Para a educação cumprir o pacto com seu propósito democrático, é preciso outro Ensino Médio

Por Andressa Pellanda e Marcele Frossard. A crescente mobilização em favor da revogação do Novo Ensino Médio demonstra a insatisfação generalizada de estudantes, professores/as, pesquisadores/as e do campo educacional como um todo sobre o tema. Desconsiderando anos de debates acumulados em torno do Projeto de Lei n. 6.840/2013 (BRASIL, 2013), a política foi aprovada – também sob protestos – por meio de Medida Provisória (MP n. 746/2016) durante o governo de Michel Temer, sob a gestão de Maria Helena Guimarães Castro na Secretaria Executiva do Ministério da Educação, em 2017 (BRASIL, 2016a). Analisar o Novo Ensino Médio é, para parafrasear Gabriel Garcia Marques (2019), narrar a crônica de uma tragédia anunciada.

O “Maquiavélico” visto por lentes Maquiavelianas: um ensaio sobre a figura do tirano em Nicolau Maquiavel

Por André Viola. O tumulto político que assolou a península itálica entre o que se convencionou chamar de trecento e quattrocento aliado com uma renascença do estudo dos clássicos greco-romanos possibilitou o surgimento de reflexões aprofundadas sobre as formas de governo. Dentre as tendências políticas associadas ao resgate do estudo dos clássicos está o resgate do pensamento republicano, uma vez que, no momento em que o diálogo com os clássicos era recuperado (com destaque para Cícero), a República Florentina passava por um processo de consolidação oligárquica que vinha desde a Revolta dos Ciompi, o que fez com que os intelectuais da época se interessarem pelo elo entre cultura clássica e participação republicana.

Reforma ou Revogação: Que Fazer com o “Novo Ensino Médio”?

Por Monica Ribeiro da Silva. Nos últimos dias tem ocupado espaço expressivo na mídia o assunto do Novo Ensino Médio. Tem crescido também um movimento pela revogação das medidas incluídas na Lei de Diretrizes e Bases e da Educação pela Lei 13.415/17, haja vista a convocação para uma ampla mobilização nacional para hoje, 15 de março. E tem, em contraponto à proposta de revogação, surgido defesas de que seria suficiente “reformar a reforma”, isto é, rever alguns pontos e fazer alguns ajustes.

Svetlana Aleksiévitch e a Memória Feminina em “A guerra não tem rosto de mulher”

Por Giovanna Bem Borges. A Segunda Guerra Mundial é um dos acontecimentos mais estudados do século XX. Entretanto, como aponta Aleksiévitch (2016), a maior parte do que conhecemos sobre a guerra foi escrito por homens e para homens, que a consideram implícita ou explicitamente como um fenômeno masculino por excelência. Nesse sentido, o trabalho de Svetlana Aleksiévitch (2016) é particularmente relevante, pois ela foi uma das pioneiras em contestar a visão predominantemente masculina que se tinha sobre a Segunda Guerra Mundial.

O Ensino Médio entre Reformas

Por Ana Paula Corti. O Ensino Médio foi incorporado recentemente à Educação Básica, ou seja, à escolaridade mínima exigida para o pleno exercício da cidadania e para a inclusão social. Um olhar histórico mostra que, até então, ele havia sido uma etapa reservada às elites condutoras e à classe média letrada do país.

Quem votou e quem votaria caso as eleições de 2018 fossem facultativas no Brasil? (Parte II)

Por Murilo Calafati Pradella. Como apresentado na primeira parte deste texto, o voto obrigatório se configura como uma constante ao longo de praticamente toda história brasileira, em especial em seu período republicano. No entanto, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), projetos e demandas que visam a instituição do voto facultativo no Brasil vêm aumentando. Além disso, nas disputas eleitorais de 2018, cerca de 20,3% dos eleitores não participaram (TSE).

Quem votou e quem votaria caso as eleições de 2018 fossem facultativas no Brasil? (Parte I)

Por Murilo Calafati Pradella. No Brasil, tanto o voto como o alistamento eleitoral são obrigatórios para todos os indivíduos alfabetizados entre 18 e 70 anos de idade, porém são facultativos para cidadãos com idades entre 16 e 18 anos e acima dos 70 anos. O não cumprimento da lei (art. 14, § 1º). implica que, caso o eleitor brasileiro não justifique sua abstenção à Justiça Eleitoral dentro dos prazos legais, deverá ser paga multa à União que pode variar de 3% a 10% do valor de 33,02 UFRIs (Unidade Fiscal de Referência).

Nações difíceis

Por Dylan Riley. Tradução de Julio Tude d’Avila. Eu nunca havia ido à Grécia, mas ao nível da vida-mundo trata-se de um lugar completamente familiar: numerosos mercados pequenos, cafés, boticários, uma eventual livraria, um padrão de trânsito caótico com motoqueiros que desafiam a morte ao costurar entre ônibus e táxis. Em certo sentido, Atenas parece uma cidade genérica do sul da Europa. Claro que existem diferenças, especialmente se a comparamos a Roma. A fragilidade econômica é mais palpável; um shopping elegante da virada do século que me lembra do grande shopping no centro de Milão está abandonado, ainda vemos nas janelas os nomes de joalherias, lojas de roupas sofisticadas e restaurantes que atendiam aos interesses de pessoas que não têm mais a renda que tinham.

A Contribuição de Bresser-Pereira para a (Re)construção Intelectual do Estado Brasileiro

Por Daniel Estevão R. de Miranda. O período de meados da década de 1980 até meados da década de 1990 foi um divisor na trajetória do Estado brasileiro: tanto a lenta e gradual redemocratização quanto o ciclo de reformas liberais alcançaram um novo patamar nos governos FHC (1995-2002). Nesse contexto, foi criado um Ministério da Administração e Reforma do Aparelho de Estado (MARE), que recebeu atenção desproporcional à sua real influência no processo então em curso de privatização e desregulamentação.