por quê? Porque nas eleições parlamentares programadas para outubro de 1986, que elegeriam os constituintes, Francisco Weffort, que havia sido do grupo fundador e primeiro presidente do Cedec, e Moisés, que também estava na diretoria e depois foi presidente do Centro, pediram afastamento para se candidatarem. Weffort a deputado federal e José Álvaro Moisés a deputado estadual, ambos pelo PT. Nesse momento, fui chamado para ser o editor de Lua Nova. O primeiro número que assinei como editor foi o número 10 (outubro-dezembro 1986, Vol. 3, n. 2). Mantendo uma linha particularmente preocupada com a consolidação democrática e os direitos sociais.
Cabe um parêntese. Mantinha relações pessoais e intelectuais com o grupo formador do Cedec, particularmente com Moisés, desde mais ou menos 1975. Por razões, digamos de história pessoal, conhecia há muitos anos outros integrantes: Gabriel Cohn, Fábio Munhoz, Régis de Castro Andrade, etc. Havia saído do Brasil por questões políticas, em fevereiro de 1972, e estava morando na Itália, ainda que não propriamente exilado porque tinha nacionalidade italiana e não precisava do asilo, mas havia saído de fato da cadeia para a escada do avião, com o auxílio do Cônsul Antonio Di Stefano. Mesmo na Itália me preocupava bastante com os problemas do Brasil, por isso sempre fiz um esforço de vinculação com as questões brasileiras. Quando surgiu o Cedec, me dei conta que seria uma instituição intelectualmente significativa, interessante para se estabelecer relações, trocar ideias e, depois, publicações, como fizemos com várias outras publicações brasileiras no período.
Por quê? Trabalhava no Instituto que se chamava IPALMO,[1] que foi o Instituto para as relações entre Itália e os países da África, da América Latina e do Oriente Médio. Estava particularmente ligado aos temas do Terceiro Mundo e da América Latina. Do mesmo modo, colaborei com uma instituição que também se ocupava desses problemas, a Fundação Lélio Basso. Nessa qualidade, mantive correspondência via correio – na época, obviamente, não havia internet, então era correio mesmo – com Moisés. Quando cheguei ao Brasil, em dezembro de 1979, procurei velhos conhecidos, o que era natural, e também alguns que não conhecia de antes, entre eles, Moisés, que encontrei no Cedec ainda na sua primeira sede, na rua Monte Alegre, à frente da PUC-SP. Daí se iniciaram minhas relações com o Centro, com Moisés, que viria a ser o primeiro editor da Lua Nova. Passei a frequentar a instituição, a assistir algumas reuniões e seminários públicos de estudo e pesquisa. Finalmente, em 1986, quando trabalhava na Coordenadoria de Planejamento da Prefeitura de São Paulo e fazia doutorado no programa de pós-graduação em História da Universidade de São Paulo (USP), além de ser professor na PUC-SP e no Instituto Metodista de Rudge Ramos, a diretoria do Cedec resolveu me chamar para ser o editor da Lua Nova, provavelmente por estar vinculado à vida acadêmica.
Assim começou a minha atividade no Cedec, particularmente ligado à Lua Nova naqueles anos. A participação na redação de Amélia Cohn, Edison Nunes, José dos Reis Santos Filho, Luiz Eduardo Pereira Barreto Filho, Marília Fontana Garcia, Sérgio Adorno, e também Moisés, foram decisivos para a continuidade e consolidação. Havia colaborado com a revista Politica Internazionale do IPALMO, mas de forma modesta. Minha experiência como editor, em verdade, estava começando. Revendo a coleção da revista, pois não havia memorizado as datas, permaneci na qualidade de editor até dezembro de 1990, até o número 22. Esse número é aberto por artigo de Giorgio Napolitano. Portanto, fui editor durante cinco anos.
Com o incentivo do grupo dirigente do Cedec daquela época, amadureceu no Centro a proposta de transformar Lua Nova em uma revista propriamente acadêmica. Isso ocorreu em 1987 e 1988, três ou quatro anos depois de criada a revista. Essa proposta surgiu de forma razoavelmente natural. Resultava das dificuldades de divulgação de um produto “a meio caminho”, de intervenção no debate público e acadêmico, e que por outro lado encontrava dificuldade com sua editora. A Editora Brasiliense a publicou até junho de 1986, sendo assumida a partir daí, mas por um período breve, pela L&PM., que a editou até setembro de 1987. Em seguida assumiu a edição a Editora Marco Zero, permanecendo até dezembro de 1991, quando passou a ser editada diretamente pelo Cedec, como acontece até hoje, em 2018.
