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Início > Debating American Primacy in the Middle East

Das “Ruas Árabes” às Elites em Aliança: as contradições e tensionamentos da primazia americana no Oriente Médio após o 07 de outubro de 2023

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Karime Ahmad Borraschi Cheaito[1]

Rodrigo Amaral[2]

24 de setembro de 2025[3]

***

Esta Série Especial do Boletim Lua Nova publicará, ao longo das próximas semanas, reflexões de pesquisadoras e pesquisadores do Grupo de Estudos sobre Conflitos Internacionais (GECI/PUC-SP), desenvolvidas no 1º semestre de 2025 a partir de um ciclo de leituras e debates em torno de Debating American Primacy in the Middle East, organizado pelo Project on Middle East Political Science (POMEPS) e pelo Mershon Center for International Security Studies, da The Ohio State University.

Os textos que seguem convidam ao diálogo sobre a centralidade do genocídio em Gaza nas dinâmicas de poder no Oriente Médio e sobre como os acontecimentos desde 7 de outubro de 2023 evidenciam as múltiplas contradições da hegemonia dos Estados Unidos na ordem regional. Os textos já publicados podem ser conferidos aqui.[1] 

                                                           ***

            Pensar e debater a hegemonia e a legitimidade estadunidense no sistema internacional não é um movimento novo. No entanto, no compilado de ensaios publicados em fevereiro de 2025 pelo Project on Middle East Political Science (POMEPS) e Mershon Center for International Security Studies, da Universidade de Ohio, intitulado Debating American Primacy in the Middle East, torna-se notório que essas duas variáveis permanecem fundamentais ao analisar os interesses e atuações dos Estados Unidos (EUA) no Oriente Médio.

            Este ensaio visa apresentar uma reflexão sobre a hegemonia americana no Oriente Médio, especialmente no contexto da segunda presidência de Donald Trump. Considerando fatores internacionais, a hegemonia estadunidense não tem sido contestada apenas por atores regionais, como o Irã, ou pela ascensão de potências como China e Rússia, mas, no caso específico do Oriente Médio, ela é constantemente contestada por atores não-estatais armados, como Hamas, em Gaza, e Hezbollah, no Líbano. Em nosso argumento, a primazia americana não desapareceu, mas uma possível hegemonia tem sido historicamente desafiada.

Elham Fakhro[4], no texto The Gulf States in the Multipolar Transition, afirma que, desde o colapso da União Soviética em 1989, os EUA desfrutam uma posição de hegemon em um mundo unipolar. F. Gregory Gause III[5], em Hegemony, Unipolarity and American Failure in the Middle East, define o hegemon como um poder defensor do status quo. Para estes, a hegemonia seria sinônimo de paz, como demonstrado pelas expressões Pax Romana e Pax Britannica. Portanto, analogamente podemos interpretar a Pax Americana como o período cuja manutenção do bloco histórico liberal internacional-ocidental estaria sólido, em estabilidade. No entanto, os acontecimentos no Oriente Médio na segunda metade do século XX e no século XXI demonstraram que esse ideal não se concretizou de forma inequívoca.

Nesse sentido, ao retomar a máxima gramsciana de que os processos hegemônicos vão além do uso da força, a construção de consenso e processos de legitimação se evidenciam como fundamentais. Assim, podemos ler a distinção entre poder material e legitimação feita por Gause III, o qual expõe que, na área das Relações Internacionais, pesquisas sobre hegemonia têm argumentado que a preponderância de poder material é uma condição necessária, mas não suficiente, para que a hegemonia exista. Seria necessário, de forma complementar, o elemento da aceitação da liderança do hegemon, ou seja, a sua legitimação pelos dominados.

Daniel Nexon descreve sobre as ordens hegemônicas em US Primacy and the New Hegemony Studies e observa que as teorias das Relações Internacionais têm, geralmente, observado o mundo a partir de “objetos estáticos”, com a hegemonia sendo reduzida a “estoques” de primazia militar e econômica. Nessa percepção, primazia e hegemonia são entendidos como sinônimos e “somente o poder ‘duro’ ou ‘material’ (às vezes econômico, mas sempre militar) realmente importa” (Nexon, 2025, p. 64).

