As cidades no G20 e a importância de uma perspectiva territorial para avanços nas agendas

Por Daniel A. de Azevedo e Pablo Ibañez. A Cúpula do G20 Financeiro no Brasil ocorre em meio a um momento extremamente delicado do sistema internacional. Além das duas guerras em curso, na Ucrânia e em Gaza, as tensões envolvendo médias e grandes potências têm aumentado, gerando uma ruptura daquilo que conhecemos como globalização. Hoje, teses sobre um processo de desglobalização já estão sendo cada vez mais discutidas, como o trabalho de Rajan (2023) bem evidenciou. Ainda que não haja um consenso entre os analistas, a “parceria sem limites” firmada entre China e Rússia, assim como as crescentes ações em bloco que países têm realizado, a exemplo do uso cada vez mais comum de sanções econômicas, elevam o grau de incerteza sobre como a geopolítica contemporânea lida com o complexo jogo de interesses globais. O que se sabe é que o sistema como conhecemos está em rearranjo.

Trabalho no neoliberalismo ultra-tardio e o G20 Financeiro

Por Jörg Nowak. A agenda do G20 Financeiro especificamente na área do trabalho, estabeleceu um foco em quatro pontos: 1) criação de emprego e trabalho decente; 2) transição justa; 3) tecnologia e bem-estar e 4) diversidade e desigualdade de gênero no local de trabalho. Conforme relatado na Folha de S. Paulo, a área com os debates mais avançados é a última, que pretende se basear na recente Lei da Igualdade Salarial brasileira, que impõe salários iguais para a mesma função para trabalhadores do sexo masculino e feminino. O fato de a lei brasileira ser vista como um protótipo emblemático já indica que, provavelmente, haverá apenas avanços simbólicos na área do trabalho na agenda do G-20.

O G20 Sob a Presidência Brasileira: Governança Global e a Crise Climática

Por Carlos Siqueira e Edir Veiga. A próxima Cúpula do G20 Financeiro que será realizada nos dias 18 e 19 de novembro de 2024 no Rio de Janeiro (Brasil) terá como foco três temas: combate à fome e pobreza, mudanças climáticas e reforma da governança global. O governo Lula tende a utilizar a Cúpula para projetar a sua política externa. Desses três temas, o ambiental é o que tem recebido mais destaque internacional no terceiro mandato do presidente Lula. O Brasil assumiu a presidência do G20 compreendendo não só a dinâmica entre atores globais, mas também como uma oportunidade no exercício dessa presidência, influenciar o comportamento dos atores estatais a partir de uma das principais pautas na atualidade: a agenda ambiental com foco na crise climática, uma vez que é indiscutível sua liderança nesta temática.

O Brasil na presidência do G20 Financeiro: agendas, dinâmicas e desafios

Por Jefferson Estevo e Alina Ribeiro. O Brasil assumiu a presidência do G20 Financeiro em primeiro de dezembro de 2023 com o lema “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável”. Criado em 1999, o grupo é formado pelas dezenove maiores economias do mundo mais a União Europeia. Na Cúpula do Grupo, realizada em outubro de 2022 em Nova Déli (Índia), os 55 países da União Africana passaram a integrá-lo. O Brasil definiu como pilares da sua presidência três eixos: a luta contra a pobreza e a fome, o enfrentamento das mudanças climáticas e a reforma da governança global. Estão previstas cem reuniões oficiais, sendo vinte delas ministeriais e outras cinquenta de alto nível, além de eventos paralelos. Todo esse trabalho culminará na 19ª Cúpula de Chefes de Estado e governo do G20 (Brasil, 2023a), em novembro de 2024 no Rio de Janeiro.