Os Efeitos Perversos da Inteligência Artificial: A Democracia, o Estado de Direito e a Distribuição de Desigualdades e Poder no Mundo

Por Wanda Capeller, João Pedroso e Andreia Santos. O impacto das novas tecnologias e a conformação do mundo atual à disrupção tecnológica, principalmente, promovida pelos avanços na Inteligência Artificial (IA) tem promovido transformações que se refletem tanto em oportunidades, como em novos riscos. A IA expandiu-se rapidamente e conceptualmente tem sido usada de muitas formas diferentes, destacando um processo profundamente interpretativo e político no estabelecimento dos seus limites (cf. JOYCE et al., 2021). Segundo a definição do Parlamento Europeu (2023), a IA pode ser definida como: “a habilidade de uma máquina exibir capacidades semelhantes às humanas (…) [e] lidem com o que percebem, resolvam problemas e ajam para alcançar um objetivo específico (…), analisando os efeitos de ações anteriores e trabalhando de forma autónoma (…)”.

As redes sociais estão transformando a democracia. Como?

Por Otávio Z. Catelano. Quanto a isso, podemos concordar: as novas tecnologias de comunicação estão transformando a democracia representativa. No entanto, precisamos discutir de forma mais aprofundada sobre quais são os mecanismos dessa transformação. Não basta dizer que “a internet facilitou o acesso a notícias falsas” e, por consequência, essas notícias estariam influenciando as pessoas a tomarem decisões políticas que não tomariam. Na verdade, as pesquisas mais recentes têm apontado a necessidade de considerarmos que as pessoas somente acreditam em conteúdos falsos quando já têm uma predisposição política anterior. Logo, não são influenciadas a alterar uma decisão, apenas a reforçam. Como?

Descentramento, política e mídias digitais: contribuições da Sociologia do Inconsciente

Por Samira Feldman Marzochi. Em vez de privilegiar o modus operandi dos aplicativos e plataformas digitais, a análise da subjetivação política contemporânea exige que pesquisadores e pesquisadoras se situem um pouco além das propriedades e dinâmicas dos softwares, no intuito de resistir à colonização da sociologia pelos imperativos tecnológicos. Embora o funcionamento, a capitalização, o alcance e a potencialidade das mídias devam ser considerados, é preciso evitar a sobrevalorização da tecnologia na análise.