Oficinas de Formação DesJus 2024: Justiça Social, Questão Climática e Questão Habitacional: Três Temas, uma só Agenda

Por Jonathan Mendo. As recentes catástrofes ambientais, como as enchentes do Rio Grande Sul e as queimadas no interior de São Paulo, têm empurrado a questão climática para o centro do debate político envolvendo as eleições municipais de 2024. Isto poderia ser analisado como algo positivo, já que as mudanças do clima têm demandado cada vez mais uma ação coordenada do poder público para a mitigação e a adaptação dos seus efeitos sobre nossas vidas. Mas a verdade é que essas questões já eram urgentes muito antes dessas catástrofes, alertadas por especialistas e acadêmicos estudiosos da questão e infelizmente negligenciada pelo poder público em âmbito regional, nacional e global.

O Brasil na presidência do G20 e a iniciativa de bioeconomia

Por Isaías Albertin de Moraes. Em 1º de dezembro de 2023, o Brasil assumiu a presidência do G20 com o lema “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável”. O G20, criado em 1999, é composto pelas dezenove maiores economias do mundo, além da União Europeia. Durante a Cúpula realizada em outubro de 2022 em Nova Déli, na Índia, o grupo foi expandido para incluir os 55 países da União Africana. O G20 responde por cerca de 90% do PIB mundial, 80% do comércio internacional e 2/3 da população mundial. O G20 não é uma organização internacional formal, o que significa que não conta com um secretariado permanente ou recursos próprios. Sua presidência é rotativa e acontece anualmente. Desde 2011, os líderes (chefes de Estado e de Governo) do G20 se reúnem anualmente. 

Marxismo negro: a revolução intelectual do Caribe

Por Petrônio Domingues e Fábio Nogueira de Oliveira. A população da diáspora africana cumpriu um papel basilar na história do capitalismo. Coagido e transportado desumanamente para a América por meio do tráfico transatlântico a partir do século XVI, esse segmento populacional constituiu parte crucial da economia colonial exportadora. Sem a exploração do trabalho escravo de milhões de africanos e africanas no chamado Novo Mundo e o escoamento da riqueza material por eles produzida para a Europa, dificilmente poderiam ter desenvolvido as condições objetivas para o advento, tanto da Revolução Industrial no Velho Continente, quanto do capitalismo como sistema mundial.

Entre as possibilidades da noite e o direito ao dia: a luta contínua das lésbicas

Por Nayane Victória Brassaroto de Macedo. O mês de agosto é celebrado como o Mês da Visibilidade Lésbica por concentrar duas datas significativas para o ativismo: o Dia Nacional do Orgulho Lésbico, em 19 de agosto, e o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, em 29 de agosto. A primeira data marca o Levante Lésbico no Ferro’s Bar, em São Paulo, na década de 1980, enquanto a segunda refere-se à criação do primeiro Seminário Nacional de Lésbicas (Senale) em 1996, no Rio de Janeiro, destacando o protagonismo das lésbicas negras na sua construção. Com a concentração dessas datas, agosto tornou-se um mês de celebração da resistência lésbica e de realização de diversos eventos no Brasil que buscam trazer visibilidade às pautas deste grupo.

Belém-PA: eleições para a prefeitura com muitos candidatos e disputa acirrada

Por Rodolfo Silva Marques. Em 2024, mais de 5.500 municípios terão eleições para a definição de prefeitos(as) e vereadores(as). Na região Norte, a capital do Pará, Belém, terá o total de 1.056.697 eleitores aptos a votar, de acordo com dados disponibilizados pelo Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE do Pará, 2024). 

A Contabilidade de Carbono e o Papel dos Biocombustíveis na Descarbonização: Implicações para o Brasil e o G20

Por Jefferson dos Santos Estevo, Laís Forti Thomaz e Amanda Duarte Gondim. A presidência do Brasil no G-20 tem produzido debates em diferentes temas e programas, recorrentes com o lema proposto pelo país, “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável”. As mudanças climáticas estão representadas nessa agenda, com a criação da Mobilização Global contra a Mudança do Clima, integrante das duas Trilhas de negociações, Sherpas e Finanças. Isso evidencia a importância da pauta climática na política doméstica e exterior do país. No grupo com as maiores economias globais, também estão inseridos os principais países emissores de Gases do Efeito Estufa (GEE). Cerca de 80% são provenientes dos membros do G-20, principalmente China, Estados Unidos , União Europeia e Índia.

Ciclo de Oficinas de Formação 2024 – Eleições em São Paulo: Construindo a Agenda de uma Cidade no Sul Global

Por Beatriz Rodrigues Sanchez, Mônica Oliveira e Raissa Wihby Ventura. Demonstrando um compromisso duradouro com a promoção de um debate informado e propositivo sobre questões-chave relacionadas às agendas políticas igualitárias, as Oficinas de Formação do Desjus continuam sua parceria com a Fundação Tide Setubal e passam a compor também com o Núcleo de Democracia e Ação Coletiva (NDAC) do Cebrap.

Cuba: Ontem e Hoje

Entrevistada: Vanessa Oliveira – Cubanista, Doutora em Ciências Humanas pela Universidade Federal do ABC e em Ciência da Informação e da Comunicação pela Universidade Paris VIII. Professora no Departamento de Jornalismo na PUC-SP e no Mackenzie e pesquisadora afiliada ao Instituto Alameda de Pesquisa Coletiva. Co-organizadora dos livros Entre a Utopia e o Cansaço: pensar Cuba na atualidade (editora Elefante, 2024) e De bala em prosa: vozes da resistência ao genocídio negro (Editora Elefante, 2020).

Os tempos da antropofagia: revisitando os ensaios Oswald de Andrade

Por Wendel Antunes Cintra. A recepção da obra de Oswald de Andrade ao longo do século XX priorizou sobretudo as dimensões estético-literárias de sua obra, concentrando-se nos debates em torno das tendências do modernismo brasileiro (Campos, 1971a, 1971b; 1974; 2015a; 2015b; George, 1985; Naves, 1998; Veloso, 1997; Herkenhoff, 1998; Fundação Bienal, 1998; Castro, 2002; 2008; 2015). Exceções notáveis, ainda na década de 1970, foram os trabalhos do filósofo belenense Benedito Nunes, “Antropofagia ao alcance de todos” (1972), publicado como estudo introdutório do volume IV das obras completas editadas pela Civilização Brasileira no início dos anos 1970, e o estudo “Oswald canibal” (1979), que de modo pioneiro aproximou a poética antropofágica da filosofia. Em contraste, mais recentemente houve um significativo movimento de explorar essas dimensões filosóficas, antropológicas, sociais e políticas do pensamento oswaldiano, retomando para isso sua produção ensaística dos anos 1940 e 1950 (Nodari, 2007; Castro, 2008; Torre, 2012; Valle, 2017; Ricupero, 2018; Salles, 2019). 

A violência letal feminicida e os múltiplos desafios para enfrentá-la

Por Rossana Maria Marinho Albuquerque. Em 2015, em passagem pelo Brasil, na conferência de abertura do II Seminário Internacional Desfazendo Gênero, realizado em Salvador/BA, Judith Butler fez uma exposição posteriormente publicada como texto, intitulado “Corpos que ainda importam” (Butler, 2016). A sua fala ocorria, então, meses depois da criação da Lei do Feminicídio no Brasil (Lei 13.104/15) e continua bastante atual.