Desconstruindo a Ortodoxia: Violência de gênero no campo político brasileiro

Por Letícia Figueira Moutinho Kulaitis. São inúmeros os exemplos recentes que demonstram como a violência política de gênero impacta profundamente a trajetória de mulheres que ocuparam ou ocupam posições de destaque no cenário político brasileiro. Este fenômeno incide como um obstáculo significativo ao exercício pleno da representação política por mulheres, contribuindo para o enfraquecimento dos sistemas democráticos.
Relato do evento: “Oficinas de Formação do Desjus: Participação Social por uma Cidade mais Democrática: Desenhos e Desafios”

Por Gabriel Pinho Brochado. No dia 1º de outubro de 2024, o Desjus (CEBRAP), em parceria com a Fundação Tide Setúbal e com o Núcleo de Democracia e Ação Coletiva (NDAC-CEBRAP), realizou o evento “Participação Social por uma Cidade mais Democrática: Desenhos e Desafios”, recebendo os pesquisadores e professores José Szwako (IESP-UERJ) e Carolina Requena (CEM-USP) para discutir o modelo participativo, sua história, desenhos e desafios na cidade de São Paulo. A mediação ficou a cargo do professor Adrian Lavalle (DCP-USP/CEBRAP).
Guerras, G20 Brasil, e a construção de um novo internacionalismo

Por Gilberto Cunha Franca. Nos dias 18 e 19 de novembro, os chefes de Estado que integram o G20 estarão reunidos no Brasil. Ainda que incerta e menos provável, existe a possibilidade de ter na mesma mesa os presidentes dos EUA, Joe Biden, e da Rússia, Vladimir Putin, as duas maiores potências envolvidas direta ou indiretamente nas guerras da Ucrânia e da Faixa de Gaza, que agora se estende para o Líbano e para o Irã. Com o fracasso da ONU e do seu Conselho de Segurança em chegar a um acordo para sequer evitar o escalonamento dessas guerras, é mais provável que não se chegue a qualquer declaração nesse sentido no âmbito do G20. Entre polarizações geopolíticas que se sobrepõem aos acirramentos geoeconômicos, as potências e, diria, indiretamente os demais Estados do G20, parecem mais envolvidos no problema do que na solução.
Novas perspectivas nas eleições municipais: a polarização familialista em Belo Horizonte (MG) e em José da Penha (RN)

Por Helcimara Telles e Bruno Bicalho. As eleições municipais no Brasil vem apresentando mudanças significativas, com um gradual desmantelamento da antiga polarização, na contramão da tendência política em âmbito nacional. Esse ensaio abarca uma análise a partir de uma nova perspectiva sobre a polarização nas eleições municipais em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, e em José da Penha, uma pequena cidade do interior do Rio Grande do Norte. Diferentemente do cenário presidencial, onde a polarização se intensificou nos últimos anos entre esquerda e direita, a política municipal reflete um sistema proporcional que permite a diversificação de legendas. O Brasil não é bipartidário, pois, existem 29 partidos políticos legalizados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e isso se torna evidente nas eleições municipais, onde as legendas muitas vezes se articulam em torno de lideranças políticas, focadas em interesses locais mais do que em um programa nacional coeso.
“La historia es nuestra y la hacen los pueblos”: neoliberalismo, memória e sentidos da História após cinco anos do Estallido Social

Por Carlos Eduardo Rezende Landim. “Chile será la tumba del neoliberalismo”; “que nos devuelvan la vida que nos robaron”; “nos deben treinta años”; “no volveremos a la normalidad, porque la normalidad es el problema”. Eis algumas das elocuções mais registradas e entoadas por manifestantes que se rebelaram em outubro de 2019 no Chile, durante a onda de protestos que passou para a história como o estallido social. Iniciados após o aumento do valor da passagem do metrô de Santiago, em um primeiro momento, os protestos tinham demandas específicas de revogação do decreto que prejudicava parte da população mais vulnerável. Entretanto, o curso dos acontecimentos politizou o “mal-estar”, causando grandes fraturas sociais e escancarou caminhos para reversão de um modelo de gestão da vida social sustentado no neoliberalismo (Limón, 2021, p. 10).
O Desafio na Representação Legislativa Carioca

Por Vagner Gomes de Souza. As eleições municipais de 2024 são a primeira de âmbito local na terceira década deste século e a primeira realizada após o anúncio do fim da pandemia da Covid-19. Em 2020, a abstenção eleitoral chegou a números elevados, o que pode ter impactado em muitos resultados eleitorais majoritários, com certeza, isso ocorreu nas eleições legislativas em que o sistema é proporcional. A redução do coeficiente eleitoral por conta do crescimento do não voto (abstenção, brancos e nulos) beneficia ou prejudica as candidaturas mais “ideológicas” ou consolidadas em grandes máquinas eleitorais?
Amazônia e o Financiamento Sustentável no G 20

Por Carlos Siqueira e Edir Veiga. Neste texto abordamos o tema das finanças sustentáveis no G-20 e a possibilidade de que o governo brasileiro consiga ampliar ou acessar novas fontes de financiamento para a conservação da Amazônia. O Brasil já conta com os fundos Amazônia e o do Clima. Para isso, busca mobilizar recursos financeiros dos Estados e dos diferentes fundos que existem hoje para financiar medidas de enfrentamento à emergência climática. Entre esses fundos, voltados para a conservação e preservação ambiental, destacamos o Green Climate Fund (GCF), Global Environment Facility (GEF), Climate Investment Fund (CIF), e o Adaptation Fund (AF). No geral, o objetivo central desses fundos é aportar recursos nos países do Sul Global para custear projetos de proteção dos diferentes ecossistemas, biodiversidade e mudanças climáticas.
Entre Foucault e Nussbaum: As Pessoas com Deficiência na Sociedade

Por Erika Neder dos Santos. A história das pessoas com deficiência é marcada por séculos de marginalização e exclusão social. Por muito tempo, elas foram consideradas incapazes de contribuir para a sociedade e, por isso, foram relegadas a uma posição de inferioridade e dependência. No entanto, pode-se dizer que, nas últimas décadas, movimentos sociais em defesa dos direitos das pessoas com deficiência têm buscado mudar essa realidade. Duas das principais correntes teóricas que influenciaram esse movimento foram os pensamentos de Michel Foucault e Martha Nussbaum.
Universidade, Cotidiano e Delicadeza: uma mensagem de agradecimento a Gabriel Cohn, em seu aniversário de 86 anos

Por Maria Aparecida Azevedo Abreu. Neste 29 de dezembro de 2024, Gabriel Cohn completa 86 anos. Visitá-lo recentemente e encontrá-lo bem-humorado, disposto e lúcido, para uma conversa de cerca de três horas, junto com Amélia Cohn, sua companheira de vida, foi uma daquelas alegrias que nos nutrem por semanas. Sou amiga de Gabriel há 24 anos, tendo sido orientanda dele durante os primeiros nove anos.
Comunicado da ARBRE contra a Extrema Direita

O Boletim Lua Nova publica o comunicado da Association pour la Recherche sur le Brésil en Europe (ARBRE – Associação para a pesquisa sobre o Brasil na Europa) contra a extrema direita, escrito na ocasião das eleições legislativas francesas, e que se mantém atual também no contexto das eleições municipais no Brasil. Agradecemos à ARBRE por autorizar a tradução e publicação deste comunicado.