A guerra e a paz em Os cus de Judas, de António Lobo Antunes

Por Carolina Leocadio e Elisa Olsson. Escrita pelo autor português António Lobo Antunes e publicada em 1979, Os cus de Judas é uma obra de caráter semiautobiográfico, na qual o autor, que serviu como médico militar durante a Guerra Colonial Portuguesa em Angola, relata eventos e experiências baseados na sua própria vivência durante esse período.

Modernismo revisitado pela arte indígena: Denilson Baniwa e a Re-antropofagia

Por Jucimara Braga Alves e Edgar Roberto Kirchof. O artigo “Modernismo revisitado pela arte indígena: Denilson Baniwa e a Re-antropofagia”, recentemente publicado na revista Organon (UFRGS), é resultado de uma pesquisa de doutorado sobre a obra de Denilson Baniwa. O texto aborda o modo como o artista indígena tensiona e ressignifica a relação do modernismo brasileiro com as culturas indígenas do Brasil por meio de sua obra.

Theodor Adorno e o jazz: desfazendo confusões através de um recorte histórico

Por Lucas Fiaschetti Estevez. Dentre os inúmeros temas abordados na vasta obra de Theodor W. Adorno, a sua análise a respeito do jazz suscitou um amplo e acalorado debate. As primeiras considerações do autor a respeito surgem pontualmente em alguns de seus escritos dos anos 1920 e passam gradativamente a ocupar um lugar central em sua obra na década seguinte, como em Adeus ao Jazz (1933) e Sobre o Jazz (1936). Desde então, sua análise desse gênero musical pode ser encarada como um momento daquele diagnóstico a respeito da padronização da cultura e sua colonização pela lógica mercantil, que encontraria sua exposição mais famosa em A Indústria Cultural: O Esclarecimento como Mistificação das Massas (1944). Nas décadas seguintes, Adorno ainda voltou a tratar do jazz de forma mais detida em Moda intemporal – Sobre o Jazz (1953) e em seus cursos de Sociologia da Música (1961-62).

Francisco de Oliveira: contundência sem sectarismo

Por Leonardo Octavio Belinelli de Brito
Ontem, dia 10 de julho, faleceu Chico de Oliveira, autor de alguns dos ensaios mais provocantes da história da economia política brasileira. Talvez porque, na sempre lembrada observação de Roberto Schwarz, Chico era um “mestre da dialética” .  É o mesmo Schwarz quem nota que seus ensaios carregavam um misto, tão raro, de contundência sem sectarismo. Como isso é possível?

A metamorfose, ou o discreto charme do centro

Por Jorge Chaloub
Quando certa manhã Rodrigo Maia acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num político de centro. Entre uma xícara de café importado e alguns pães artesanais, ele lia em jornais e sites, não sem surpresa, sobre sua conduta moderada e razoável, típicas dos políticos infensos ao charme dos radicalismos.

Brasil acima de tudo? Sobre o pretenso nacionalismo de Jair Bolsonaro

Por André Kaysel
Durante a década de 1930, os nazistas, liderados por Adolf Hitler, se apropriaram habilmente de um verso da letra do hino nacional alemão, “Deutschland über alles”(Alemanha acima de tudo), convertendo-o em um slogan por meio do qual procuravam identificar a nação consigo mesmos.

Carnaval, festa e luta: o avesso do mesmo lugar

Por Pedro Cazes e Victor Vasconcellos
Os versos de Gilberto Gil em Ensaio Geral, cantados originalmente por Elis Regina no 2o Festival da Música Popular Brasileira de 1966, soam como uma convocação. O Rancho do Novo Dia, o Cordão da Liberdade e o Bloco da Mocidade vão sair no carnaval. É preciso ir a rua e ver com os próprios olhos, é preciso fazer parte. A fantasia (coletiva) é colorida de ousadia e costurada de amizade.

O presidente e o vídeo obsceno: três hipóteses

Por Sérgio Costa
Não é trivial que o dirigente máximo de um país, por menor que seja ele, dissemine conteúdos licenciosos. Já um presidente de uma nação da importância do Brasil postar um vídeo obsceno em sua conta oficial do Twitter é algo muito excepcional, provavelmente inédito.