A despolitização dos direitos humanos na malha global: três momentos-chave e uma aposta necessária

Por Letícia Rizzotti. Na última década, a opinião pública tem experimentado um singular retrocesso no debate sobre direitos humanos, que acomete pautas nacionais e globais. Contudo, a ideia de uma pauta una e coesa de direitos humanos sofre reveses importantes e recorrentes pelo menos desde o início do século XX. Exemplos flagrantes são as disputas sobre assentamento de minorias na Liga das Nações (1919-1939), a fragmentação de conteúdo nos Pactos de 1966, e mesmo a dissidência entre pautas desenvolvimentistas e proteções ambientais nos anos 1980 e 1990.

A Faceta Desestabilizadora dos Estados Unidos na ‘Crise Russo-Ucraniana’

Por Robson Coelho Cardoch Valdez. A tensão nas fronteiras russo-ucranianas lança luz sobre uma temática mais complexa do que a difícil situação desencadeada pela deliberada decisão dos Estados Unidos de expandir os tentáculos militares da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em direção aos países da Europa Central e Oriental. Trata-se de um momento crucial para o sistema internacional, no qual o que se discute é, na verdade, a atual distribuição do poder entre os principais atores desse sistema.

Toda fome é uma decisão política

Por Thiago Lima
Imagine uma vala aberta com lixo radioativo.[2] Por décadas. Por séculos. Agora, imagine que existam tecnologia e recursos para isolar completamente este lixo radioativo, tornando-o inofensivo. Mas, imagine que isso não seja feito. Imagine que as empresas invistam seus recursos na produção de medicamentos e tratamentos para venda.

Resenha de Tese – O Justo e o Verdadeiro: uma genealogia da justiça de transição pela análise da parceria entre o Internacional Center of Transitional Justice e a ONU

A tese teve como objetivos examinar as lutas de saber e disciplinares em torno da constituição da Justiça de Transição (JT) como objeto de saber e as lutas em torno da sua institucionalização global, o que foi feito por meio da análise da parceria entre o International Center of Transitional Justice (ICTJ), a maior Organização Não Governamental (ONG) do campo, e a Organização das Nações Unidas (ONU); por fim, estudou-se como, a JT é inserida e apropriada pelos atuais dispositivos de segurança planetários. Ao analisarmos a JT como conceito e como problema político, buscamos mostrar como ela passou por modificações e deslocamentos contínuos.

Resenha de Tese – Crimigração como prática securitária no Aeroporto Internacional de Guarulhos (2010-2017)

A tese teve como objetivo compreender como ocorre o controle migratório dentro do aeroporto internacional Franco Montoro, localizado na cidade de Guarulhos, no estado de São Paulo. A prática securitária é o tratamento de uma questão como um problema de segurança, o que inclui o uso de táticas, instrumentos e agentes dessa seara em seu gerenciamento. A crimigração ou criminalização da imigração é uma das facetas desse tipo de técnica governamental, porque associa a política migratória com a política criminal.

Resenha de: LINDGREN-ALVES, José Augusto. É preciso salvar os direitos humanos. São Paulo: Perspectiva, 2018.

Por Carla Vreche
O atual cenário político internacional é bastante diverso daquele dos anos 1990 e início do século XXI, no qual os direitos humanos eram tidos como tema de importância global. Sem dúvidas, algo está mudando desde então. Com discursos que contestam a relevância desses direitos, o crescimento da direita populista e a narrativa do “cidadão de bem” são marcas expressivas de nosso tempo. Intrinsecamente relacionados, esses eventos dão base ao apelo feito por José Augusto Lindgren Alves: É Preciso Salvar os Direitos Humanos!

A relevância da América Latina na administração Trump: discurso e realidade

Por Luis Fernando Ayerbe
No ensaio intervencionista trumpiano, contrapontos entre discurso e realidade demarcam os alcances das relações com a América Latina. Retóricas inflamadas em tons de Guerra Fria pretendem erigir inimigos e ameaças, sem a correspondente disposição de recursos para o exercício da política externa, que se pretende compensar com a convocação de aliados dispostos a assumir os custos de incerto protagonismo.