Comunicado da ARBRE contra a Extrema Direita

O Boletim Lua Nova publica o comunicado da Association pour la Recherche sur le Brésil en Europe (ARBRE – Associação para a pesquisa sobre o Brasil na Europa) contra a extrema direita, escrito na ocasião das eleições legislativas francesas, e que se mantém atual também no contexto das eleições municipais no Brasil. Agradecemos à ARBRE por autorizar a tradução e publicação deste comunicado.

O avesso do avesso: sub-representação nas candidaturas à vereança das eleições municipais de São Paulo

Por Hannah Maruci Aflalo e Beatriz Besen. Quando falamos de eleições municipais, é inevitável que a atenção se volte para São Paulo. Isso se deve não apenas aos polêmicos episódios dos debates entre candidatos/as à prefeitura, mas, principalmente, à identificação da cidade enquanto um centro político e econômico do país. Com cerca de 11,5 milhões de habitantes, São Paulo abriga uma população diversa, fruto de uma série de fluxos migratórios, que conduziram migrantes e imigrantes para a região. Além disso, trata-se do município com o maior gasto em campanhas eleitorais, as quais têm alto grau de complexidade e visibilidade a nível nacional.

A Agenda dos Direitos na Campanha Eleitoral para a Prefeitura do Rio de Janeiro em 2024

Por Marcia Ribeiro Dias. A campanha eleitoral à prefeitura das cidades brasileiras em 2024 tem sido dominada pela animosidade entre candidatos, acusações mútuas e até mesmo violência física, tendo a principal capital brasileira, São Paulo, como palco central de um espetáculo dantesco. A dimensão propositiva dos debates entre candidatos tem sido praticamente nula, sendo esse espaço dominado pela campanha negativa e pela tentativa incessante de cada uma das candidaturas de desqualificar seus adversários.

O G20 e a reconfiguração da ordem internacional no século XXI

Vinicius Ruiz Albino de Freitas. A reforma da governança global é uma das principais agendas do G20 Financeiro. E a ordem liberal criada após a II Guerra Mundial sob a hegemonia dos Estados Unidos (EUA) já não corresponde à realidade geopolítica do século XXI. O Ocidente já não pode oferecer “bens coletivos internacionais” como outrora. O Órgão de Solução de Controvérsias (OSC) da Organização Mundial do Comércio (OMC) está paralisado desde o governo Donald Trump (2017-2021), e essa situação segue no governo Biden. O aniversário de trinta anos da OMC está marcado pelas medidas protecionistas dos EUA, que retomou de forma explícita suas políticas industriais. 

A disputa à prefeitura em Goiânia: entre o não à reeleição e a divisão do eleitorado

Por Camila Romero Lameirão. A ocorrência de eleições municipais costuma fomentar o interesse, no debate público e acadêmico, sobre o papel e a importância do governo local no âmbito da federação brasileira. Assim, a disputa marca um período de discussão sobre as competências do município e o escopo de suas ações em diferentes áreas, como educação, saúde, mobilidade, meio ambiente, geração de emprego, ordenamento do território, entre outras. Trata-se de um evento que direciona a atenção dos principais veículos de comunicação, e da população, em geral, para a política local, em um país cujo centro da cobertura é correntemente a política nacional. Esta oportunidade permite que se aborde e difunda para um público mais amplo, além de algumas características da disputa eleitoral nos municípios, o contexto sob o qual ocorre a competição. Adiante, é sobre isso que pretendo tratar, tendo como objeto o maior município da região centro-oeste do Brasil.

Em Curitiba, berço da antipolítica na última década, políticos tradicionais dominam a campanha de 2024 para prefeitura

Por Emerson U. Cervi. Na década passada Curitiba, capital do Paraná, ficou conhecida como o berço do lavajatismo. Foi nela que se desenvolveu o centro da Operação Lava Jato e esta produziu figuras públicas que migraram para a política eleitoral com discurso antipolítica, como o ex-promotor e deputado federal cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Deltan Dalagnol (então Podemos), e o ex-juiz federal e atual senador, Sérgio Moro (União). Ato contínuo, a contraface do lavajatismo, o bolsonarismo político, também se desenvolveu fortemente na cidade e no Estado. Em 2022 o então presidente candidato à reeleição conseguiu 55% de votos no primeiro turno e 64% no segundo turno, em Curitiba. Há uma bancada majoritária bolsonarista na Câmara de Vereadores. O governador Ratinho Jr. (PSD), sempre que pode, faz questão de identificar-se com bolsonaristas. A assembleia legislativa tem grande número de delegados, pastores e policiais militares que se apresentam como bolsonaristas. Por tudo isso, era esperado que nas eleições para prefeitura de Curitiba em 2024 houvesse pelo menos um representante de cada movimento na disputa à prefeitura. Ou, no máximo, um candidato com potencial de votos, representando tanto o bolsonarismo quanto o lavajatismo.

A imagem a serviço do poder –  O pioneirismo no marketing político na campanha audiovisual de Getúlio Vargas à presidência

Por Eduardo Gomes. Vivemos em um mundo de imagens que estão para explicar a complexidade deste mundo (Flusser, 2002). Com o avanço dos estudos em comunicação, onde desdobramos acerca da intencionalidade do uso das imagens, onde procura-se esvaziar o caráter da subjetividade em prol de um discurso literal, tangível (Silva & Chaia, 2016), Cañel (1999) reflete que os estudos centralizados em comunicação política proporcionam a mediação da mensagem realizada pelos meios de comunicação e as imagens fornecidas. Para Wolton (1995), o campo abrange examinar tanto os meios como as sondagens, em especial nos períodos de disputas eleitorais. 

Oficinas de Formação DesJus 2024: Justiça Social, Questão Climática e Questão Habitacional: Três Temas, uma só Agenda

Por Jonathan Mendo. As recentes catástrofes ambientais, como as enchentes do Rio Grande Sul e as queimadas no interior de São Paulo, têm empurrado a questão climática para o centro do debate político envolvendo as eleições municipais de 2024. Isto poderia ser analisado como algo positivo, já que as mudanças do clima têm demandado cada vez mais uma ação coordenada do poder público para a mitigação e a adaptação dos seus efeitos sobre nossas vidas. Mas a verdade é que essas questões já eram urgentes muito antes dessas catástrofes, alertadas por especialistas e acadêmicos estudiosos da questão e infelizmente negligenciada pelo poder público em âmbito regional, nacional e global.