O populismo como herdeiro do fascismo: história da herança autoritária

Joyce Miranda Leão Martin. O final da década de 2010 colocou em xeque as democracias tais como as conhecemos: em seus postulados de separação dos poderes, de defesa dos direitos individuais, de proteção às minorias e de direito à oposição. Fenômenos como o Movimento Cinco Estrelas (na Itália), o Brexit (no Reino Unido), e as eleições de Donald Trump (Estados Unidos, 2017-2021), Viktor Orbán (Hungria, 2010-), Tayyip Erdoğan (Turquia, 2014-) e Jair Bolsonaro ( Brasil, 2019-2022) acenderam o alerta de que havia algo errado com os regimes liberais. Palavras como populismo e fascismo voltaram a ser tema de debates públicos, fazendo parte desde páginas de jornais até conferências em congressos e dossiês de periódicos acadêmicos.

Resenha de: GRESPAN, Jorge. Marx e a crítica do modo de representação capitalista. São Paulo: Boitempo, 2019.

Por Bruna Della Torre
Para baixo, na toca do coelho. Quando Alice adentrou o país das maravilhas, notou que havia acontecido tantas coisas fora de lugar que pouca coisa parecia ser de fato impossível. Assim como Alice segue o coelho, Grespan segue Marx na investigação desse mundo invertido, de ponta-cabeça, opaco, onde as coisas não seguem a lógica tradicional e acontecem fora de lugar, que é o mundo capitalista. Aqui também pouca coisa parece impossível: o que não é vivo ganha vida; o que não tem valor ganha preço e as relações sociais tornam-se coisas. São as determinações da opacidade desse mundo, seu modo de representação, em analogia ao modo de produção capitalista, que Grespan busca explicar.

Resenha de: ABRANCHES, Sérgio. Presidencialismo de coalizão: raízes e evolução do modelo político brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

Por Raul Wesley Leal Bonfim
Em 1988, o cientista político Sérgio Abranches, no artigo intitulado “Presidencialismo de Coalizão: O Dilema Institucional Brasileiro (1988)”, publicado na revista Dados, formulou pela primeira vez o termo “presidencialismo de coalizão” para caracterizar o desenho institucional do sistema político brasileiro. A principal peculiaridade desse modelo, que combinava sistema proporcional, multipartidarismo e presidencialismo, estaria na organização do Executivo com base em grandes coalizões.

Resenha de: ARUZZA, Cintia; BHATTACHARYA, Tithi; FRASER, Nancy. Feminismo para os 99% – um manifesto. São Paulo: Boitempo, 2019.

Por Barbara Cristina Soares Santos
Em 8 de março de 2019, foi lançado em oito países o livro Feminismo para os 99% – um manifesto, escrito conjuntamente pelas teóricas Cinzia Arruzza, Tithi Bhattacharya e Nancy Fraser. A versão brasileira foi publicada com capa vermelha e um interior de letras e margens roxas, mostrando já nas cores a proposta principal do projeto: um feminismo radicalizado de caráter anticapitalista em resposta ao feminismo liberal que dialoga com o atual sistema neoliberal.

Resenha de: LINDGREN-ALVES, José Augusto. É preciso salvar os direitos humanos. São Paulo: Perspectiva, 2018.

Por Carla Vreche
O atual cenário político internacional é bastante diverso daquele dos anos 1990 e início do século XXI, no qual os direitos humanos eram tidos como tema de importância global. Sem dúvidas, algo está mudando desde então. Com discursos que contestam a relevância desses direitos, o crescimento da direita populista e a narrativa do “cidadão de bem” são marcas expressivas de nosso tempo. Intrinsecamente relacionados, esses eventos dão base ao apelo feito por José Augusto Lindgren Alves: É Preciso Salvar os Direitos Humanos!

Resenha de: CARVALHO, Laura. A valsa brasileira – do boom ao caos econômico. São Paulo: Todavia, 2018.

Por Rômulo Manzatto
O que aconteceu com a economia brasileira? Como passamos do boom econômico do final da década de 2000 para o atual cenário de verdadeiro caos? E mais importante, o que poderia ter sido evitado? Essas são algumas das perguntas que a economista Laura Carvalho procura responder em seu recente Valsa brasileira – do boom ao caos econômico, publicado em 2018 pela Editora Todavia.

Resenha de: KAYSEL, André. Entre a nação e a revolução: marxismo e nacionalismo no Peru e no Brasil (1928-1964). São Paulo: Alameda, 2018.

Por Isabella Meucci
Um dos maiores problemas do marxismo latino-americano é o permanente “desencontro” entre o materialismo histórico e a América Latina. O recente livro de André Kaysel, fruto de sua tese de doutoramento na Universidade de São Paulo (USP), nos fornece pistas para uma melhor compreensão dessa problemática, especialmente ao apresentá-la como pano de fundo de seu objeto central: as relações contraditórias entre o nacionalismo popular e o marxismo de matriz comunista no Peru e no Brasil.

Resenha de: ROCCA, Pablo (Ed.). Conversa cortada: a correspondência entre Antonio Candido e Ángel Rama: o esboço de um projeto latino-americano: 1960-1983. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul; São Paulo: Edusp, 2018.

Por Max Gimenes
A correspondência entre dois indivíduos, documentação de caráter privado, torna-se de interesse público na medida em que revela informações sobre histórias de vida extraordinárias, sobre o funcionamento de uma área de atuação específica em determinado momento ou sobre a gênese e o processo de elaboração de uma obra.