Abolicionismo e desencarceramento: memória, justiça e reparação   

Por Camila Bernardo de Moura, Ana Cristina Grein Marra e Gessica da Silva. Com a mediação do Prof. Dr. Mário René Rodriguez Torres (UNILA), a Mesa 7 — “Abolicionismo e desencarceramento: memória, justiça e reparação” — contou com a participação de quatro mulheres egressas do sistema prisional latino-americano: Helen Baum (Núcleo Memórias Carandiru – IREC), Valentina Castro (Hermanas en la Sombra – México), Liliana Cabrera (Yo No Fui – Argentina) e Elizabeth Pino (Mujeres de Frente – Equador).

Desafiando o vazio e a (des)construção do espaço da mulher na política

Por Anelize Ribeiro e Mariele Troiano. “Às vezes eu penso, pô (sic), ser delegado de polícia é muito mais fácil. Porque o ladrão você pega e prende, entendeu? Ele quer trocar tiro, você mata ele, tá (sic) tudo certo. Aqui não. Aqui a gente tem que conviver com essa espécie imoral e tratar com respeito, né? É bem difícil, bem desagradável. Parece que tem uma vaga do PL, né? Então… Agora nós somos membros da Comissão de Cultura. Vai ser muito bom. Vocês vão viver mais por aqui. A vida da Jandira vai ficar menos agradável tendo que conviver com o Paulo Bilynskyj”. Essa fala do deputado Paulo Bilynsky (PL/SP) aconteceu no âmbito da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, na quarta-feira, 21 de maio, referindo a também deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ), que não estava presente no momento do pronunciamento (Longo, 2025). Essa cena tem se tornado rotineira no cenário político, promovendo um impacto deletério na participação feminina em ambientes deliberativos, independente do posto ocupado.

Dando um “grau” no fascismo

Por Márcio Macedo. São Paulo, dia 9 de junho de 2025. 11 horas da manhã. Estou em casa assistindo à CNN internacional, quando me deparo com uma imagem, colocada de fundo durante a fala de um jornalista, que poderia definir os protestos que tem acontecido em Los Angeles (LA ou “El Ei”) desde sábado passado. Um carro controlado por GPS da empresa Waymo queima em chamas, enquanto um garoto de feições latinas dá um “grau” (empina) na sua bike, passando ao lado do veículo destruído. A bicicleta versus o carro. A bicicleta, uma das contraculturas da modernidade, inspiro-me aqui em Paul Gilroy que por sua vez “sampleou” a ideia de Zygmunt Bauman, atacando ou tirando onda das lógicas de fascismo de mercado de forma criativa, festeira, arriscada e violenta.

Violações de Estado e colonialidade: operações policiais no Brasil contemporâneo como expedientes punitivos

Por Kátia Silene Souza de Brito, Gessica da Silva e Camila Bernardo de Moura. A letra Quadro Torto, do rapper Ba Kimbuta, utilizada em epígrafe, é um manifesto que retrata o cotidiano, a realidade e as lutas de um homem negro da periferia brasileira a partir de uma perspectiva diaspórica. Essa música abriu a mesa-redonda “Violações de Estado e colonialidade: operações policiais no Brasil contemporâneo como expedientes punitivos”. O evento ocorreu em 28 de novembro de 2024, na Sala Alfredo Bosi, auditório do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP), das 14h às 15h30, e contou com a participação de Marcelo Ferraro (professor de História Contemporânea na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – Unirio), Katiara Oliveira (Kilombagem; Rede de Proteção e Resistência contra o Genocídio) e Jaqueline Cipriany (Rede de Proteção e Resistência contra o Genocídio).

COLONIALIDADE, INJUSTIÇA E RACIALIDADE: TRAJETÓRIAS PARA A REPARAÇÃO

Por Sofia Zuca Portugal Pudles e  Ana Cristina Grein Marra. A mesa-redonda 5 do Colóquio Internacional: Colonialidade, Racialidade, Punição e Reparação nas Américas (séc. XIX–XXI) ocorreu em 27 de novembro de 2024, das 16h20 às 18h (horário de Brasília), no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA/USP), na sala Alfredo Bosi. A mesa teve como tema “Colonialidade, injustiça e racialidade: trajetórias para a reparação”.

A Diversidade do BRICS+: Vantagens para uma Ordem Multipolar mais Inclusiva

Por Vitor dos Santos Bueno. A expansão dos BRICS começou com a entrada da África do Sul em 2011 – antes o grupo tinha o nome de BRIC – e se ampliou mais ainda em 2023, com novos países convidados na Cúpula realizada no país. A ocasião foi marcada  pela adesão de Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes ao grupo (a Argentina também foi convidada, mas o governo de Javier Milei recusou a participação). Em 2025, a Indonésia se tornou membro integrante e, em 13 de junho, o Vietnã entrou para o grupo como parceiro. Essa nova formação, agora chamada de BRICS+, fez ressurgir algumas discussões sobre o foco e as diferenças entre os países membros fundadores. A chegada de novos países, com diferentes características internas, reforçou uma das bandeiras centrais do grupo, que é a construção de alternativas para as formas de desenvolvimento e participação em organismos multilaterais no cenário global.

Frantz Fanon: um itinerário político e intelectual (Parte 1)

Por Renato Ortiz. Fanon publica seu primeiro livro em 1952, ensaio no qual analisa o racismo a partir de sua experiência vivida (Fanon, 1952). A filiação existencialista pode ser apreciada quando o autor apresenta os objetivos do livro: Alguém a quem falávamos de nosso trabalho nos perguntou o que esperávamos com ele. Desde o estudo decisivo de Sartre O que é literatura?, a literatura se engaja, cada vez mais, na sua única e verdadeira tarefa, que é fazer a coletividade passar à reflexão e à meditação; este trabalho pretende ser um espelho à infraestrutura progressiva onde o negro possa encontrar a via de sua desalienação[2] (ibid.: 148).

Da Expansão à Dispersão: o BRICS e os limites da ação conjunta 

Por Natalia Fingermann e Roberto Georg Uebel. O bloco dos BRICs foi oficialmente formado em 2009, com uma liderança relevante do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que promovia, à época, uma política externa ativa e autônoma com o objetivo de fortalecer o protagonismo brasileiro entre os países emergentes. Nesse primeiro ano, o bloco divulgou sua primeira Declaração Conjunta em uma reunião em Ekaterinburgo, na Rússia, que tratava principalmente de duas questões centrais ao Sul Global: a reformulação do sistema financeiro mundial pós-2008 e a reestruturação das instituições internacionais. Naquele momento, o bloco ainda não contava com a participação da África do Sul, país que seria admitido somente em 14 de abril de 2011. 

MEMÓRIA, JUSTIÇA E REPARAÇÃO DOS POVOS ORIGINÁRIOS

Por Sofia Zuca Portugal Pudles. A Mesa-Redonda 4 do Colóquio Internacional: Colonialidade, Racialidade, Punição e Reparação nas Américas (Séculos XIX–XXI) ocorreu em 29 de novembro de 2024, das 16h30 às 17h45 (horário de Brasília), na sala Alfredo Bosi do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA/USP).