Ir para o conteúdo
Juntos, vamos continuar a pensar a democracia.
Contribua para a manutenção do Boletim Lua Nova.
Doe e vire um apoiador
boletim-lua-nova 002203
  • Início
  • Colunas
    • Colaborações Externas
    • Cultura e Política
    • Direitos e Direitos Humanos
    • Meio Ambiente e Migrações
    • Política Internacional e Estados Unidos
    • Política Nacional
    • Sociedade, Trabalho e Ação Coletiva
    • Tecnologias Digitais e Sociedade
  • Periódicos CEDEC
    • Boletim Lua Nova
    • Revista Lua Nova
    • Cadernos CEDEC
  • Eventos
  • CEDEC
  • Contato
  • Início
  • Colunas
    • Colaborações Externas
    • Cultura e Política
    • Direitos e Direitos Humanos
    • Meio Ambiente e Migrações
    • Política Internacional e Estados Unidos
    • Política Nacional
    • Sociedade, Trabalho e Ação Coletiva
    • Tecnologias Digitais e Sociedade
  • Periódicos CEDEC
    • Boletim Lua Nova
    • Revista Lua Nova
    • Cadernos CEDEC
  • Eventos
  • CEDEC
  • Contato
Twitter Facebook-f Instagram Youtube
Criar conta
Login
  • Início
  • Colunas
    • Colaborações Externas
    • Cultura e Política
    • Direitos e Direitos Humanos
    • Meio Ambiente e Migrações
    • Política Internacional e Estados Unidos
    • Política Nacional
    • Sociedade, Trabalho e Ação Coletiva
    • Tecnologias Digitais e Sociedade
  • Periódicos CEDEC
    • Boletim Lua Nova
    • Revista Lua Nova
    • Cadernos CEDEC
  • Eventos
  • CEDEC
  • Contato
  • Início
  • Colunas
    • Colaborações Externas
    • Cultura e Política
    • Direitos e Direitos Humanos
    • Meio Ambiente e Migrações
    • Política Internacional e Estados Unidos
    • Política Nacional
    • Sociedade, Trabalho e Ação Coletiva
    • Tecnologias Digitais e Sociedade
  • Periódicos CEDEC
    • Boletim Lua Nova
    • Revista Lua Nova
    • Cadernos CEDEC
  • Eventos
  • CEDEC
  • Contato

Início > Debating American Primacy in the Middle East | Genocídio em Gaza

Segurança, morte e capitalismo: as empresas militares privadas entre a primazia dos EUA no Oriente Médio e a busca incessante por lucros

Download PDF 📄

João Fernando Finazzi1
Clara Westin2
Victoria Ferreira3

3 de outubro de 2025

***

Esta Série Especial do Boletim Lua Nova publicou, ao longo das últimas semanas, reflexões de pesquisadoras e pesquisadores do Grupo de Estudos sobre Conflitos Internacionais (GECI/PUC-SP), desenvolvidas no 1º semestre de 2025 a partir de um ciclo de leituras e debates em torno de Debating American Primacy in the Middle East, organizado pelo Project on Middle East Political Science (POMEPS) e pelo Mershon Center for International Security Studies, da The Ohio State University.

Os textos convidaram ao diálogo sobre a centralidade do genocídio em Gaza nas dinâmicas de poder no Oriente Médio e sobre como os acontecimentos desde 7 de outubro de 2023 evidenciam as múltiplas contradições da hegemonia dos Estados Unidos na ordem regional. Os textos já publicados podem ser conferidos aqui.

***

Ao refletirmos sobre a primazia dos EUA e a ocorrência de várias guerras no Oriente Médio, por vezes tendemos a observar os conflitos armados como momentos de ruptura, insistindo em classificá-los como acontecimentos tão indesejados quanto excepcionais. Durante as guerras, jornais e institutos de pesquisa expõem com frequência os custos econômicos causados pela destruição, enquanto muitos analistas ponderam as falhas cometidas pelos EUA em garantir uma ordem pacífica e estável na região.

