O 8M na Paulista: convergências superficiais, fragmentações profundas

Foto de Fabiola Fanti

Por Bruna Nicodemos, Fabiola Fanti, Gabriel Farias, Gustavo Lima e Silva, Jonas Medeiros, José Del Ben Neto, Letícia Furlan e Talita Oliveira. O ato do Dia Internacional da Mulher (8M) aconteceu em 2024 em uma sexta-feira e teve sua concentração na Avenida Paulista, em frente ao Museu de Arte de São Paulo, às 17h. A manifestação trouxe uma pluralidade de atrizes e atores, uma convergência em relação às pautas e uma fragmentação na forma de construir a manifestação. 

A democracia brasileira após 60 anos de impunidade [1]

Por Silvia Brandão. Em fevereiro de 2024 veio à público a minuta elaborada durante o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022). Ela foi encontrada no gabinete do ex-presidente, na sede do seu partido (Partido Liberal-PL), em Brasília. O conteúdo do documento apresenta indícios de que o então presidente da República e integrantes de seu governo, incluindo membros das Forças Armadas, arquitetaram um golpe de Estado no país. De acordo com matéria publicada pela Rede Brasil Atual (2024a), a minuta tinha por conteúdo a decretação de um estado de sítio, que seria acompanhado da imposição de uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). O ex-presidente teve seu passaporte cassado, foi proibido de se comunicar com outros suspeitos e está sendo investigado pela Polícia Federal.

Direito Inacessível: Pessoas com Deficiência e Eleições no Brasil

Por Gustavo Martins Piccolo. O artigo Direito Inacessível: Pessoas com Deficiência e Eleições no Brasil, publicado na edição 120/2023 da Revista Lua Nova, trata-se de um estudo inédito que analisa de maneira detalhada a ocupação de cargos eletivos por pessoas com deficiência no Brasil com base nos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O intento do estudo empírico desenvolvido consiste em agregar contribuições à literatura sobre representação política, inclusão política de minorias, assim como aos estudos sociais, que já analisam de maneira robusta os vieses da representação de gênero e raça, contudo ainda fornecem raros contributos à relevante e, ainda pouco debatida, temática dos direitos da pessoa com deficiência.

1964 – 2024

Por Leonardo Belinelli. Como se sabe, efemérides estimulam reflexões sobre os vínculos entre o passado e o presente. De maneira geral, procura-se, como exercício intelectual e político, indagar o que há de passado no presente, sem que se esqueça do movimento contrário – isto é, como o presente aparece à luz das lutas e dos projetos que ficaram para trás. Assim, o passado se torna presente, interrogando-o e interrogando-se, ampliando a própria maneira como o presente é visto.

Penso, logo insisto: narrativas sobre doutrinação na Folha de S. Paulo

Por Silvia Vitorassi. Este texto é uma amostra da minha pesquisa de doutorado em andamento na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). O Escola Sem Partido (ESP) foi criado em 2004 pelo advogado Miguel Nagib, mas não tomou grande destaque até 2014. O movimento já foi objeto de diversos estudos e não é necessariamente novo em muitos campos do conhecimento, exatamente pela relevância do debate que propõe. Afinal, os estudos a respeito desta temática passam pelo seu caráter fundamentalista, tecnicista, gerencialista – neste caso pelo pressuposto da iniciativa privada em assumir e controlar serviços públicos – e conservador, contribuindo muito para pensarmos a educação e a sua dimensão em diversos ambientes, sejam eles midiáticos, familiares, religiosos ou políticos.

Lançamento do Livro “The British Conservative Party: Ideology and Citizenship”, de Lenon Campos Maschette

Por Lenon Campos Maschette. Desde o final dos anos 1980, o tema cidadania vem gozando de crescente interesse e renovado prestígio. Com as inúmeras mudanças sociais, culturais, políticas e econômicas do final do século XX, o conceito tornou-se elemento central em debates tanto no meio acadêmico quanto na arena política. Não só intelectuais têm repensado o tema, mas políticos têm ressignificado o conceito, tanto em termos ideacionais quanto práticos. Na Inglaterra, a relação entre Estado, sociedade civil e cidadãos tem sido profundamente transformada nas últimas décadas. Essas mudanças foram, em grande medida, influenciadas pela crítica da Nova Direita ao Estado de bem-estar social britânico e pela compreensão de cidadania associada ao “consenso” político do pós-guerra.

Velhas narrativas, velhas estratégias, novos bloqueios: a antiga CPMI da Terra e a nova CPI do MST

Por Roberta Baggio e Alexandre Carpenedo. O ano de 2003 simbolizou uma importante ruptura na histórica política brasileira. De forma inédita, um candidato que dialogava com os movimentos sociais era eleito. Em 500 anos, era a primeira vez que uma proposta progressista de governo ditaria os rumos do país, para a preocupação, dentre outras categorias, das velhas oligarquias rurais, cujos privilégios eram historicamente garantidos pelo Estado.

O Papel das Fundações Culturais no Brasil: entrevista com Ivo Paulino Soares

Por Ronaldo Tadeu de Souza. O Boletim Lua Nova entrevistou Ivo Paulino Soares sobre o papel das fundações culturais no Brasil, destacando sua tese sobre o Instituto Moreira Salles, defendida em 2022 na Universidade de São Paulo.  Ivo Paulino Soares é bacharel (2012) e licenciado (2018) em ciências sociais pela Universidade de São Paulo, e realizou mestrado (2017) e doutorado (2022) em sociologia, pela mesma universidade. Seus estudos focam na área de sociologia da cultura, com pesquisas sobre intelectuais, elites e pensamento brasileiro, desde a década de 1970.

Os Efeitos Perversos da Inteligência Artificial: A Democracia, o Estado de Direito e a Distribuição de Desigualdades e Poder no Mundo

Por Wanda Capeller, João Pedroso e Andreia Santos. O impacto das novas tecnologias e a conformação do mundo atual à disrupção tecnológica, principalmente, promovida pelos avanços na Inteligência Artificial (IA) tem promovido transformações que se refletem tanto em oportunidades, como em novos riscos. A IA expandiu-se rapidamente e conceptualmente tem sido usada de muitas formas diferentes, destacando um processo profundamente interpretativo e político no estabelecimento dos seus limites (cf. JOYCE et al., 2021). Segundo a definição do Parlamento Europeu (2023), a IA pode ser definida como: “a habilidade de uma máquina exibir capacidades semelhantes às humanas (…) [e] lidem com o que percebem, resolvam problemas e ajam para alcançar um objetivo específico (…), analisando os efeitos de ações anteriores e trabalhando de forma autónoma (…)”.