Pensamento político brasileiro e ideologia bolsonarista

Por Cairo Barbosa, Gabriel Mello e Renan Moraes. Durante os quase quatro anos completos do governo de Jair Bolsonaro, o país vivenciou inúmeros episódios de falas antidemocráticas, discursos truculentos, agressão a adversários, desrespeito às instituições e crimes presumidos. Além disso, figuras importantes do bolsonarismo não cessaram de defender a narrativa de que o país vive sob a égide de uma “democracia racial” e de que o governo atual se encontra inequivocamente livre da corrupção. Tais discursos, ainda que produzidos como respostas e reações a situações bastante atuais, remetem também a ideias mobilizadas por diversas tradições do pensamento político brasileiro – incluindo autores como Gilberto Freyre, Raymundo Faoro e Sérgio Buarque de Holanda.

Notas sobre o bonapartismo, o fascismo e o bolsonarismo

Por Bernardo Ricupero
Ao tentarmos decifrar a natureza do que é chamado de bolsonarismo – fenômeno que vai além da liderança de Jair Bolsonaro – talvez seja prudente servir-nos de referências já clássicas. Acredito que as interpretações que mais podem nos ajudar a enfrentar o desafio são as explicações a respeito do bonapartismo e do fascismo.

Matrix bolsonarista para a acumulação sádica do capital

Por Josnei di Carlo

Na passagem do século XX para o XXI, o sucesso da trilogia cinematográfica Matrix levou Gangrena Gasosa, em seu Sarava Metal, a cantar que “Eu não entendi/ Matrix”[3]. A ironia é atual na medida em que o campo democrático e, principalmente, o Partido dos Trabalhadores (PT) não entenderam que não há como criar uma oposição dentro da Matrix bolsonarista.