Esta narrativa, no entanto, omite alguns aspectos cruciais sobre a lucratividade que a morte causada pelos conflitos internacionais e outras situações de violência pode oferecer para algumas corporações privadas. Recentemente, a relatora da ONU sobre os direitos humanos nos territórios palestinos ocupados, Francesca Albanese, divulgou um documento que lança luz para os laços corporativos que unem interesses econômicos com a manutenção da violência extrema vivida pelos palestinos. No relatório intitulado “Da Economia da Ocupação à Economia do Genocídio”, Albanese chama a atenção para a estrutura econômica formada por corporações que lucram constantemente com o status quo genocida.

Mas, além das corporações que lucram com um contexto de manutenção da violência, existem também aquelas que lucram diretamente com o próprio exercício da violência, como é o caso das grandes corporações ligadas à guerra (PMC), entidades com fins lucrativos que dependem do financiamento público e auxiliam os esforços militares dos Estados Unidos. No texto intitulado Forever War for Profit: The United States, Israel/Palestine, and the Global Corporate Security Economy e publicado no dossiê POMEPS, Zaynab Quadri4, mais do que realçar essa lucratividade, também identifica a existência de uma relação de mútuo fortalecimento entre as PMC e o governo dos EUA. Quadri destaca a co-constituição entre o poder corporativo, formado pelas PMC, e o poder governamental, ligado às altas estruturas da burocracia do Estado norte-americano, como a Presidência e o Congresso. Por meio de uma lógica de retroalimentação, as PMCs são mantidas pelo poder dos Estados Unidos e pelos dólares arrecadados e distribuídos pelo Departamento do Tesouro, ao mesmo tempo em que o poder militar do Estado norte-americano se fundamenta na esfera internacional na sua capacidade bélica e de alta tecnologia mantida pela atuação destas grandes corporações. 

Para Quadri, estas articulações compõem uma governança securitizada corporativa (securitized corporate governance): um conjunto formado por aspectos “domésticos”, “estrangeiros”, “privados” e “públicos”, articulado pela relação entre as grandes corporações que lucram com os empreendimentos imperiais dos EUA, feitos por meio de “guerras por contratos privados”, e com os processos de reconstrução pós-conflito. Trata-se de um sistema que desloca o centro do poder civil federal para as corporações e opera com impunidade ao evadir os mecanismos de responsabilização democrática.

Esta perspectiva desafia interpretações que entendem a guerra como um elemento anormal ou excepcional da política internacional. Ela nos encaminha para uma visão que reconhece a realização de ganhos mútuos com a manutenção de “guerras eternas” tanto para o Estado quanto para as PMCs. Estes ganhos ocorrem em termos de manutenção do predomínio do domínio militar dos Estados Unidos, e em termos de recursos financeiros para atores internos da sociedade norte-americana, notadamente as PMC. Dessa forma, as rápidas transformações da corrida tecnológica pressionam para um aumento da dependência dos EUA das PMCs para manter seu predomínio militar inconteste no sistema internacional, em geral, e no Oriente Médio, em particular.

A Gaza Humanitarian Foundation e o genocídio em Gaza

Dentre as PMCs, podemos destacar as empresas militares privadas. Entre a sua sistemática implementação peos EUA no Oriente Médio, um caso recente ganhou destaque midiático. Em 2025, a entrada da Gaza Humanitarian Foundation (GHF) em solo palestino marca a expansão desse modelo ao apoiar o genocídio em curso na faixa de Gaza. Pela primeira vez desde 2003, empresas norte-americanas passaram a atuar em Gaza. 

A Gaza Humanitarian Foundation (GHF), uma organização privada americana criada em fevereiro de 2025, em Delaware, nos EUA, foi contratada pelo governo de Israel com o apoio do governo norte-americano, para atuar em Gaza no contexto da assinatura de um acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas em janeiro de 2025. Mas, mesmo após a quebra do cessar-fogo por Israel em março, as empresas norte-americanas mantiveram suas atividades em Gaza. 

