Vigiar e punir, 50 anos: um livro eficaz como uma bomba e bonito como fogos de artifício

Por Acácio Augusto. Hoje, o nome de Michel Foucault goza de grande prestígio nas universidades em todo o planeta, com particular impacto nas Américas, do sul ao norte. Li em algum lugar, não me lembro onde, que ele é o autor mais citado no mundo, segundo o índice do Google Scholar[2]. Há mais 360 mil citações nos últimos 4 anos, quase um milhão e meio no total. “Discipline and punish”, assim, em inglês mesmo, está no topo com quase 120 mil citações[3]. Isso diz pouco (ou nada) sobre a importância e o impacto da obra e da ação do filósofo francês desde o pós II Guerra europeia no mundo. Encerra em si também uma espécie de ironia involuntária: os livros, ditos e escritos que destrincharam de forma tão contundente e mordaz as tecnologias de poder modernas e contemporâneas estão todos enquadrados no índice criado por uma big-tech que governa a produção contemporânea do saber dentro e fora da universidade. Uma universidade que, ao menos no Brasil (sabemos que não só), é totalmente governada pela lógica algorítmica e tem toda sua produção de saber presa em bancos de dados e submetidas a índices de medição operados por Inteligência Artificial (IA).

Entre Foucault e Nussbaum: As Pessoas com Deficiência na Sociedade

Por Erika Neder dos Santos. A história das pessoas com deficiência é marcada por séculos de marginalização e exclusão social. Por muito tempo, elas foram consideradas incapazes de contribuir para a sociedade e, por isso, foram relegadas a uma posição de inferioridade e dependência. No entanto, pode-se dizer que, nas últimas décadas, movimentos sociais em defesa dos direitos das pessoas com deficiência têm buscado mudar essa realidade. Duas das principais correntes teóricas que influenciaram esse movimento foram os pensamentos de Michel Foucault e Martha Nussbaum.

Em busca de um método: crítica social entre passado, presente e futuro

Por Gustavo F. Lima e Silva. Esse trecho de uma entrevista concedida por Michel Foucault nos anos 1970 é frequentemente invocado por aqueles que desejam se utilizar dos arquivos do pensamento político clássico, moderno e contemporâneo para o desenvolvimento de uma crítica social do tempo presente . Os textos do passado, segundo uma conhecida metáfora, poderiam ser mobilizados como uma “caixa de ferramentas”, de modo que conceitos, análises e métodos seriam presentemente mobilizados, ainda que apartados de seu contexto e até mesmo de seu sentido original. É interessante pontuar, entretanto, que tal figuração da entrevista de Foucault depende, ela mesma, de um exercício radical de descontextualização.