A Filosofia Política Ainda Sonha com a Igualdade?
Por Lucas Petroni. Igualdade e distribuição tornaram-se sinônimos no vocabulário da filosofia política contemporânea. Nesse sentido, discutir o valor da igualdade equivaleria a compreender as razões que justificam a igual distribuição de algum bem ou oportunidade social entre indivíduos com reivindicações conflitantes. “Tomo como pressuposto”, assim explicava G. A. Cohen na abertura de um artigo clássico, “que existe um algo em relação ao qual a justiça exige que as pessoas tenham em quantidades iguais” . Uma série de perguntas se seguem, naturalmente, quando aceitamos o pressuposto de Cohen: O que devemos distribuir – o “algo” – igualmente entre as pessoas? Como devemos medir as distribuições relevantes, por exemplo, com base nas oportunidades abertas à cada pessoa (“igualdade de oportunidades”) ou, diferentemente, em relação ao resultado final de suas interações? Como impedir que as pessoas não se aproveitem, ou “peguem carona”, nos esforços produtivos umas das outras? Não é por outra razão que perguntas como essas definiram a filosofia política desde o final do século XX.