Theodor Adorno e o jazz: desfazendo confusões através de um recorte histórico

Por Lucas Fiaschetti Estevez. Dentre os inúmeros temas abordados na vasta obra de Theodor W. Adorno, a sua análise a respeito do jazz suscitou um amplo e acalorado debate. As primeiras considerações do autor a respeito surgem pontualmente em alguns de seus escritos dos anos 1920 e passam gradativamente a ocupar um lugar central em sua obra na década seguinte, como em Adeus ao Jazz (1933) e Sobre o Jazz (1936). Desde então, sua análise desse gênero musical pode ser encarada como um momento daquele diagnóstico a respeito da padronização da cultura e sua colonização pela lógica mercantil, que encontraria sua exposição mais famosa em A Indústria Cultural: O Esclarecimento como Mistificação das Massas (1944). Nas décadas seguintes, Adorno ainda voltou a tratar do jazz de forma mais detida em Moda intemporal – Sobre o Jazz (1953) e em seus cursos de Sociologia da Música (1961-62).
Compreender o Brasil sociologicamente (Florestan Fernandes, Octavio Ianni e Francisco de Oliveira)
Por Ronaldo Tadeu de Souza
Entender o Brasil sempre fez parte do ofício daqueles que entre nós dedicaram suas vidas à construção de nossas humanidades. Sociedade em que os problemas são de difícil apreensão.
Resenha de: PERICÁS, Luiz Bernardo (org). Caminhos da Revolução Brasileira. São Paulo: Boitempo, 2019.
Por Cecília Brancher
Em Caminhos da revolução brasileira, livro publicado pela editora Boitempo em 2019, o historiador e professor de história contemporânea da USP, Luiz Bernardo Pericás, apresenta valorosa coletânea de textos escritos por intelectuais e militantes sobre a formação social e a revolução brasileiras.
Francisco de Oliveira: contundência sem sectarismo
Por Leonardo Octavio Belinelli de Brito
Ontem, dia 10 de julho, faleceu Chico de Oliveira, autor de alguns dos ensaios mais provocantes da história da economia política brasileira. Talvez porque, na sempre lembrada observação de Roberto Schwarz, Chico era um “mestre da dialética” . É o mesmo Schwarz quem nota que seus ensaios carregavam um misto, tão raro, de contundência sem sectarismo. Como isso é possível?
A metamorfose, ou o discreto charme do centro
Por Jorge Chaloub
Quando certa manhã Rodrigo Maia acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num político de centro. Entre uma xícara de café importado e alguns pães artesanais, ele lia em jornais e sites, não sem surpresa, sobre sua conduta moderada e razoável, típicas dos políticos infensos ao charme dos radicalismos.
Brasil acima de tudo? Sobre o pretenso nacionalismo de Jair Bolsonaro
Por André Kaysel
Durante a década de 1930, os nazistas, liderados por Adolf Hitler, se apropriaram habilmente de um verso da letra do hino nacional alemão, “Deutschland über alles”(Alemanha acima de tudo), convertendo-o em um slogan por meio do qual procuravam identificar a nação consigo mesmos.
Carnaval, festa e luta: o avesso do mesmo lugar
Por Pedro Cazes e Victor Vasconcellos
Os versos de Gilberto Gil em Ensaio Geral, cantados originalmente por Elis Regina no 2o Festival da Música Popular Brasileira de 1966, soam como uma convocação. O Rancho do Novo Dia, o Cordão da Liberdade e o Bloco da Mocidade vão sair no carnaval. É preciso ir a rua e ver com os próprios olhos, é preciso fazer parte. A fantasia (coletiva) é colorida de ousadia e costurada de amizade.
O presidente e o vídeo obsceno: três hipóteses
Por Sérgio Costa
Não é trivial que o dirigente máximo de um país, por menor que seja ele, dissemine conteúdos licenciosos. Já um presidente de uma nação da importância do Brasil postar um vídeo obsceno em sua conta oficial do Twitter é algo muito excepcional, provavelmente inédito.
O falso liberalismo das elites brasileiras
Por Rafael R. Ioris
As elites brasileiras sempre se preocuparam demais com o olhar estrangeiro. Desde a colônia, passando pelo império, sua principal referência era a Europa, mas aos poucos incluia-se todos os outros também tidos como mais brancos, mais ricos, mais sofisticados e mais desenvolvidos.