Para Além da Politics: a Influência de grupos Evangélicos na Política de Segurança Pública
Por Ana Claudia Cortez e Rodrigo Duque Estrada Campos. O lugar da religião no espaço público brasileiro permanece um tema contestado e pouco compreendido. Movido não apenas por mudanças demográficas, mas também por articulações políticas da chamada Direita Cristã desde a redemocratização (Pierucci, 1987; Lacerda, 2019), o país vem testemunhando uma profunda inflexão nos últimos anos, colocando em xeque os pilares do que comumente entendemos por laicidade, isto é, a separação entre religião e esfera pública. No Brasil, as instituições religiosas possuem maior capacidade de mobilização social do que outras instituições de natureza associativa, como partidos ou sindicatos, e a população confia mais nas instituições religiosas e menos nas instituições do sistema democrático (Gonzáles et al., 2021). A eleição de Jair Bolsonaro em 2018, que reuniu uma plataforma de extrema-direita fortemente marcada pela mistura entre moralismo cristão, punitivismo e neoliberalismo, pode ser considerada um sintoma da capilaridade religiosa na política.