Em Curitiba, berço da antipolítica na última década, políticos tradicionais dominam a campanha de 2024 para prefeitura

Por Emerson U. Cervi. Na década passada Curitiba, capital do Paraná, ficou conhecida como o berço do lavajatismo. Foi nela que se desenvolveu o centro da Operação Lava Jato e esta produziu figuras públicas que migraram para a política eleitoral com discurso antipolítica, como o ex-promotor e deputado federal cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Deltan Dalagnol (então Podemos), e o ex-juiz federal e atual senador, Sérgio Moro (União). Ato contínuo, a contraface do lavajatismo, o bolsonarismo político, também se desenvolveu fortemente na cidade e no Estado. Em 2022 o então presidente candidato à reeleição conseguiu 55% de votos no primeiro turno e 64% no segundo turno, em Curitiba. Há uma bancada majoritária bolsonarista na Câmara de Vereadores. O governador Ratinho Jr. (PSD), sempre que pode, faz questão de identificar-se com bolsonaristas. A assembleia legislativa tem grande número de delegados, pastores e policiais militares que se apresentam como bolsonaristas. Por tudo isso, era esperado que nas eleições para prefeitura de Curitiba em 2024 houvesse pelo menos um representante de cada movimento na disputa à prefeitura. Ou, no máximo, um candidato com potencial de votos, representando tanto o bolsonarismo quanto o lavajatismo.