O trade-off entre igualdade e eficiência na teoria da justiça de John Rawls
Por Ulysses Ferraz. A importância de se refletir sobre argumentos econômicos à luz da teoria da justiça de Rawls tem um sentido mais negativo do que positivo, ou seja, serve para afastar argumentos pretensamente científicos que não discutem a justiça ou injustiça das políticas de redução da desigualdade, mas procuram descartá-las a priori em razão de uma alegada impossibilidade fática ou ingenuidade utópica de toda e qualquer pretensão igualitária. Portanto, compreender que o alegado trade-off entre igualdade eficiência é no mínimo controverso, e não desfruta de nenhum consenso científico, tem o mérito de remover possíveis obstáculos epistêmicos ou ideológicos às perspectivas igualitárias de justiça e ratificar a força dos argumentos normativos no seio desse debate.
A resposta de John Rawls às críticas libertarianas de Robert Nozick
Por Ulysses Ferraz. Na concepção de Rawls, todos os cidadãos são autônomos para perseguir suas concepções razoáveis de bem e possuem uma responsabilidade social de cooperar para a construção de uma sociedade justa em que cada um de seus membros seja tratado substantivamente como livre e igual. Isso produz uma circularidade virtuosa em que a reciprocidade entre cidadãos livres e iguais assegura a autonomia individual que, por sua vez, reforça a cooperação social.
O conceito de propriedade e a liberdade econômica em John Rawls
Por Ulysses Ferraz. Sem a institucionalização de um princípio como o da diferença, que garanta o valor equitativo das liberdades básicas – associado à garantia de um mínimo social substancial capaz de prover uma cesta de bens primários suficientes para uma vida digna -, as liberdades formais, ainda que necessárias, tendem a ser reduzidas a uma ilusão em que apenas os mais favorecidos economicamente podem desfrutá-las. Em suma, para Rawls, o que viola as liberdades fundamentais é não se comprometer a garanti-las pelo seu valor equitativo.