A GHF faz parte de um consórcio apoiado e mediado por Qatar, Egito e EUA e envolve três empresas estrangeiras. Entre elas, estão uma empresa egípcia e duas norte-americanas: UG Solutions e Safe Reach Solutions (SRS).  Atuando diretamente com a GHF, UG Solutions e SRS participam do genocídio palestino e auxiliam a operação israelense de militarização e instrumentalização da ajuda humanitária. Suas funções incluem o controle de checkpoints entre o sul e norte de Gaza, vistorias de veículos, leitura de reconhecimento facial de palestinos e a segurança da GHF. Com a suspensão por parte de Israel da permissão da atuação de ONGs e agências da ONU que oferecem ajuda humanitária em Gaza, a GHF passou desde o início das suas operações, no final de maio de 2025, a ajudar a atrair e concentrar os palestinos em pontos de suposto fornecimento de alimentos, remédios e água, que se revelam como uma verdadeira armadilha de “camuflagem humanitária”, nos dizeres de Francesca Albanese.

Desde o início dos ataques a Gaza, Israel proibiu a atuação de outras ONGs e agências internacionais, como a UNRWA. O cerco reduziu os 400 postos de assistência espalhados pela faixa para apenas quatro, sendo três destes concentrados no sul. Ao todo, mais de 700 palestinos foram mortos e 5.000 foram feridos em postos de coleta da GHF desde o início das operações da empresa.

O uso das empresas militares privadas pelos EUA no Iraque e Afeganistão

Traçamos um paralelo entre a introdução de empresas militares privadas estadunidenses em Gaza e sua utilização historicamente no Oriente Médio, especialmente nas intervenções norte-americanas no Iraque e Afeganistão. Entre 2004 e 2008, foram mais de 163.000 civis contratados pelas PMCs no Iraque. Apenas durante a operação Iraqi Freedom em 2011, o Departamento de Defesa dos EUA contou com mais de 64.000 profissionais contratados e 45.000 militares. No Afeganistão, contratados civis aumentaram de 36.000, em 2007, para 255.000 em 2009. 

Muitas das empresas privadas de segurança foram formadas por agentes privados que passaram pelos serviços de inteligência e das forças militares dos EUA. Sua atuação tem se destacado como uma alavanca estratégica nos cenários de guerra e ocupação impulsionados pelos Estados Unidos ao longo das últimas décadas. Para os EUA, a utilização das PMC permitiu diluir o ônus político da guerra e dificultar a imputação de responsabilidades. Seja em Gaza ou no Afeganistão, essas empresas (como a DynCorp, Academi e a Triple Canopy) servem para obscurecer responsabilidades e são um instrumento utilizado para ampliar o poder militar estadunidense. Para as elites norte-americanas, a “terceirização da guerra” trouxe vantagens ao permitir gerenciar riscos políticos com potencial de impactar de forma significativa a opinião pública norte-americana, como aqueles relativos à preservação da vida de combatentes e civis, e à responsabilização de ações violentas norte-americanas.

Além da dificuldade da responsabilização jurídica das PMC e da sua importância como forma de obscurecer as suas relações com os tomadores de decisão, outras pesquisas têm realçado os aspectos econômicos da relação entre essas organizações, o complexo industrial-militar norte-americano e as guerras contemporâneas. Em 2021, o Wall Street Journal estimou que as empresas militares privadas receberam entre metade a um terço dos 14 trilhões de dólares que foram gastos pelo Pentágono somente durante as guerras e ocupações do Iraque e do Afeganistão (2001-2021). 

Máquinas privadas de segurança, morte e capitalismo

A atual entrada das empresas militares privadas norte-americanas em Gaza exemplifica a interação entre os setores público e privado dos EUA. Foi divulgado recentemente que a segunda maior empresa de consultoria mundial, a estadunidense Boston Consulting Group (BCG), teria atuado na concepção da GHF e em um plano financeiro para realocação voluntária de palestinos, dando materialidade ao vídeo divulgado por Trump da reconstrução de Gaza. Adicionalmente, o fundador da SRS, Phil Reilly, ex-agente da CIA, atuou na Nicarágua, no Iraque e no Afeganistão e possui histórico de atuação na BCG. Em último lugar, Netanyahu também atuou na própria BCG na década de 1970. Isso corrobora a argumentação de Quadri quanto à interação decisiva entre o poder corporativo e governamental em uma espécie de simbiose público-privada e local-global. 

