A tensão entre conceitos e fatos na história a partir da abordagem de Koselleck
Por Ana Paula Bulgarelli. Em História dos conceitos e história social (2006), Koselleck chama a atenção do leitor para a tensão existente entre os conceitos e os fatos sociais, refletida também na relação entre a história dos conceitos e a história social. Essa tensão decorreria do fato de que os conceitos não estabelecem uma relação de identidade com os fatos, isto é, não consistem numa mera “tradução linguística” das experiências concretas, como se houvesse uma convergência perfeita entre as palavras e as coisas. Ao contrário, apesar de os conceitos políticos e sociais terem sempre a pretensão de corresponder às estruturas existentes na realidade empírica, essa correspondência é muitas vezes tensa, posto que envolve relações bastante complexas.
Da possibilidade e da utilidade de uma história dos conceitos; e de sua aplicação ao termo “cético”
Por Mateus Matos Tormin. No texto Uma história dos conceitos: problemas teóricos e práticos, Reinhart Koselleck aborda seis pontos teóricos relativos à história dos conceitos. Interessa-me, mais especificamente, a tese que surge em meio à discussão do quarto ponto proposto por Koselleck: “a diacronia está contida na sincronia” (1992, p. 141). Essa tese surge como resposta a “críticas fulminantes”, feitas à seguinte afirmação de Koselleck: “todo conceito só pode enquanto tal ser pensado e falado/expressado uma única vez. O que significa dizer que sua formulação teórica/abstrata relaciona-se a uma situação concreta que é única” (1992, p. 138). Ora, o compromisso com essa tese não tornaria inviável a própria atividade da história dos conceitos?