Em Curitiba, berço da antipolítica na última década, políticos tradicionais dominam a campanha de 2024 para prefeitura

Por Emerson U. Cervi. Na década passada Curitiba, capital do Paraná, ficou conhecida como o berço do lavajatismo. Foi nela que se desenvolveu o centro da Operação Lava Jato e esta produziu figuras públicas que migraram para a política eleitoral com discurso antipolítica, como o ex-promotor e deputado federal cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Deltan Dalagnol (então Podemos), e o ex-juiz federal e atual senador, Sérgio Moro (União). Ato contínuo, a contraface do lavajatismo, o bolsonarismo político, também se desenvolveu fortemente na cidade e no Estado. Em 2022 o então presidente candidato à reeleição conseguiu 55% de votos no primeiro turno e 64% no segundo turno, em Curitiba. Há uma bancada majoritária bolsonarista na Câmara de Vereadores. O governador Ratinho Jr. (PSD), sempre que pode, faz questão de identificar-se com bolsonaristas. A assembleia legislativa tem grande número de delegados, pastores e policiais militares que se apresentam como bolsonaristas. Por tudo isso, era esperado que nas eleições para prefeitura de Curitiba em 2024 houvesse pelo menos um representante de cada movimento na disputa à prefeitura. Ou, no máximo, um candidato com potencial de votos, representando tanto o bolsonarismo quanto o lavajatismo.

A imagem a serviço do poder –  O pioneirismo no marketing político na campanha audiovisual de Getúlio Vargas à presidência

Por Eduardo Gomes. Vivemos em um mundo de imagens que estão para explicar a complexidade deste mundo (Flusser, 2002). Com o avanço dos estudos em comunicação, onde desdobramos acerca da intencionalidade do uso das imagens, onde procura-se esvaziar o caráter da subjetividade em prol de um discurso literal, tangível (Silva & Chaia, 2016), Cañel (1999) reflete que os estudos centralizados em comunicação política proporcionam a mediação da mensagem realizada pelos meios de comunicação e as imagens fornecidas. Para Wolton (1995), o campo abrange examinar tanto os meios como as sondagens, em especial nos períodos de disputas eleitorais. 

Oficinas de Formação DesJus 2024: Justiça Social, Questão Climática e Questão Habitacional: Três Temas, uma só Agenda

Por Jonathan Mendo. As recentes catástrofes ambientais, como as enchentes do Rio Grande Sul e as queimadas no interior de São Paulo, têm empurrado a questão climática para o centro do debate político envolvendo as eleições municipais de 2024. Isto poderia ser analisado como algo positivo, já que as mudanças do clima têm demandado cada vez mais uma ação coordenada do poder público para a mitigação e a adaptação dos seus efeitos sobre nossas vidas. Mas a verdade é que essas questões já eram urgentes muito antes dessas catástrofes, alertadas por especialistas e acadêmicos estudiosos da questão e infelizmente negligenciada pelo poder público em âmbito regional, nacional e global.

O Brasil na presidência do G20 e a iniciativa de bioeconomia

Por Isaías Albertin de Moraes. Em 1º de dezembro de 2023, o Brasil assumiu a presidência do G20 com o lema “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável”. O G20, criado em 1999, é composto pelas dezenove maiores economias do mundo, além da União Europeia. Durante a Cúpula realizada em outubro de 2022 em Nova Déli, na Índia, o grupo foi expandido para incluir os 55 países da União Africana. O G20 responde por cerca de 90% do PIB mundial, 80% do comércio internacional e 2/3 da população mundial. O G20 não é uma organização internacional formal, o que significa que não conta com um secretariado permanente ou recursos próprios. Sua presidência é rotativa e acontece anualmente. Desde 2011, os líderes (chefes de Estado e de Governo) do G20 se reúnem anualmente. 

