A financeirização da pobreza durante o governo Temer

Por Guilherme F. Benzaquen. A cada mês, as pesquisas sobre endividamento familiar no Brasil garantem manchetes nos principais jornais por conta de seus números expressivos. Algumas vezes essas notícias são acompanhadas de julgamentos morais e da promoção da “educação financeira”. Porém, parece-me insuficiente procurar a interpretação ou explicação desse processo em propensões individuais, abstraindo o que nelas há de social. Por mais que me pareça simplista, pode até existir um componente de “irresponsabilidade” ou “falta de educação” nesses sujeitos endividados – como apregoa uma parte da literatura sobre “educação financeira”. Mas, se o processo é social, há algo a ser dito para além das acusações morais de que “o pobre compra por impulso” e “gasta com aquilo que não precisa”.