Política e Meio Ambiente no Maranhão: (des)conexões entre atuação parlamentar, voto e agenda ambiental

Por Arleth Santos Borges e Marcelo Fontenelle e Silva. ndependente do posicionamento no espectro ideológico, pensar o meio ambiente requer atenção à sua relação com a política. Não à toa, tantas atenções estiveram voltadas para a recente reunião dos oito presidentes dos países com território amazônico – a Cúpula da Amazônia, que ocorreu nos dias 08 e 09 de agosto, em Belém-PA. Desde, pelo menos, o fim da década de 1970 esse assunto entrou em pauta e tem ganhado importância e sentido de urgência, seguindo o diapasão do agravamento dos desequilíbrios climáticos. Apesar disso, ainda é grande a desproporção entre a emergência ambiental e a responsabilização dos agentes políticos com essa pauta, sejam estes agentes gestores públicos, partidos políticos ou mesmo eleitores.

Gênero é justo? Reflexões sobre o trabalho “invisível” no ambiente doméstico e justiça na obra de Susan Okin

Por Júlia Hirschle, Lidiane Vieira e Mariane Matos. O trabalho na esfera doméstica dificilmente é compreendido e valorizado enquanto tal. As atividades repetitivas que implicam a reprodução da vida, também, dificilmente são remuneradas. Ninguém nos paga por lavar nossas roupas e de nossa família, limpar o chão das nossas casas e cozinhar diariamente para todos. No entanto, nenhum de nós é capaz de viver sem que essas tarefas sejam cumpridas. Por isso, o trabalho no ambiente doméstico é invisível: está presente no nosso cotidiano, mas ocupa um não-lugar. Isto decorre do fato de que não o enxergamos como um trabalho produtivo, mas seria possível pensar a organização e o andar da economia e do mundo do trabalho formal na ausência de pessoas responsáveis pelas atividades domésticas?

Carl Schmitt e a crítica à República de Weimar: diagnóstico jurídico político ou legitimação do autoritarismo como prática política?

Por Alice de Souza Araújo. A República Alemã, sistema de governo vigente entre 1919 e 1933 e tradicionalmente conhecida como República de Weimar, foi um momento importante da história da Alemanha. Localizada entre um governo imperial e um nazista e entre duas guerras mundiais, a incipiente república foi largamente disputada e analisada por seus contemporâneos. Um deles, o jurista e teórico político Carl Schmitt, despontou como um de seus mais controversos críticos e deu fôlego teórico a concepções antidemocráticas e conservadoras da política de sua época.

O governo ambiental no Brasil: uma análise a partir dos processos de avaliação de impacto ambiental

Por Pedro Henrique R. Vasques. No livro “O governo ambiental no Brasil: uma análise a partir dos processos de avaliação de impacto ambiental” (Unicamp, 2023), analiso a emergência de uma racionalidade de gestão ambiental no Brasil por meio de um instrumento específico, qual seja, a avaliação de impacto. Tomando-a por uma ferramenta de operacionalização da política pública, esta é observada no âmbito dos processos administrativos de licenciamento de empreendimentos e atividades de significativo impacto a partir da segunda metade do século XX por meio dos esquemas teóricos oferecidos por Foucault, fundamentalmente no que diz respeito à governamentalidade.

Fascismo: Revolução ou Contrarrevolução

Por Lucas Barcos Rodrigues. Não é incomum encontrarmos atores políticos que se referem ao Golpe Militar de 1964 no Brasil como uma “Revolução”. Servidores do Inep realizaram denúncias pelo jornal Folha de S.Paulo, em 2021 , após o então presidente Jair Bolsonaro ter pedido ao então ministro da Educação Milton Ribeiro para que trocasse o termo “Golpe” por “Revolução” nas provas do Enem daquele ano. Da mesma maneira que não há um esclarecimento devido quanto ao ocorrido no Brasil, ao ponto do próprio presidente preferir se referir a ele como uma Revolução, o mesmo se aplica para o caso do Fascismo e do Nazismo na Europa na primeira metade do século XX.

“Se gritar pega Centrão, não fica um meu irmão!”

Por Ednaldo Ribeiro e Julian Borba. As eleições de 2018 levaram ao poder um líder populista de direita com discurso fortemente antissistema que constantemente deslegitimava instituições centrais do sistema político nacional, como os partidos. Fuks, Ribeiro e Borba (FUKS; RIBEIRO; BORBA, 2021) apontaram que nesse contexto eleitoral o antipartidarismo generalizado, ou seja, direcionando a todas as legendas, cresceu e foi bastante relevante para o resultado final da disputa.

Ultraconservadorismo católico é parte da erosão democrática brasileira? 

Por Brenda Carranza e Ana Claudia Teixeira. Essa é uma pergunta que nos fizemos numa longa caminhada num parque campineiro. Empolgadas começamos a fazer conexões sobre a possível aproximação performática entre o bolsonarismo e alguns grupos ultraconservadores católicos e nos perguntamos se haveria alguma afinidade que reforça mecanismos de desdemocratização institucional. Mais passeios, mais perguntas, mais associações. Resolvemos, então, juntar as nossas pesquisas e nossas bagagens teóricas, por um lado sócio-antropologia da religião, por outro ciência política. Das caminhadas animadas para as idas e voltas de versões do artigo que virou promessa para socializarmos as nossas reflexões matinais.

“Eu Sou Môfí”: programas policialescos versus a luta por reconhecimento da juventude negra na Paraíba

Por Hermana Oliveira. Este texto deriva de um conjunto de reflexões reunidas em dois principais trabalhos acadêmicos elaborados entre os anos de 2014 e 2018, sendo o último, a dissertação de mestrado intitulada ““Eu sou môfí”: juventude periférica, indústria cultural e luta por reconhecimento”. A partir do exercício permanente de etnografia urbana acerca dos intitulados rolezinhos foi possível discutir processos que engendram artefatos da modernidade com marcadores sociais da diferença.

Cinquenta anos sem Hans Kelsen: homenagem e reflexão sobre o seu legado jurídico e político

Por Cristina Foroni Consani. Em 2023 completam-se 50 anos que Hans Kelsen faleceu, aos 92 anos, na cidade estadunidense de Berkeley. Como legado, deixou mais de 400 obras, muitas das quais foram traduzidas para mais de vinte idiomas. Certamente um dos mais importantes juristas do século XX, sua influência permanece não apenas na teoria do direito, mas também na filosofia do direito (com suas discussões a respeito da justiça e do direito natural, assim como do relativismo e do absolutismo no campo epistêmico, e da paz como valor no âmbito das relações internacionais), da sociologia (com foco nos temas da causalidade e da retribuição) e da teoria política (com análises a respeito da Constituição, do Estado, da democracia, da representação, da ideologia, do papel do poder legislativo e dos partidos políticos) – cf. Ladavac, 1998.

A violação aos direitos humanos no Brasil e a sua relação com o racismo de Estado: um olhar através das narrativas visuais

Por Maria Lucia R. da Cruz e Iverson Custódio Kachenski. O artigo Direitos humanos e narrativas visuais do racismo de estado no Brasil publicado pela Confluências – Revista Interdisciplinar de Sociologia e Direito da Universidade Federal Fluminense (UFF) se trata de uma análise interdisciplinar dos processos de violação aos Direitos Humanos no Brasil e a sua relação com o racismo de estado. Nesse sentido, recorremos a fontes imagéticas (da pintura de Debret a imagens capturadas por câmeras de vigilância) que concentram narrativas visuais dos enquadramentos de violência exercidas sobre corpos de pessoas negras.