Marxismo negro: a revolução intelectual do Caribe

Por Petrônio Domingues e Fábio Nogueira de Oliveira. A população da diáspora africana cumpriu um papel basilar na história do capitalismo. Coagido e transportado desumanamente para a América por meio do tráfico transatlântico a partir do século XVI, esse segmento populacional constituiu parte crucial da economia colonial exportadora. Sem a exploração do trabalho escravo de milhões de africanos e africanas no chamado Novo Mundo e o escoamento da riqueza material por eles produzida para a Europa, dificilmente poderiam ter desenvolvido as condições objetivas para o advento, tanto da Revolução Industrial no Velho Continente, quanto do capitalismo como sistema mundial.

Entre as possibilidades da noite e o direito ao dia: a luta contínua das lésbicas

Por Nayane Victória Brassaroto de Macedo. O mês de agosto é celebrado como o Mês da Visibilidade Lésbica por concentrar duas datas significativas para o ativismo: o Dia Nacional do Orgulho Lésbico, em 19 de agosto, e o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, em 29 de agosto. A primeira data marca o Levante Lésbico no Ferro’s Bar, em São Paulo, na década de 1980, enquanto a segunda refere-se à criação do primeiro Seminário Nacional de Lésbicas (Senale) em 1996, no Rio de Janeiro, destacando o protagonismo das lésbicas negras na sua construção. Com a concentração dessas datas, agosto tornou-se um mês de celebração da resistência lésbica e de realização de diversos eventos no Brasil que buscam trazer visibilidade às pautas deste grupo.

Belém-PA: eleições para a prefeitura com muitos candidatos e disputa acirrada

Por Rodolfo Silva Marques. Em 2024, mais de 5.500 municípios terão eleições para a definição de prefeitos(as) e vereadores(as). Na região Norte, a capital do Pará, Belém, terá o total de 1.056.697 eleitores aptos a votar, de acordo com dados disponibilizados pelo Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE do Pará, 2024). 

A Contabilidade de Carbono e o Papel dos Biocombustíveis na Descarbonização: Implicações para o Brasil e o G20

Por Jefferson dos Santos Estevo, Laís Forti Thomaz e Amanda Duarte Gondim. A presidência do Brasil no G-20 tem produzido debates em diferentes temas e programas, recorrentes com o lema proposto pelo país, “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável”. As mudanças climáticas estão representadas nessa agenda, com a criação da Mobilização Global contra a Mudança do Clima, integrante das duas Trilhas de negociações, Sherpas e Finanças. Isso evidencia a importância da pauta climática na política doméstica e exterior do país. No grupo com as maiores economias globais, também estão inseridos os principais países emissores de Gases do Efeito Estufa (GEE). Cerca de 80% são provenientes dos membros do G-20, principalmente China, Estados Unidos , União Europeia e Índia.

Ciclo de Oficinas de Formação 2024 – Eleições em São Paulo: Construindo a Agenda de uma Cidade no Sul Global

Por Beatriz Rodrigues Sanchez, Mônica Oliveira e Raissa Wihby Ventura. Demonstrando um compromisso duradouro com a promoção de um debate informado e propositivo sobre questões-chave relacionadas às agendas políticas igualitárias, as Oficinas de Formação do Desjus continuam sua parceria com a Fundação Tide Setubal e passam a compor também com o Núcleo de Democracia e Ação Coletiva (NDAC) do Cebrap.

Cuba: Ontem e Hoje

Entrevistada: Vanessa Oliveira – Cubanista, Doutora em Ciências Humanas pela Universidade Federal do ABC e em Ciência da Informação e da Comunicação pela Universidade Paris VIII. Professora no Departamento de Jornalismo na PUC-SP e no Mackenzie e pesquisadora afiliada ao Instituto Alameda de Pesquisa Coletiva. Co-organizadora dos livros Entre a Utopia e o Cansaço: pensar Cuba na atualidade (editora Elefante, 2024) e De bala em prosa: vozes da resistência ao genocídio negro (Editora Elefante, 2020).