Ciência com aspas II: político, ideológico, cultural[1]

Por José Szwako. Argumentei na primeira parte deste texto que retóricas, grupos e discursos negacionistas não devem ser rebaixados ao status de primatas pré-lógicos. Ao contrário, a fabricação negacionista de sentidos passa por laços morais e simbólicos que demandam escrutínio mais temperado. Sigamos agora com as últimas implicações da dimensão política, para em seguida ver como aspectos ideológicos e culturais atravessam irremediavelmente a forma pela qual as ciências se tornaram uma arma de peso na artilharia político-discursiva das direitas e das extrema-direitas, embora não somente delas.

Ciência com aspas I: político, ideológico, cultural[1]

Por José Szwako. As ciências entraram no debate político brasileiro sem data para sair. Do Congresso aos movimentos sociais, entre partidos e ativistas, da esquerda à direita, passando por ambos os extremos, chegando às mídias, plataformas e bares, envolvendo e dividindo famílias inteiras no WhatsApp, as ciências são hoje celebradas e hostilizadas, criticadas e relativizadas, hiperdimensionadas e rebaixadas em uma só sentença. Cada um e todos parecem acreditar que dispõem de informação e  conhecimento suficiente para decretar o que é, por exemplo, um Instituto Butantã e por que devemos, ou não, confiar nele assim como em outras instituições e personalidades científicas. No meio disso tudo, de uns tempos para cá, o tal do negacionismo emergiu com força igualmente impressionante no cotidiano, na sociedade civil, na imprensa, no trabalho, nas mídias, na internet, enfim, em nossa vida pública. Vemos grupos de políticos, de artistas, de profissionais liberais (e iliberais também); vemos corporações de médicos e advogados organizados; vemos ainda think tanks, sites e jornais montados por toda sorte de intelectuais e de acadêmicos – munidos com lattes e tudo –; todos bradando palavras de ordem contra autoridades científicas e alegando, de má ou boa-fé, estar em “defesa da ciência” e se dizer contra a “ideologia”.

As ciências e o conhecimento como ameaças

Por Céli Regina Jardim Pinto
Desde que Bolsonaro assumiu a Presidência da República, a educação, a ciência e a cultura têm sofrido um grande desarranjo. A coleção de ministros ineptos, caricatos e até claramente fascistas é prova concreta do desprezo com que estas áreas têm sido vistas pelo governo.

Cientistas Sociais e o coronavírus

Por Rodrigo Toniol
Este texto é parte de uma série de boletins sequenciais sobre o coronavírus e Ciências Sociais que está sendo publicada ao longo das próximas semanas. Trata-se de uma ação conjunta, que reúne a Associação Nacional de Pós-Graduação em Ciências Sociais (ANPOCS), a Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS), a Associação Brasileira de Antropologia (ABA), a Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP) e a Associação dos Cientistas Sociais da Religião do Mercosul (ACSRM). Nos canais oficiais dessas associações estamos circulando textos curtos, que apresentam trabalhos que refletiram sobre epidemias. Esse é um esforço para continuar dando visibilidade ao que produzimos e também de afirmar a relevância dessas ciências para o enfrentamento da crise que estamos atravessando.
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