As contradições do “Idealismo Wilsoniano”: autodeterminação dos povos e colonialismo (parte 2)
Por Carlos Eduardo R. Landim. Na primeira seção deste escrito, buscou-se situar as ideias com as quais Woodrow Wilson esteve em constante diálogo e que, em grande medida, moldaram sua prática política. Em contraponto a visão dominante que projeta nesse período histórico um ethos emancipatório assentado no internacionalismo liberal wilsoniano, buscamos sustentar que a prática política de Wilson operou como um projeto de reorganização do sistema internacional movido pela prática do colonialismo. Nesta parte, serão evidenciados os traços da política externa wilsoniana, sustentando que um exame sistemático de suas ideias e de sua prática política não permite afirmar que houve uma falência de um projeto do seu projeto “idealista”, como apontado pelos realistas, mas na realidade, tal projeto nunca foi perseguido por Wilson.
As contradições do “Idealismo Wilsoniano”: autodeterminação dos povos e colonialismo (parte 1)
Por Carlos Eduardo R. Landim. As guerras são eventos catastróficos que não apenas ceifam vidas e destroem propriedades, mas transformam substantivamente ordens estabelecidas fundadas em normas, ideias e percepções atuantes como consciência prática inevitável em um Sistema Internacional movido por interesses colidentes. Com a Primeira Guerra Mundial não foi diferente. Há um consenso na literatura de que esse evento sinalizou um ponto de inflexão crucial nas relações internacionais. A drástica mudança representada pelo declínio da Pax Britannica e pela ascensão dos Estados Unidos da América como líder do internacionalismo liberal conduziu a uma nova espacialização do mundo, ditado pela reconfiguração dos antigos domínios imperiais e coloniais das potências europeias.