Se, por um lado, esses autores ressaltam a necessidade de explorar outros fatores de poder para além do militar para compreender a primazia dos EUA no Oriente Médio, é inegável a permanência da sua pujança militar na região. Ao observar a atuação das Forças Armadas dos EUA no mundo, notamos como ela está presente, direta ou indiretamente, em todas as regiões, o que corrobora com o argumento apresentado por Dana el Kurd[6] no texto intitulado American Order: Palestine and Authoritarianism in the Arab World. Os Estados Unidos mantêm grande presença militar no Oriente Médio há décadas, estacionando atualmente entre 40.000 e 50.000 soldados em pelo menos 19 locais, como o Iraque, Síria, Kuwait, Qatar, Emirados Árabes Unidos e outros.

Kurd expõe que essa chamada “ordem internacional” tem operado de formas diferentes entre as regiões: em determinados locais, prevalece a legitimidade e o diálogo com atores domésticos; em outros, o controle coercitivo e a aliança autoritária. A Questão Palestina – e a posição dos Estados Unidos sobre Israel – tem historicamente moldado a relação dos EUA com a região, onde tem se caracterizado mais o uso do controle coercitivo e a aliança com regimes autoritários. Nessa linha, Kurd descreve como os EUA têm apoiado e reproduzido, de forma direta e indireta, o autoritarismo para apoiar seus próprios interesses. Além disso, o apoio incondicional a Israel não apenas fortaleceu práticas autoritárias, como também prejudicou sua legitimidade regional, manifesta nos movimentos antiamericanistas desde a década de 1970. Como forma de evidenciar isso, podemos citar pesquisas como a do Arab Opinion Index (2022, 2024) que indicam que a maioria das populações árabes, mesmo em países com tratados de paz com Israel, considera os EUA parciais e cúmplices da repressão israelense. Após o inicio do genocídio em Gaza, protestos populares em países aliados dos EUA — como Jordânia, Egito e Marrocos — apontavam os EUA como responsáveis diretos pelos crimes de guerra israelenses.

Gause III, então, propõe o questionamento: será que em algum momento os EUA foram realmente “hegemônicos” na região? O pesquisador argumenta que os EUA não teriam conquistado hegemonia devido a resistências locais. Em outras palavras, apesar do poder coercitivo, a legitimidade – elemento central da hegemonia – teria enfrentado resistência. Desse modo, para o autor, a posição regional dos EUA seria melhor compreendida a partir da concepção de unipolaridade. Em sua definição, a unipolaridade consiste na dominância das capacidades de poder sem a necessidade de um consenso ideológico subjacente que legitime a subordinação aos EUA. Essa mudança analítica ajudaria a explicar, por exemplo, a ausência de “estabilidade hegemônica” no Oriente Médio.

Além desse debate, a hegemonia dos EUA – ou sua crise – tem sido analisada a partir da ascensão de países como China e Rússia no Oriente Médio. Nexon denomina o período de crescimento chinês de “terceira onda” dos estudos sobre hegemonia e afirma que a maioria dos analistas e governos estariam de acordo que a chamada “era da unipolaridade” dos EUA teria chegado ao fim. No entanto, essa ascensão representa, de fato, uma ameaça ou, ainda, uma substituição da dominância global e, especificamente, regional estadunidense?

Em nosso argumento e análise, observamos que o surgimento de outras potências e o estabelecimento de articulações e alianças com países do Oriente Médio não representa, eventualmente, que os EUA estariam perdendo sua primazia regional, principalmente no que se refere a presença militar na região. Stacie Goddard[7], em Legitimation and Hypocrisy in Gaza: Implications for the LIO, observa que, no espaço médio-oriental, os EUA têm atuado consistentemente de acordo com seus interesses, independentemente da ascensão de outras potências e dos princípios e procedimentos liberais. O genocídio em Gaza e o apoio estadunidense à Israel, tanto no governo de Joe Biden como de seu sucessor, Donald Trump, ilustra e exemplifica esse ponto, mesmo com os dados de que a opinião pública estadunidense sobre as ações militares israelenses em Gaza e o apoio dos EUA revelou que menos de ⅓ dos cidadãos dos EUA as aprovam.

Em uma retomada histórica, Gause III argumenta que, em diferentes proporções, os EUA têm apresentado uma atuação política mal-sucedida para a região desde o ponto alto da Guerra do Golfo (1990-1991). Nexon, nessa mesma linha, aborda sobre a Guerra Global ao Terror, iniciada após os atentados em 11 de setembro de 2001, e como esta criou precedentes para negar direitos básicos a qualquer pessoa rotulada como “terrorista” e resultou na doutrina da “preempção” para justificar invasões – sob o nome de intervenções – no Oriente Médio. Fakhro destaca em sua análise a invasão ao Iraque em 2003 e os “danos irreparáveis” causados à imagem de Washington. Por fim, Goddard apresenta como o genocídio em Gaza e a escala da hipocrisia dos EUA têm minado a legitimidade dessa ordem e a posição estadunidense como hegemon nas relações internacionais.

