O Estadista e o Autocrata Delirante (Parte III)

Por Tatiana Teixeira. À semelhança do que aconteceu nas participações do presidente Donald Trump na AGNU durante seu primeiro mandato (2017-2021), o discurso se dirigiu, mormente, para sua fiel base eleitoral. Desta vez, também foi destinado à extrema direita dos países europeus, tomados por violentos protestos antimigração nas últimas semanas. Tendo ambos os públicos como seus principais alvos, o roteiro seguiu o estilo informal de um comício de campanha. Nele, o malabarismo retórico agrega elementos heroicos e apelativos de carga emocional e de fácil digestão, expressos por meio de um vocabulário simples e do tom acusatório, com ataques a tudo e a todos. Aqui, precisão e correção das informações ficam em plano algum.

O Estadista e o Autocrata Delirante (Parte II)

Por Tatiana Teixeira. O pronunciamento de Lula na ONU ressoou, de forma coerente, o também histórico discurso de sua vitória eleitoral, em 30 de outubro de 2022. Passados quatro anos de extrema direita no Planalto, a mensagem do então recém-eleito presidente era a de que, primeiramente, precisaríamos reconstruir a confiança dentro e fora de casa, recuperando nossa credibilidade, previsibilidade e legitimidade com nossos parceiros internacionais.

O Estadista e o Autocrata Delirante (Parte I)

Tatiana Teixeira[1] 4 de outubro de 2025             Em parceria com o Observatório Político dos Estados Unidos (OPEU), o Boletim Lua Nova republica a análise em três partes sobre os discursos dos Presidentes Lula e Trump na Assembleia Geral das Nações Unidas. O texto foi originalmente publicado em 25 de setembro de 2025, no site […]

Segurança, morte e capitalismo: as empresas militares privadas entre a primazia dos EUA no Oriente Médio e a busca incessante por lucros

Por João Fernando Finazzi, Clara Westin e Victoria Ferreira. Ao refletirmos sobre a primazia dos EUA e a ocorrência de várias guerras no Oriente Médio, por vezes tendemos a observar os conflitos armados como momentos de ruptura, insistindo em classificá-los como acontecimentos tão indesejados quanto excepcionais. Durante as guerras, jornais e institutos de pesquisa expõem com frequência os custos econômicos causados pela destruição, enquanto muitos analistas ponderam as falhas cometidas pelos EUA em garantir uma ordem pacífica e estável na região.

MEMÓRIAS DO GENOCÍDIO ARMÊNIO E SEU IMPACTO NAS RELAÇÕES TURCO-ESTADUNIDENSE

Beatriz Lupetti1 Mariana Boujikian2 Tito Lívio Barcellos Pereira3 3 de setembro de 2025 Memorial do genocídio armênio em Ierevan. (Acervo pessoal, Mariana Boujikian) No dia 24 de abril de 2025, o governo da República da Armênia relembrou os 110 anos do genocídio sofrido pelo seu povo. As autoridades políticas do país, membros da sociedade civil […]

Os Estados Unidos e a Guerra na Ucrânia

Por Paulo Bittencourt. Setembro marcou 19 meses do início da ofensiva russa à Ucrânia. Mais uma vez, o O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Estudos sobre os Estados Unidos (INCT-INEU), atento aos desdobramentos dos eventos políticos na região, mostrou sua vivacidade em um debate de alto nível, subsidiado pelo texto do professor Sebastião Velasco e Cruz, da Unicamp. Além do autor, participaram também da mesa os professores Marco Cepik (UFRGS), Augusto Teixeira (UFPB) e Giorgio Romano Schutte (UFABC). A mediação ficou a cargo do professor Tullo Vigevani (Unesp), ressaltando a importância do debate em questão e especificamente do texto do professor Velasco, uma vez que se faz necessária uma análise do tema problematizando-o no contexto das grandes perspectivas das Relações Internacionais.

Corrupção Judicial e o Encastelamento dos Juízes da Suprema Corte nos EUA

Por Celly Cook Inatomi. No dia 20 de julho, a Comissão do Judiciário no Senado aprovou o projeto de lei que visa a estabelecer um Código de Ética a ser seguido pelos juízes da Suprema Corte, o Supreme Court Ethics, Recusal, and Transparency Act, de autoria do senador democrata Sheldon Whitehouse (D-RI). Em uma votação marcadamente dividida, com 11 votos democratas contra 10 republicanos, a aprovação do projeto constitui, sem dúvida, uma sinalização importante para estabelecer um mínimo de accountability da Corte. Contudo, a forte obstrução por parte de republicanos no chão do Senado e da Câmara dos Representantes tornará sua derrota quase que uma certeza. Para alguns congressistas, inclusive, a proposta já nasce morta.

DACA e suas Subjetividades: uma luta contínua por direitos

Por Andréia Fressatti Cardoso. Tomando emprestado de Hannah Arendt (1973), quem tem o direito a ter direitos? Esta pergunta nos leva a debater o significado de “cidadania”, especialmente quando a distância entre cidadão e não-cidadão é evidenciada por políticas públicas e decisões políticas que tendem a excluir algumas pessoas, como aquelas que são indocumentadas, ou quando ajustes temporários são colocados para responderem a demandas por direitos sem, ao menos legalmente, reconhecê-los. Este último é o caso do Deferred Action for Childhood Arrivals (DACA) nos Estados Unidos.

A ‘Guerra de Ideias’ no regime de conhecimento estadunidense: uma análise a partir dos Think Tanks ideológicos

Por Laura P. Barbosa. Analistas de Relações Internacionais estão acostumados a considerar que a formulação de política externa se subordina essencialmente a aspectos estruturais do sistema internacional, os quais impõem aos Estados determinados caminhos e possibilidades de atuação . Minha pesquisa busca iluminar um ângulo diferente da formação da política externa: os atores que promovem suas visões de mundo, apontam para problemas, sugerem soluções e buscam direcionar o posicionamento de um país no cenário internacional. Ao conjunto desses atores, que compõem a elite política que se organiza em institutos, grupos e associações, Campbell e Pedersen (2014) dão o nome de “Regimes de Conhecimento”.