Esta passagem, de busca de um público amplo para se tornar rigorosamente acadêmica, que foi construída por muitos e levou, com os anos e sob a direção de outros editores, a revista a ser uma referência brasileira na área de Ciência Política, Sociologia e outras disciplinas, entre elas História, Direito, Filosofia, Relações Internacionais, foi fortemente apoiada, incentivada, por todo o conselho de redação da época (Amélia Cohn, Edison Nunes, Eduardo Kugelmas, Francisco Weffort, Gabriel Cohn, Gildo Marçal Brandão, José Álvaro Moisés, Leôncio Martins Rodrigues, Lúcio Kowarick, Maria Conceição D’Incao, Marco Aurélio Garcia, Maria Teresa Sadek, Maria Victoria de Mesquita Benevides, Regis de Castro Andrade, Rosa Maria Fischer). E por todos os pesquisadores ativos no Centro. O papel de Gabriel Cohn como editor, com a colaboração de Álvaro de Vita, depois de Cícero Araújo, mais adiante Élide Rugai Bastos e hoje Bruno Konder Comparato, foram da maior importância. Na reunião do conselho que decidiu a mudança, em meados de 1988, lembro que Weffort, Gabriel Cohn, Castro Andrade argumentaram solidamente a favor.
O primeiro número como revista assumidamente acadêmica foi o 15, de outubro de 1988. Sem romper com a lógica intelectual e de pesquisa anterior, desde o início, preocupou-se com temas inovadores e instigantes, com pesquisas no Brasil e no exterior. Com atenção para a América Latina. Neste número, folheando-o, vemos a presença de textos de Giorgio Napolitano, Adam Przeworski, Benjamin Arditi, entre outros.
A partir do momento em que se assumiu como revista acadêmica, consolidou-se ainda mais. Olhando para trás, com a vantagem do ex-post facto, podemos dizer que teve sucesso. Como acabamos de lembrar, Lua Nova tornou-se uma revista acadêmica institucionalmente reconhecida. Dentro das categorias da CAPES, uma revista de primeiro nível nas áreas citadas.
Por que se deu essa transformação da Lua Nova, professor?
Por razões facilmente compreensíveis, olhando para trás. Aqueles anos eram de grande efervescência. Havia uma preocupação lógica em fazer uma revista que não estivesse voltada apenas para o público intelectual, mas que tivesse capacidade de participar do debate da sociedade brasileira, sempre com posições diferenciadas, não homogêneas. Diferentes concepções tiveram inserção efetiva na revista, tanto no comitê de redação, quanto no conselho editorial e, sobretudo, na definição dos artigos publicados, sempre submetidos a pareceres onde a avaliação de sua qualidade era decisiva. A ideia inicial de maior intervenção certamente presidiu o conceito de uma revista ágil, que pudesse ser lida por um público maior. Inclusive com linguagem amplamente acessível.
No entanto, verificou-se que esse formato não alcançava os resultados que dele se esperavam. Isto é, não conseguiu ser uma revista amplamente lida pelo que se chamava de “quadros médios”, aqueles que interviam em movimentos sociais, participavam do debate público. Era lida pelo público que depois continuaria a ser o da Lua Nova, ou seja, um público voltado para a reflexão e o estudo, em geral ligado à vida intelectual e à Universidade. Por isso, o conselho da revista e a diretoria do Cedec entenderam que seria importante dar vida a uma revista claramente voltada ao público acadêmico.
O interesse pelo novo formato e seu take off pôde consolidar-se e comprovou-se pela renovada iniciativa de proposta, inclusive pela realização de seminários de discussão de textos que em parte tornaram-se artigos da revista. Um deles, por exemplo, sugerido por Regis Castro Andrade, foi o de Jon Elster, discutindo marxismo e teoria dos jogos, publicado no número 17. Neste número, dedicado a questões conceituais para o estudo dos movimentos sociais, encontramos, entre outros, Alain Touraine, André Gunder Frank e Marta Fuentes, Alberto Melucci.
Quais foram os principais desafios enfrentados pelo senhor durante o seu período como editor da revista?