Observamos, contudo, que apesar das críticas regionais e populares advindas das chamadas “ruas árabes” e da ascensão de movimentos de resistência contra a presença, interferência e influência dos EUA no Oriente Médio desde o século XX, o seu poderio militar, seu diálogo com as elites políticas árabes e seu apoio inabalável à Israel permaneceram não só intactos, como se fortaleceram. Um exemplo foi a assinatura dos Acordos de Abraão em 2020, que permitiu com que Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Marrocos normalizassem as relações com seu principal aliado regional, Israel.

O 7 de outubro de 2023 e o início de uma campanha de limpeza étnica na Faixa de Gaza, com o apoio direto dos EUA, retorna esse debate. Para Kurd, os EUA se mostraram dispostos a colocar suas articulações regionais em “xeque” em troca da continuidade ao apoio incondicional à Israel. Esse fato tem fortalecido os argumentos historicamente utilizados pelo chamado Eixo da Resistência – bloco informal composto pelo Irã e um conjunto de atores não-estatais armados do Oriente Médio – o qual tem afirmado que, independente das relações estabelecidas entre as elites políticas árabes e os EUA, este segundo não mediria esforços para manter, a qualquer custo, a posição regional de poder do seu aliado israelense.

Embora, em nosso argumento, a primazia militar dos EUA no Oriente Médio permaneça dominante, é fato que o multilateralismo tem desafiado a potência americana em outros setores, principalmente econômico. Fakhro demonstra como a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, por exemplo, têm buscado uma diversificação de parcerias para atender seus próprios interesses nacionais. O estabelecimento de parcerias econômicas e acordos políticos com países como China e Rússia tem despertado a atenção – e a preocupação – dos EUA.

É inerente às pretensões hegemônicas dos Estados Unidos buscar o apoio de elites locais ou buscar eliminar politicamente grupos considerados hostis, a fim de consolidar realidades políticas alinhadas a seus objetivos geopolíticos. No entanto, o Oriente Médio apresenta uma particularidade relevante: a persistência de resistências que dificultam a consolidação da hegemonia americana na região. Por essa razão, em nossas reflexões entendemos que é primordial diferenciar primazia e hegemonia para analisar o tipo de poder exercido pelos EUA no Oriente Médio e seus dilemas.

Nesse cenário, o Oriente Médio evidencia não apenas os limites e permanências, em um movimento contraditório, das pretensões hegemônicas dos EUA, mas também as fissuras de um sistema internacional em constante disputa, cujos desdobramentos ainda são incertos.

* Este texto não reflete necessariamente as opiniões do Boletim Lua Nova ou do CEDEC. Gosta do nosso trabalho? Apoie o Boletim Lua Nova! 


[1] Doutoranda em Relações Internacionais pelo Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas (UNESP/UNICAMP/PUC-SP); pesquisadora do Grupo de Estudos sobre Conflitos Internacionais (GECI/PUC-SP). E-mail: karime.cheaito@unesp.br

[2] Professor de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP). Doutor em Relações Internacionais pelo Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas (UNESP/UNICAMP/PUC-SP); pesquisador do Grupo de Estudos sobre Conflitos Internacionais (GECI/PUC-SP) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Estudos sobre os Estados Unidos (INCT-INEU). E-mail: radamaral@pucsp.br

[3]  Esse ensaio é resultado dos debates e reflexões do Ciclo de Leituras promovido pelo Grupo de Estudos sobre Conflitos Internacionais (GECI-PUCSP), realizado entre fevereiro e junho de 2025.

[4] Elham Fakhro é membra da Iniciativa para o Oriente Médio da Harvard Kennedy School.

[5] F. Gregory Gause III é pesquisador visitante no Middle East Institute e professor emérito de Relações Internacionais na Texas A&M University.

[6] Dana El Kurd é professora assistente no Departamento de Ciência Política da Universidade de Richmond e pesquisadora sênior não residente do Arab Center Washington.

[7] Stacie Goddard é professora de Ciência Política no Wellesley College.


Referência imagética: “uma bandeira americana está voando ao vento”. Imagem disponível em: https://unsplash.com/pt-br/fotografias/uma-bandeira-americana-esta-voando-ao-vento-s__ZwU5BThs

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