Violações de Estado e colonialidade: operações policiais no Brasil contemporâneo como expedientes punitivos

Por Kátia Silene Souza de Brito, Gessica da Silva e Camila Bernardo de Moura. A letra Quadro Torto, do rapper Ba Kimbuta, utilizada em epígrafe, é um manifesto que retrata o cotidiano, a realidade e as lutas de um homem negro da periferia brasileira a partir de uma perspectiva diaspórica. Essa música abriu a mesa-redonda “Violações de Estado e colonialidade: operações policiais no Brasil contemporâneo como expedientes punitivos”. O evento ocorreu em 28 de novembro de 2024, na Sala Alfredo Bosi, auditório do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP), das 14h às 15h30, e contou com a participação de Marcelo Ferraro (professor de História Contemporânea na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – Unirio), Katiara Oliveira (Kilombagem; Rede de Proteção e Resistência contra o Genocídio) e Jaqueline Cipriany (Rede de Proteção e Resistência contra o Genocídio).

COLONIALIDADE, INJUSTIÇA E RACIALIDADE: TRAJETÓRIAS PARA A REPARAÇÃO

Por Sofia Zuca Portugal Pudles e  Ana Cristina Grein Marra. A mesa-redonda 5 do Colóquio Internacional: Colonialidade, Racialidade, Punição e Reparação nas Américas (séc. XIX–XXI) ocorreu em 27 de novembro de 2024, das 16h20 às 18h (horário de Brasília), no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA/USP), na sala Alfredo Bosi. A mesa teve como tema “Colonialidade, injustiça e racialidade: trajetórias para a reparação”.

A Diversidade do BRICS+: Vantagens para uma Ordem Multipolar mais Inclusiva

Por Vitor dos Santos Bueno. A expansão dos BRICS começou com a entrada da África do Sul em 2011 – antes o grupo tinha o nome de BRIC – e se ampliou mais ainda em 2023, com novos países convidados na Cúpula realizada no país. A ocasião foi marcada  pela adesão de Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes ao grupo (a Argentina também foi convidada, mas o governo de Javier Milei recusou a participação). Em 2025, a Indonésia se tornou membro integrante e, em 13 de junho, o Vietnã entrou para o grupo como parceiro. Essa nova formação, agora chamada de BRICS+, fez ressurgir algumas discussões sobre o foco e as diferenças entre os países membros fundadores. A chegada de novos países, com diferentes características internas, reforçou uma das bandeiras centrais do grupo, que é a construção de alternativas para as formas de desenvolvimento e participação em organismos multilaterais no cenário global.

Frantz Fanon: um itinerário político e intelectual (Parte 1)

Por Renato Ortiz. Fanon publica seu primeiro livro em 1952, ensaio no qual analisa o racismo a partir de sua experiência vivida (Fanon, 1952). A filiação existencialista pode ser apreciada quando o autor apresenta os objetivos do livro: Alguém a quem falávamos de nosso trabalho nos perguntou o que esperávamos com ele. Desde o estudo decisivo de Sartre O que é literatura?, a literatura se engaja, cada vez mais, na sua única e verdadeira tarefa, que é fazer a coletividade passar à reflexão e à meditação; este trabalho pretende ser um espelho à infraestrutura progressiva onde o negro possa encontrar a via de sua desalienação[2] (ibid.: 148).

Da Expansão à Dispersão: o BRICS e os limites da ação conjunta 

Por Natalia Fingermann e Roberto Georg Uebel. O bloco dos BRICs foi oficialmente formado em 2009, com uma liderança relevante do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que promovia, à época, uma política externa ativa e autônoma com o objetivo de fortalecer o protagonismo brasileiro entre os países emergentes. Nesse primeiro ano, o bloco divulgou sua primeira Declaração Conjunta em uma reunião em Ekaterinburgo, na Rússia, que tratava principalmente de duas questões centrais ao Sul Global: a reformulação do sistema financeiro mundial pós-2008 e a reestruturação das instituições internacionais. Naquele momento, o bloco ainda não contava com a participação da África do Sul, país que seria admitido somente em 14 de abril de 2011. 

MEMÓRIA, JUSTIÇA E REPARAÇÃO DOS POVOS ORIGINÁRIOS

Por Sofia Zuca Portugal Pudles. A Mesa-Redonda 4 do Colóquio Internacional: Colonialidade, Racialidade, Punição e Reparação nas Américas (Séculos XIX–XXI) ocorreu em 29 de novembro de 2024, das 16h30 às 17h45 (horário de Brasília), na sala Alfredo Bosi do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA/USP).

Trump e os desafios das democracias ocidentais 

Por Felipe Calabrez. Desde que o presidente Donald Trump assumiu a Presidência dos EUA pela segunda vez, o mundo tem assistido com perplexidade às ações de um chefe do Executivo que parece ser capaz de desmantelar diariamente o Estado americano e reconfigurar a ordem econômica internacional sentado diante de uma mesa e com uma caneta na mão. Mas como é possível esse exercício imperial de poder em um país cuja arquitetura institucional foi pensada de maneira quase obcecada em garantir a divisão e controle dos poderes e em evitar os riscos da tirania da maioria? E como o presidente que chama todo o poder para si pode afirmar fazê-lo em nome da democracia? É sobre esses pontos que esse texto pretende discorrer. 

Gênero, raça e punição

Por Júlia Batista Bernardes Farias e Stefani Silva Souza. A mesa-redonda “Gênero, raça e punição”, integrante do Colóquio Colonialidade, Racialidade, Punição e Reparação nas Américas (séculos XIX e XX), reuniu três vozes centrais para a análise crítica dos impactos do sistema penal sobre mulheres negras: Mary Jello, representante da Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas (RENFA) e do coletivo Por Nós; a professora Jules Falquet, cuja pesquisa enfoca as interseções entre gênero, classe e colonialidade; e Regina Lúcia dos Santos, geógrafa, especialista em educação étnico-racial e coordenadora do Movimento Negro Unificado de São Paulo (MNU-SP). Ao articular experiência vivida, engajamento político e produção acadêmica, a composição da mesa possibilitou uma abordagem interseccional robusta das dinâmicas de punição, exclusão e resistência que marcam a realidade das mulheres negras no Brasil e na América Latina.