O que as mulheres falam quando falam de água?
Por Camila Fernandes e Camila Pierobon. Neste texto, apresentamos os principais argumentos que mobilizamos no artigo” Cuidar do outro, cuidar da água: gênero e raça na produção da cidade”, publicado na Revista Estudos Avançados (v. 37, n. 107). Partimos da constatação empírica de que a água é distribuída desigualmente pela cidade do Rio de Janeiro e pela região metropolitana. Dessa constatação, elaboramos a seguinte pergunta: quais os efeitos de classe, raça e gênero que o fornecimento diferencial de água produz na vida dos moradores de periferias urbanas? Foi para responder a esta questão que nos juntamos para escrever o artigo.
As políticas públicas de recorte regional em um Brasil federativamente desigual
Por Luciléia A. Colombo. O objetivo central desta nota é oferecer algumas considerações sobre a relação estabelecida entre federalismo e a sua influência sobre as políticas públicas, em especial as de recorte regional. Considerando que todos os governos, direta ou indiretamente, utilizaram mecanismos para contenção do avanço das desigualdades, é necessário, ainda que de forma descritiva, localizar a maneira como estas agendas foram construídas ao longo do tempo, no Brasil.
O trade-off entre igualdade e eficiência na teoria da justiça de John Rawls
Por Ulysses Ferraz. A importância de se refletir sobre argumentos econômicos à luz da teoria da justiça de Rawls tem um sentido mais negativo do que positivo, ou seja, serve para afastar argumentos pretensamente científicos que não discutem a justiça ou injustiça das políticas de redução da desigualdade, mas procuram descartá-las a priori em razão de uma alegada impossibilidade fática ou ingenuidade utópica de toda e qualquer pretensão igualitária. Portanto, compreender que o alegado trade-off entre igualdade eficiência é no mínimo controverso, e não desfruta de nenhum consenso científico, tem o mérito de remover possíveis obstáculos epistêmicos ou ideológicos às perspectivas igualitárias de justiça e ratificar a força dos argumentos normativos no seio desse debate.
Desigualdade e sucesso eleitoral de mulheres negras
Por Diana de Azeredo. A cada cem candidatas negras, apenas quatro foram eleitas vereadoras em 2020. Essa média dos 5.568 municípios brasileiros sobe para seis quando as pessoas que concorrem são mulheres brancas, para treze no caso de homens negros e para dezesseis se homens brancos. Embora os dados sinalizem a diminuição das taxas de sucesso dos brancos entre 2016 e 2020, as possibilidades de vitória para negros e brancas não mudaram significativamente e as chances de candidatas negras permaneceram inalteradas nos índices mais baixos. Esses são os resultados preliminares da pesquisa apresentada no VII Fórum Brasileiro de Pós-Graduação em Ciência Política em fevereiro deste ano.
Covid-19 no Brasil e nos EUA e a normalização da barbárie
Por Rafael R. Ioris
Uma nova versão de coronavírus (Covid-19), que vem se disseminando ao redor do mundo nos últimos meses, tem forçado novos arranjos produtivos, políticos e culturais como talvez somente tenha ocorrido ao final da Segunda Guerra Mundial
Ensaio bibliográfico – O grupo Demodê e algumas de suas contribuições para o debate sobre democracia e desigualdades
Por Rayani Mariano
No momento em que o Brasil e outros países enfrentam a ascensão de presidentes e grupos que buscam retirar direitos de mulheres, negros, LGBTI+, imigrantes e trabalhadores/as, adquire uma relevância ainda maior discutir de que forma o conhecimento e a produção relacionada à democracia e suas desigualdades tem se desenvolvido.