Como hoje sabemos, revistas acadêmicas e altamente especializadas no Brasil – acontece o mesmo em quase todos os países, mesmo os mais ricos – não se sustentam unicamente por assinaturas ou pelas vendas avulsas, mesmo quando conseguem alguma inserção publicitária. Elas precisam de financiamento de agências de apoio à pesquisa e ao ensino. Isso se acentua com a disponibilização pública online. Portanto, no campo dos recursos financeiros, tivemos vários tipos de problemas. Foram superados ad hoc. Discutiu-se a compra da revista por bibliotecas, universitárias ou não. Mas isso não foi alcançado. Outro desafio, normal, mas nem por isso corriqueiro, foi manter uma revista de alta qualidade acadêmica. Mostrou-se um caminho viável e correto, visto que a revista completou 34 anos em 2018, o que pelos padrões internacionais de revistas, é longevo. Portanto, tem um tempo importante de vida, que certamente a coloca entre as brasileiras atualmente consolidadas, adequando-se às novas formas de avaliação de qualidade, tendo permanentemente aumentado seu reconhecimento. O número de autores reconhecidos e de jovens com interesse em publicar em Lua Nova foi significativo desde aqueles anos e, pelo que estou informado, é um movimento que continua crescendo.
Para manter a qualidade da revista, além da demanda espontânea, o incentivo à busca de artigos significativos para publicação foi importante, uma preocupação essencial que contou com o entusiasmo dos pesquisadores do Cedec, lembremos de Amélia Cohn, de Pedro Jacobi, de intelectuais de outras instituições e de outros países. Também é um desafio, para qualquer editor de publicação com esse perfil, manter a qualidade editorial, o que quer dizer, por exemplo, traduções bem feitas, além da garantia de uma correta e boa apresentação para todos os artigos submetidos à revista para publicação, sobretudo com ideias inovadoras e sólidas. Há artigos da revista que marcam, digamos, um pouco do debate das Ciências Política e Sociais brasileiras até hoje. Um exemplo é o citado acima, o artigo de Jon Elster. Olhando a revista percebemos que estão publicados trabalhos importantes e que sinalizaram o campo das Ciências Sociais brasileiras. Há número temáticos que abrem ou aprofundam debates: democracia e socialismo, transições políticas na América Latina, movimentos sociais, questão agrária e urbana, etc. Sem dúvida, há outras revistas muito importantes na área de Ciências Sociais no Brasil como a Revista Brasileira de Ciências Sociais, Dados, Novos Estudos Cebrap, também Revista Brasileira de Ciência Política e Contexto Internacional, na área de Relações Internacionais. Lua Nova teve uma contribuição. Ao folhear a coletânea de 1988 até hoje, 2018, encontramos textos de referência.
Quem eram os autores potenciais?
O Conselho de Redação, depois Conselho Diretor, fazia algum tipo de seleção: considerando tema prioritário do número a ser publicado e qualidade científica. Essa seleção dava-se depois de considerados os pareceres de especialistas. Até o número 14, portanto até o segundo semestre de 1988, a redação solicitava artigos, em alguns casos fazia entrevistas, outros eram propostos por autores, outros ainda eram sugeridos pelos conselheiros ou pelos pesquisadores do Centro. Cada artigo era lido pelos integrantes do Conselho de Redação e enviado a especialistas com conhecimento específico a respeito do tema tratado – não existiam ainda as formas contemporâneas de seleção, que foram em seguida institucionalizadas por meio do SciELO. Portanto, a avaliação final era atribuição do Conselho: a estrutura promotora da revista dá suporte ao processo seletivo. Depois de recebidos os pareceres, feita a avaliação final, considerados inclusive aspectos técnicos, tamanho, etc., o artigo era publicado ou não. Outra questão: como dissemos, havia a recepção espontânea de artigos e também, como pode ser observado na coleção, havia números temáticos, alguns citados acima. Nesses casos, a responsabilidade pela aceitação e mesmo pelo convite à colaboração era dos responsáveis, um editor sempre especialista acadêmico nos temas. Houve casos de solicitação de artigos a autores de alto reconhecimento e de traduções.
Tendo em conta que os membros do comitê editorial são acadêmicos de diferentes instituições, ou intelectuais não universitários, muitos possuíam inserção internacional, por isso havia, digamos, um olho atento para produção externa sobre determinados temas. Lua Nova teve desde início um elevado grau de internacionalização. Havia atenção especial e a indicação de artigos de impacto no panorama das Ciências Sociais em nível mundial, para eventualmente serem traduzidos e publicados na revista. Os exemplos citados vão neste sentido. Produção intelectual e resultados de pesquisas eram a matéria prima principal na qual a redação e os pesquisadores buscavam textos. Nesse sentido, cabe uma observação: apesar do Cedec ser um centro de pesquisa e ter tido, ao longo de sua história, desde 1976 até hoje – portanto durante mais de 40 anos –, uma história de pesquisas reconhecidas (movimentos sociais, sindicalismo, política internacional, direitos democráticos, instituições e partidos políticos, direitos humanos, questão urbana), para a publicação na revista não houve tratamento especial para a produção do Centro. A abertura para contribuições de todas as partes sempre foi constante e os trabalhos dos pesquisadores do próprio Cedec foram objeto de apreciação de pareceristas externos, como todos. Lua Nova teve seu núcleo composto por professores e pesquisadores das principais universidades de São Paulo, na segunda metade dos anos 1980, sobretudo da USP, também de UNICAMP, PUC/SP, UNESP, dentre outras.
