Possibilidades e limites para a participação social no G20 Brasil

Por Gilberto França, Alina Ribeiro e Carolina Albuquerque Silva. O Brasil assumiu a presidência do G20 Financeiro em primeiro de dezembro de 2023 e o seu mandato terminará na Cúpula que será realizada em novembro de 2024 no Rio de Janeiro. O governo Lula definiu três prioridades: combate à fome, pobreza e desigualdade; desenvolvimento sustentável; e a reforma da governança global (G20, 2024a). Uma novidade na organização do G20 no Brasil foi a criação do G20 Social, como espaço para agregar os 13 Grupos de Engajamentos (GEs) já existentes, por meio do qual ocorre a participação das Organizações da Sociedade Civil (OSC).

O que o samba e o regime militar têm me ensinado sobre o “mistério” do racismo no Brasil

Por Stephen Bocskay. Deveria ser um fato mais do que evidente que o samba “indiscutivelmente esteve durante todo o século passado e até os dias de hoje estreitamente identificado como uma prática cultivada majoritariamente por negros” (Trotta, 2011, p. 75). No entanto, muitos livros e artigos sobre o gênero, quando não exaltam a cordialidade das relações raciais no Brasil e a importância da intelectualidade brasileira, escamoteiam a formação da história social do negro. Esse, a meu ver, é um impedimento significativo nos estudos sobre samba — um ritmo forjado por mãos negras. Felizmente pesquisadores negros como Muniz Sodré (1979), Nei Lopes (1981, 1992, 2005) e Spirito Santo (2011), por exemplo, têm sido fundamentais na nossa compreensão da história do samba a contrapelo, isto é, através de suas heranças africanas e suas articulações no cotidiano brasileiro.

Fatores de sucesso em candidaturas coletivas de mulheres na região Sul

Por Brenda Gonçalves Andujas. O artigo de minha autoria, intitulado Fatores de sucesso em candidaturas coletivas de mulheres, publicado na revista Almanaque de Ciência Política em dezembro de 2023, teve como objetivo realizar uma análise do desempenho das candidaturas coletivas de mulheres em comparação aos candidatos lançados pelos mesmos partidos políticos nas três capitais da Região Sul do Brasil na eleição de 2020. Para isso, foi realizada a análise do perfil socioeconômico dos candidatos lançados pelo PT, PCdoB e PSOL, que foram os partidos que lançaram as candidaturas coletivas nestas capitais na eleição municipal de 2020, bem como os recursos financeiros disponíveis para campanha destes atores políticos e trajetória política e partidária dos vereadores eleitos nestes partidos. Vimos que as candidaturas coletivas de mulheres podem ser vistas como uma tentativa de ocupação dos espaços de poder, aumentando a representação das mulheres na política institucional, fortalecendo as candidaturas coletivas por meio da união das co-candidatas que vêm de diferentes lugares, movimentos e coletivos.

Resenha de “Marx Selvagem”, de Jean Tible (Autonomia Literária, 2020)

Por Fábio Nogueira. Na aridez que por vezes assume o debate intelectual e acadêmico, conferindo a este o que o cantor Cazuza chamou de “museu de grandes novidades”[2], Jean Tible propõe um encontro tão improvável quanto necessário entre Marx com a América Indígena. O livro está em dividido em quatro capítulos: o primeiro dedica-se a construir o encontro de Marx com a América Indígena; o segundo analisa os escritos de Marx e Engels, em especial sobre a Comuna rural russa (mir) e os Cadernos Etnológicos, que se dedicaram às sociedades não europeias; o terceiro se concentra nos diálogos entre Marx e Clastres e, por fim, o quarto e último capítulo estuda as cosmopolíticas ameríndias.

