A Agenda dos Direitos na Campanha Eleitoral para a Prefeitura do Rio de Janeiro em 2024

Por Marcia Ribeiro Dias. A campanha eleitoral à prefeitura das cidades brasileiras em 2024 tem sido dominada pela animosidade entre candidatos, acusações mútuas e até mesmo violência física, tendo a principal capital brasileira, São Paulo, como palco central de um espetáculo dantesco. A dimensão propositiva dos debates entre candidatos tem sido praticamente nula, sendo esse espaço dominado pela campanha negativa e pela tentativa incessante de cada uma das candidaturas de desqualificar seus adversários.
Relato do evento: “Oficinas de Formação do Desjus: Orçamento Público e Combate às Desigualdades”

Por Wanderson F. Souza. O orçamento público é um instrumento crucial na distribuição e redistribuição de recursos dentro de uma sociedade. No Brasil, um país marcado por profundas desigualdades sociais, econômicas, raciais e de gênero, ele pode desempenhar um papel essencial na correção de desequilíbrios e desigualdades estruturais históricas.
Manaus, Eleições 2024 – A Imagem feminina em candidaturas masculinas: a pseudo-ideia do fim da desigualdade de gênero no campo político

Michelle de Souza Vale[1] 25 de setembro de 2024 Marcando as eleições municipais de 2024, o Boletim Lua Nova convidou pesquisadoras e pesquisadores de diferentes capitais do Brasil para analisarem e comentarem sobre o pleito em suas cidades. Os textos desta série especial podem ser encontrados aqui. Não é algo novo ver mulheres candidatas como […]
O G20 e a reconfiguração da ordem internacional no século XXI

Vinicius Ruiz Albino de Freitas. A reforma da governança global é uma das principais agendas do G20 Financeiro. E a ordem liberal criada após a II Guerra Mundial sob a hegemonia dos Estados Unidos (EUA) já não corresponde à realidade geopolítica do século XXI. O Ocidente já não pode oferecer “bens coletivos internacionais” como outrora. O Órgão de Solução de Controvérsias (OSC) da Organização Mundial do Comércio (OMC) está paralisado desde o governo Donald Trump (2017-2021), e essa situação segue no governo Biden. O aniversário de trinta anos da OMC está marcado pelas medidas protecionistas dos EUA, que retomou de forma explícita suas políticas industriais.
A disputa à prefeitura em Goiânia: entre o não à reeleição e a divisão do eleitorado

Por Camila Romero Lameirão. A ocorrência de eleições municipais costuma fomentar o interesse, no debate público e acadêmico, sobre o papel e a importância do governo local no âmbito da federação brasileira. Assim, a disputa marca um período de discussão sobre as competências do município e o escopo de suas ações em diferentes áreas, como educação, saúde, mobilidade, meio ambiente, geração de emprego, ordenamento do território, entre outras. Trata-se de um evento que direciona a atenção dos principais veículos de comunicação, e da população, em geral, para a política local, em um país cujo centro da cobertura é correntemente a política nacional. Esta oportunidade permite que se aborde e difunda para um público mais amplo, além de algumas características da disputa eleitoral nos municípios, o contexto sob o qual ocorre a competição. Adiante, é sobre isso que pretendo tratar, tendo como objeto o maior município da região centro-oeste do Brasil.
Em Curitiba, berço da antipolítica na última década, políticos tradicionais dominam a campanha de 2024 para prefeitura

