Ultraconservadorismo católico é parte da erosão democrática brasileira? 

Por Brenda Carranza e Ana Claudia Teixeira. Essa é uma pergunta que nos fizemos numa longa caminhada num parque campineiro. Empolgadas começamos a fazer conexões sobre a possível aproximação performática entre o bolsonarismo e alguns grupos ultraconservadores católicos e nos perguntamos se haveria alguma afinidade que reforça mecanismos de desdemocratização institucional. Mais passeios, mais perguntas, mais associações. Resolvemos, então, juntar as nossas pesquisas e nossas bagagens teóricas, por um lado sócio-antropologia da religião, por outro ciência política. Das caminhadas animadas para as idas e voltas de versões do artigo que virou promessa para socializarmos as nossas reflexões matinais.

O Canto de Sereia do Neo-Fascismo: A Crise da Democracia e a Rearticulação da Lógica Neo-Liberal

Por Rafael R. Ioris. A surpreendente ascensão ao poder de Donald Trump, nos EUA, em 2016, e de Jair Bolsonaro, no Brasil, em 2018, representou não só problemas graves nas estruturas políticas de tais países, como também uma crise mais ampla na lógica de funcionamento da Democracia Liberal, que parece mesmo estar enfrentando hoje um dos seus maiores desafios. Tragicamente, ao invés de oferecer formas reais de atender às demandas por novas e mais eficientes práticas de representação política, tais líderes, e seus similares ao redor do mundo, aceleram a própria crise estrutural em curso.

O reino da mesquinhez

Por André Geraldo Berezuk
Enquanto o senhor ou a senhora lê este texto, árvores estão sendo, na maioria delas, derrubadas para nada útil, e florestas milenares estão sendo queimadas para fins muito menos nobres. Ao mesmo tempo em que estas áreas encontram sendo dizimadas, as chuvas vão sendo impactadas em seu regime e as plantações atingidas paulatinamente, ano a ano (não são as plantações high-tech das commodities, são dos campos de onde provêm o seu alimento)

Acabou, Bolsonaro

Por Bernardo Ricupero
No dia 16 de março, um dia depois de Bolsonaro confraternizar com seus apoiadores numa manifestação contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente foi surpreendido pela observação: “acabou, Bolsonaro”.

Da epidemia como metáfora da corrupção à corrupção da política contra a epidemia

Por Andrei Koerner e  Flávia Schilling
Muito além das metáforas, lidamos agora com uma pandemia real, que desvela como nunca os mundos desiguais e injustos que habitamos. Deixa a nu, como jamais antes, que o objetivo do grupo  alçado ao poder em 2016, o de “destruir tudo isso que está ai”, passou pela destruição e precarização do Sistema Único de Saúde (SUS), do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), do sistema de Ciência e Tecnologia (C&T). Ou seja, de todos os instrumentos potentes de políticas públicas de proteção, duramente construídos nos últimos trinta anos.

A crítica de Habermas na compreensão da judicialização da política brasileira

Por André Augusto Salvador Bezerra
A instabilidade institucional pela qual o país atravessa aponta os efeitos perversos, para a democracia e para a mobilização social que dela decorre, da utilização do Judiciário como instrumento de repressão política.  São simbólicas as condenações contra candidatos a mandatos eletivos, proferidas no decorrer da chamada Operação Lava Jato por um juiz federal que veio a se tornar ministro da Justiça de governo adversário de alguns dos condenados.