Relato de Evento: “Muita… E pouca… Os males do Brasil são”

Por Igor de Carvalho Leocadio. Tomando a fala de Macunaíma “muita saúva e pouca saúde, os males do Brasil são” como inspiração, o professor João Antônio de Paula (UFMG) elaborou o texto “muita… e pouca… os males do Brasil são”: contradições da formação social brasileira, que serviu de base para a discussão da mesa de mesmo nome e sobre o qual ele discorreu na primeira parte do debate realizado dia 31 de agosto de 2023 pelo Fórum Permanente de Discussão do Projeto Pró-humanidades, Democracia, Desenvolvimento e Direitos (3D): desafios do Tempo Presente, com mediação do professor José Artigas (UFPB).

O G20 Sob a Presidência Brasileira: Governança Global e a Crise Climática

Por Carlos Siqueira e Edir Veiga. A próxima Cúpula do G20 Financeiro que será realizada nos dias 18 e 19 de novembro de 2024 no Rio de Janeiro (Brasil) terá como foco três temas: combate à fome e pobreza, mudanças climáticas e reforma da governança global. O governo Lula tende a utilizar a Cúpula para projetar a sua política externa. Desses três temas, o ambiental é o que tem recebido mais destaque internacional no terceiro mandato do presidente Lula. O Brasil assumiu a presidência do G20 compreendendo não só a dinâmica entre atores globais, mas também como uma oportunidade no exercício dessa presidência, influenciar o comportamento dos atores estatais a partir de uma das principais pautas na atualidade: a agenda ambiental com foco na crise climática, uma vez que é indiscutível sua liderança nesta temática.

From reinvention to reproduction of civic activism: Portugal’s anti-austerity social movements on Facebook

Por João Carlos de Sousa. Portugal’s socio-political landscape in the early 2010s was characterized by the aftermath of the 2008 financial crisis and the widespread use of digital social networks. The period saw unprecedented civic mobilization, resembling international movements such as the Indignados in Spain and Occupy in the USA. In Portugal, movements like “Geração à Rasca” and “Que se Lixe a Troika” reflected a significant period of social conflict, primarily opposing austerity measures.

Política Subnacional na América Latina: um relato do II Seminário Internacional da REPSAL

Por Juliana Aparecida Sousa Carvalho. O II Seminário de Política Subnacional na América Latina foi realizado nos dias 23 e 24 de novembro de 2023, na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Organizado pela Rede de Estudos de Política Subnacional na América Latina (REPSAL) e pelo Núcleo de Estudos sobre Política Local (NEPOL), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais do Instituto de Ciências Humanas da UFJF, o seminário foi financiado pela CAPES e pela Fapemig[2], e teve como objetivo difundir as pesquisas dos membros da rede e demais interessados/as no estudo da política subnacional e gerar um espaço para o intercâmbio de ideias. Assim, contou com participantes de dez países – Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Paraguai, Peru,  México e Uruguai.

Raymond Aron recusou panaceia de livre mercado e buscou liberalismo político 

Por Felipe Freller. Em 17 de outubro de 1983, morria o filósofo e sociólogo francês Raymond Aron (1905-1983), um dos principais pensadores liberais do século 20. Quarenta anos depois, sua obra permanece importante para a teoria política, a filosofia da história, a sociologia e a teoria das relações internacionais, mas seu nome parece, estranhamente, distante dos principais movimentos intelectuais e políticos que reivindicam o liberalismo. Algo a se lamentar e a se buscar compreender. 

Rua das Mulheres-Mãe

Por Lucas Gabriel F. Costa. Esse conto teve sua primeira versão escrita como uma atividade da disciplina “Tópicos Avançados: Trabalho e Sociedade” que cursei no mestrado em Sociologia na Universidade Federal de Goiás, em 2021. Motivado pela oportuna e feliz notícia sobre o tema da redação do ENEM de 2023, “Desafios para o Enfrentamento da Invisibilidade do Trabalho de Cuidado Realizado pela Mulher no Brasil”, busquei revisar e ampliar umas das poucas incursões criativas que a faculdade me permitiu fazer sentado na cadeira de “aprendiz de cientista”.