Por Emerson U. Cervi. Na década passada Curitiba, capital do Paraná, ficou conhecida como o berço do lavajatismo. Foi nela que se desenvolveu o centro da Operação Lava Jato e esta produziu figuras públicas que migraram para a política eleitoral com discurso antipolítica, como o ex-promotor e deputado federal cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Deltan Dalagnol (então Podemos), e o ex-juiz federal e atual senador, Sérgio Moro (União). Ato contínuo, a contraface do lavajatismo, o bolsonarismo político, também se desenvolveu fortemente na cidade e no Estado. Em 2022 o então presidente candidato à reeleição conseguiu 55% de votos no primeiro turno e 64% no segundo turno, em Curitiba. Há uma bancada majoritária bolsonarista na Câmara de Vereadores. O governador Ratinho Jr. (PSD), sempre que pode, faz questão de identificar-se com bolsonaristas. A assembleia legislativa tem grande número de delegados, pastores e policiais militares que se apresentam como bolsonaristas. Por tudo isso, era esperado que nas eleições para prefeitura de Curitiba em 2024 houvesse pelo menos um representante de cada movimento na disputa à prefeitura. Ou, no máximo, um candidato com potencial de votos, representando tanto o bolsonarismo quanto o lavajatismo.
A imagem a serviço do poder – O pioneirismo no marketing político na campanha audiovisual de Getúlio Vargas à presidência

Por Eduardo Gomes. Vivemos em um mundo de imagens que estão para explicar a complexidade deste mundo (Flusser, 2002). Com o avanço dos estudos em comunicação, onde desdobramos acerca da intencionalidade do uso das imagens, onde procura-se esvaziar o caráter da subjetividade em prol de um discurso literal, tangível (Silva & Chaia, 2016), Cañel (1999) reflete que os estudos centralizados em comunicação política proporcionam a mediação da mensagem realizada pelos meios de comunicação e as imagens fornecidas. Para Wolton (1995), o campo abrange examinar tanto os meios como as sondagens, em especial nos períodos de disputas eleitorais.
Oficinas de Formação DesJus 2024: Justiça Social, Questão Climática e Questão Habitacional: Três Temas, uma só Agenda

Por Jonathan Mendo. As recentes catástrofes ambientais, como as enchentes do Rio Grande Sul e as queimadas no interior de São Paulo, têm empurrado a questão climática para o centro do debate político envolvendo as eleições municipais de 2024. Isto poderia ser analisado como algo positivo, já que as mudanças do clima têm demandado cada vez mais uma ação coordenada do poder público para a mitigação e a adaptação dos seus efeitos sobre nossas vidas. Mas a verdade é que essas questões já eram urgentes muito antes dessas catástrofes, alertadas por especialistas e acadêmicos estudiosos da questão e infelizmente negligenciada pelo poder público em âmbito regional, nacional e global.
O Brasil na presidência do G20 e a iniciativa de bioeconomia

Por Isaías Albertin de Moraes. Em 1º de dezembro de 2023, o Brasil assumiu a presidência do G20 com o lema “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável”. O G20, criado em 1999, é composto pelas dezenove maiores economias do mundo, além da União Europeia. Durante a Cúpula realizada em outubro de 2022 em Nova Déli, na Índia, o grupo foi expandido para incluir os 55 países da União Africana. O G20 responde por cerca de 90% do PIB mundial, 80% do comércio internacional e 2/3 da população mundial. O G20 não é uma organização internacional formal, o que significa que não conta com um secretariado permanente ou recursos próprios. Sua presidência é rotativa e acontece anualmente. Desde 2011, os líderes (chefes de Estado e de Governo) do G20 se reúnem anualmente.
Marxismo negro: a revolução intelectual do Caribe

Por Petrônio Domingues e Fábio Nogueira de Oliveira. A população da diáspora africana cumpriu um papel basilar na história do capitalismo. Coagido e transportado desumanamente para a América por meio do tráfico transatlântico a partir do século XVI, esse segmento populacional constituiu parte crucial da economia colonial exportadora. Sem a exploração do trabalho escravo de milhões de africanos e africanas no chamado Novo Mundo e o escoamento da riqueza material por eles produzida para a Europa, dificilmente poderiam ter desenvolvido as condições objetivas para o advento, tanto da Revolução Industrial no Velho Continente, quanto do capitalismo como sistema mundial.