Seja no Iraque, Afeganistão e, mais recentemente, na Palestina, o uso de PMCs beneficia as estratégias norte-americanas e diminui o ônus político na manutenção de guerras permanentes, assim como as guerras infindáveis e o próprio genocídio ajudam a sustentar uma economia da morte.

*Este texto não reflete necessariamente as opiniões do Boletim Lua Nova ou do CEDEC. Gosta do nosso trabalho? Apoie o Boletim Lua Nova! 


  1. Professor substituto no Instituto de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Uberlândia, pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Estudos sobre Estados Unidos (INCT-INEU), do Grupo de Estudos sobre Conflitos Internacionais (GECI) da PUC-SP e do Núcleo de Pesquisa em Paz, Segurança Internacional e Estudos Estratégicos (NUPSIEE) da UFU. Contato: jffinazzi@yahoo.com.br. ↩︎
  2. Mestranda em Relações Internacionais pelo Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas (UNESP/UNICAMP/PUC-SP). Integrante do Grupo de Estudos sobre Conflitos Internacionais (GECI), da PUC-SP. Contato: clarameleiro@gmail.com. ↩︎
  3. Estudante de Relações Internacionais na PUC-SP. Integrante do Grupo de Estudos sobre Conflitos Internacionais (GECI), da PUC-SP. Contato: victoriasfgferreira@gmail.com. ↩︎
  4. Postdoctoral fellow no Brady-Johnson Program in Grand Strategy da Universidade de Yale. Doutora em Estudos Americanos pela George Washington University. ↩︎

Revista Lua Nova nº 120 - 2023

Direitos em Disputa

Leia em PDF
Outras edições

| Leia também

Loading...
Cultura e Política,Notícias acadêmicas
boletimluanova
1 de outubro de 2025

Divulgação de dossiê: Novas visões sobre a diáspora

Resenhas de livros,Teoria Política e Filosofia Política
boletimluanova
29 de setembro de 2025

A filosofia que nasce da escuta do sofrimento – Resenha da obra Vidas Roubadas: sofrimento social e pobreza

Andrei Koerner,Cultura e Política
boletimluanova
26 de setembro de 2025

O Presente como problema na democracia brasileira: pesquisa e intervenção em Ciência Política e Direito Constitucional

Todos os direitos reservados ® 2025

  • Início
  • Colunas
    • Colaborações Externas
    • Cultura e Política
    • Direitos e Direitos Humanos
    • Meio Ambiente e Migrações
    • Política Internacional e Estados Unidos
    • Política Nacional
    • Sociedade, Trabalho e Ação Coletiva
    • Tecnologias Digitais e Sociedade
  • Periódicos CEDEC
    • Boletim Lua Nova
    • Revista Lua Nova
    • Cadernos CEDEC
  • Eventos
  • CEDEC
  • Contato
  • Início
  • Colunas
    • Colaborações Externas
    • Cultura e Política
    • Direitos e Direitos Humanos
    • Meio Ambiente e Migrações
    • Política Internacional e Estados Unidos
    • Política Nacional
    • Sociedade, Trabalho e Ação Coletiva
    • Tecnologias Digitais e Sociedade
  • Periódicos CEDEC
    • Boletim Lua Nova
    • Revista Lua Nova
    • Cadernos CEDEC
  • Eventos
  • CEDEC
  • Contato
  • Início
  • Colunas
  • Periódicos CEDEC
  • CEDEC
  • Início
  • Colunas
  • Periódicos CEDEC
  • CEDEC

Contato

boletimluanova@cedec.org.br

boletimluanova@gmail.com

Twitter Facebook-f Instagram Youtube

Criação de site por UpSites