A guerra e a paz em Os cus de Judas, de António Lobo Antunes
Por Carolina Leocadio e Elisa Olsson. Escrita pelo autor português António Lobo Antunes e publicada em 1979, Os cus de Judas é uma obra de caráter semiautobiográfico, na qual o autor, que serviu como médico militar durante a Guerra Colonial Portuguesa em Angola, relata eventos e experiências baseados na sua própria vivência durante esse período.
Modernismo revisitado pela arte indígena: Denilson Baniwa e a Re-antropofagia
Por Jucimara Braga Alves e Edgar Roberto Kirchof. O artigo “Modernismo revisitado pela arte indígena: Denilson Baniwa e a Re-antropofagia”, recentemente publicado na revista Organon (UFRGS), é resultado de uma pesquisa de doutorado sobre a obra de Denilson Baniwa. O texto aborda o modo como o artista indígena tensiona e ressignifica a relação do modernismo brasileiro com as culturas indígenas do Brasil por meio de sua obra.
Josué de Castro e a fome como problema político e estrutural
Por Adriana Salay. “O ‘profeta da fome mundial’, como seus muitos amigos gostavam de chamá-lo, está morto” (Fundação, s.d.). Josué de Castro morreu em Paris, vítima de um ataque cardíaco em 24 de setembro de 1973, aos 65 anos. Em setembro de 2023 completa-se o cinquentenário desse fatídico dia, ao mesmo tempo em que entreguei minha tese de doutorado sobre o intelectual e a formação da fome cotidiana como um problema discutido publicamente. Este texto apresenta algumas ideias desse trabalho desenvolvido no Departamento de História da USP, sob a orientação do professor Miguel Palmeira.
Relato de evento: Lançamento do livro “Polarity in International Relations: Past, Present, Future”
Por Paulo Bittencourt. Ocorreu na terça-feira, 13 de setembro de 2023, o lançamento do livro “Polarity in International Relations: Past, Present, Future”, editado por Nina Græger, Bertel Heurlin, Ole Wæver e Anders Wivel, todos professores do Departamento de Ciência Política da Universidade de Copenhague (Dinamarca). Além dos quatro editores, o evento contou com a presença da professora Lene Hansen (Departamento de Ciência Política da Universidade de Copenhague) como mediadora, além de falas de dois autores de artigos compilados na obra: Camilla Sørensen (Instituto de Estratégia da Real Escola de Defesa Dinamarquesa) e Øystein Tunsjø (Instituto Norueguês de Estudos de Defesa).
Josué de Castro: os vários legados de um personagem multifacetado
Por Renato S. Maluf. Sinto-me honrado em poder participar de um especial do Boletim Lua Nova que reverencia a vida e obra de Josué de Castro, uma oportunidade, ademais, muito prazerosa de percorrer e celebrar os vários legados de um personagem multifacetado que aprendemos a admirar e a nos beneficiar de seus ensinamentos. Muitas e merecidas manifestações sobre sua importância têm sido difundidas, ainda que o conhecimento sobre sua vida e obra esteja, entre nós, muito aquém do que lhe é devido. Pernambucano de nascença e brasileiro de coração, de fato um cidadão do mundo, Josué ultrapassou as fronteiras nacionais pela força de suas ideias e também pelas circunstâncias de vida que lhe foram impostas.
Allende y el Derecho. Algunas ideas sobre la legalidad a partir de la experiencia de la Unidad Popular
Por Paula Ahumada F. El golpe de Estado del 11 de septiembre de 1973 alteró radicalmente el desarrollo y la historia de Chile en diversas dimensiones: personales y sociales, económicas, culturales, políticas y legales. Hoy, a 50 años de aquella fecha, no es extraño que Chile siga atormentado por este acontecimiento.
Voto Facultativo: um Caminho para a Poliarquia?
Por Murilo Calafati Pradella. Esse trabalho representa o primeiro estágio de uma pesquisa que se propõe a analisar quais seriam os possíveis impactos para a democracia brasileira caso o voto deixasse de ser obrigatório e se tornasse facultativo à luz do conceito de Poliarquia desenvolvido por Robert Dahl. Isto é, a abolição da obrigatoriedade do comparecimento eleitoral contribuiria ou não para o desenvolvimento da democracia Brasileira rumo ao ideal poliárquico desenvolvido e discutido pelo autor?
Chile: duas esquerdas e um bombardeio que ainda ecoa
Por Joana Salém Vasconcelos. Na manhã de 11 de setembro de 1973, os poucos comandantes militares do alto escalão que permaneceram alinhados à Constituição chilena e ao lado de Salvador Allende se juntaram ao presidente dentro do Palácio de La Moneda. Entre eles estavam o coronel Valenzuela e o coronel Sergio Badiola (exército), o general Sepúlveda (carabineros), o comandante Jorge Grez (marinha) e o comandante Roberto Sánchez (aeronáutica). Já o general Prats, símbolo máximo do legalismo militar, não foi localizado pelo gabinete de Allende nas horas decisivas que antecederam o bombardeio (Garcés, 1993, p. 322).
As contradições do “Idealismo Wilsoniano”: autodeterminação dos povos e colonialismo (parte 2)
Por Carlos Eduardo R. Landim. Na primeira seção deste escrito, buscou-se situar as ideias com as quais Woodrow Wilson esteve em constante diálogo e que, em grande medida, moldaram sua prática política. Em contraponto a visão dominante que projeta nesse período histórico um ethos emancipatório assentado no internacionalismo liberal wilsoniano, buscamos sustentar que a prática política de Wilson operou como um projeto de reorganização do sistema internacional movido pela prática do colonialismo. Nesta parte, serão evidenciados os traços da política externa wilsoniana, sustentando que um exame sistemático de suas ideias e de sua prática política não permite afirmar que houve uma falência de um projeto do seu projeto “idealista”, como apontado pelos realistas, mas na realidade, tal projeto nunca foi perseguido por Wilson.
As contradições do “Idealismo Wilsoniano”: autodeterminação dos povos e colonialismo (parte 1)
Por Carlos Eduardo R. Landim. As guerras são eventos catastróficos que não apenas ceifam vidas e destroem propriedades, mas transformam substantivamente ordens estabelecidas fundadas em normas, ideias e percepções atuantes como consciência prática inevitável em um Sistema Internacional movido por interesses colidentes. Com a Primeira Guerra Mundial não foi diferente. Há um consenso na literatura de que esse evento sinalizou um ponto de inflexão crucial nas relações internacionais. A drástica mudança representada pelo declínio da Pax Britannica e pela ascensão dos Estados Unidos da América como líder do internacionalismo liberal conduziu a uma nova espacialização do mundo, ditado pela reconfiguração dos antigos domínios imperiais e coloniais das potências europeias.