E a distribuição da revista, professor?
Ao falar dos problemas mais importantes da revista falamos da questão financeira e, sobretudo, da questão intelectual. Dissemos dos critérios de seleção dos artigos e dos temas. Mas havia outros problemas, que igualmente preocupavam bastante os que participavam diretamente do trabalho editorial. Como dissemos, um era o do financiamento da revista e o outro a relação com a editora que a produzia tecnicamente. Lembremos que no período em que fui editor, de 1986 a 1990, a revista era apenas impressa, e os meios para sua produção ainda tinham diretamente a ver com gráficas. A primeira editora da Lua Nova foi a editora Brasiliense, que a assumiu já em 1984. Depois, como sabemos, a editora Brasiliense entrou em crise. A segunda editora que aceitou a publicação da Lua Nova foi a editora L&PM de Porto Alegre, com papel destacado para um dos seus responsáveis, Flávio Kutzi. Isso durou pouco mais de um ano, de junho de 1986 a setembro de 1987. Os problemas das editoras e o número relativamente baixo de exemplares vendidos, aproximadamente 500 nesta época, incluindo assinaturas e venda avulsa, terminou levando ao encerramento da relação. Em seguida fizemos algumas outras tentativas, e a edição foi assumida pela Marco Zero, sendo seu diretor Felipe Lindoso. A relação com a editora foi encerrada em dezembro de 1991 por razões semelhantes às surgidas na relação com a L&PM.
A partir desse momento, tendência igual à que ocorreu com todas as publicações científicas no Brasil, o CEDEC passou a editar integralmente a Lua Nova, isso desde janeiro de 1992, sendo editor Gabriel Cohn. O movimento nesta direção percebeu-se e iniciou-se antes. As dificuldades pairavam no ar. A publicação passou a ser administrada diretamente pelo próprio Cedec, o que continua até hoje. Mesmo com o trabalho técnico realizado por uma editora comercial, os custos integrais de preparação eram da instituição. A partir do início dos anos 1990, a publicação deveria encontrar seus meios de financiamento, pois seus custos pesavam diretamente sobre o Centro. As vendas avulsas ou por assinatura sempre se mantiveram abaixo do necessário para a revista se sustentar. A quantidade de exemplares impressos por número no período em que fui o editor foi de 1000, com alguma variação. Isto incluía as necessidades relativas às vendas (assinaturas e avulsas), também os intercâmbios, as doações a bibliotecas, as doações aos pesquisadores, e o estoque. A tendência desde o final dos anos 1980 foi a diminuição das vendas.
Essa tendência foi se consolidando, portanto a ideia de esperar que o faturamento pelas vendas financiasse a publicação foi paulatinamente abandonada. Os recursos advindos por esse caminho foram se esgotando. A partir daí foi crescentemente necessária a busca de fontes públicas, em particular das agências de financiamentos de pesquisas no Brasil como Fapesp, CNPq, CAPES, FINEP. Em alguns casos pequenos financiamentos específicos, da Caixa Econômica Federal por exemplo, ou de empresas ou órgãos públicos e privados. Por esse meio, excepcionalmente tivemos alguma inserção publicitária. Em resumo, os problemas principais eram garantir a qualidade acadêmica-intelectual e garantir a produção da própria revista. Diria que são os problemas de todo editor científico no Brasil, talvez no mundo, ao menos em muitas partes, particularmente na área de Ciências Humanas.
[1] Istituto per le Relazioni tra l’Italia e i Paesi dell’Africa, America Latina e Medio Oriente.
Nota do entrevistado: trata-se de uma entrevista, podem haver imprecisões em dados, fatos, números, nomes. O entrevistado pede antecipadamente desculpas, a memória é, muitas vezes, traiçoeira.
Referência imagética: Léo Ramos Chaves. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/2018/08/20/tullo-vigevani-em-busca-de-autonomia/.