A liberdade libertariana de Robert Nozick em face da sustentabilidade ambiental
Por Ulysses Ferraz e San Romanelli Assumpção. Um dos modos de se verificar o valor prático de uma teoria da justiça abstrata é indagar se ela fornece algum tipo de resposta para problemas que não havia abordado expressamente ou se é pressionada de modo fatal por tais problemas. Nesse sentido, o objetivo deste breve ensaio em homenagem aos 50 anos da publicação de Anarquia, estado e utopia (1974), do filósofo Robert Nozick (1938-2002), é questionar, ainda que de forma sucinta e preliminar, o papel da concepção de liberdade, implicada na teoria da titularidade nozickiana, diante dos imperativos de sustentabilidade de nosso tempo. A noção de sustentabilidade pode ser considerada como uma espécie de ideal social ou político, que emerge com as questões ambientais a serem enfrentadas no século XXI. Segundo Steven Vanderheiden (2020), a crise associada à capacidade finita do planeta de gerar os bens e serviços ecológicos dos quais as sociedades humanas dependem, exige uma reavaliação ampla do papel que os ideais sociais e políticos, tais como liberdade e igualdade ou democracia, desempenham na orientação da vida coletiva. Para Vanderheiden (Ibid.), quaisquer que sejam seus ideais normativos, uma boa sociedade deve ser sustentável se quiser persistir ao longo do tempo.