Eleições de 2022 e a presidencialização das disputas estaduais

Por Vitor Vasquez. De 1994 a 2014, o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) protagonizaram as eleições presidenciais no Brasil. No entanto, a competição entre os dois não se restringiu ao âmbito federal, pois ajudou a estruturar também as estratégias de candidatura para os governos estaduais (BRAGA, 2006; CORTEZ, 2009; LIMONGI; CORTEZ, 2010; MELO, 2007; MELO; CÂMARA, 2012; MENEGUELLO, 2010; SANDES-FREITAS, 2015). O fim dessa estabilidade da competição para a presidência da República ocorreu em 2018, quando PT rivalizou a disputa não com o PSDB, mas com o Partido Social Liberal (PSL), ao qual era filiado Jair Bolsonaro.

Há democracia interna nos partidos políticos brasileiros?

Por Soraia Marcelino Vieira. Quando se fala em eleição não se pode deixar de falar em partido político, um ator central no processo eleitoral e fundamental nos regimes democráticos. Geralmente, as preocupações acerca deste ator giram em torno de seu comportamento frente à competição política, mas é importante, também, voltar o olhar para sua estrutura interna, principalmente para questões relacionadas à transparência, ética e processos de escolha de candidatos/as. O que se pretende destacar aqui é a importância de dialogar com questões referentes à democracia interna dos partidos políticos brasileiros, especialmente em ano eleitoral.

O Senado Federal e a representação de minorias

Por Bruno de Castro Rubiatti. Nas últimas décadas, o debate sobre a representação de minorias têm ganhado destaque no Brasil. Desde a promulgação da Lei 9.504/1997 que definiu uma cota de candidaturas para mulheres (25% nas eleições de 1998 e 30% nas seguintes), os resultados dessa política estão abaixo do esperado: apesar do crescimento na representação feminina na Câmara dos Deputados, o número de candidatas eleitas ainda se mantém baixo – em 2018, 32,2% das candidaturas foram de mulheres, mas apenas 15,0% das cadeiras em disputa foram ocupadas por elas.

Eleições e fantasmas na América Latina

Joyce M. Leão Martins. A política moderna, idealizada em nome da liberdade e da igualdade, foi pactada por um grupo seleto de pessoas: homens, brancos, proprietários. Em sua aurora, o liberalismo condenou metade da humanidade ao espaço privado e à submissão, o que Carole Pateman (1993) chamou de “contrato sexual”. O viés sexista dos acordos sociais da modernidade, que negava às mulheres o direito de serem indivíduos, isto é, de serem reconhecidas como sujeitos livres, racionais e iguais, foi denunciado desde cedo. Não à toa, Amelia Valcárcel (2001) afirmou que o feminismo foi um filho indesejado da Ilustração.

Eleições 2022: o que está em jogo?

Por Maria do Socorro S. Braga e Johnny Daniel M. Nogueira. O Brasil atravessa uma das conjunturas mais desafiadoras de sua República após a redemocratização e promulgação da Constituição de 1988. As eleições deste ano se configuram como o acontecimento central a partir do qual o país poderá sair da encruzilhada de fortuna histórica que resultou na chegada da extrema-direita ao poder central em 2018. O processo eleitoral, por sua dimensão e seus efeitos, afeta o destino de milhões de pessoas e coloca em jogo projetos políticos de país e de políticas públicas que, tanto por sua presença ou ausência, impactam diretamente a sociedade.

Política social, Bolsonaro e as eleições de 2022

Por Sergio Simoni Junior. Ainda que em 2022 participaremos da nona eleição presidencial pós-Constituição de 1988, número esse que é mais que o dobro da primeira experiência democrática em 1946-1964, o Brasil é um dos casos mais importantes da nova (ou renovada) e famosa seção editorial conhecida como “crises da democracia”. Na última disputa, a eleição de um político defensor da ditadura militar, autor de diversas frases racistas, misóginas, homofóbicas, sem estrutura partidária e nenhuma relevância nos debates sobre os grandes temas nacionais, tenderia a colocar uma das maiores democracias do mundo em retrocesso, como confirmado, por exemplo, pelo relatório de 2021 do V-DEM.

A volta da normalidade?

Por Bernardo Ricupero. A eleição de Jair Bolsonaro como presidente, em 2018, foi entendida como um verdadeiro terremoto político. O candidato de extrema-direita, que poucos tinham levado a sério até então, por pouco não venceu já no Primeiro Turno, quando obteve 46% dos votos.

Desigualdade e sucesso eleitoral de mulheres negras

Por Diana de Azeredo. A cada cem candidatas negras, apenas quatro foram eleitas vereadoras em 2020. Essa média dos 5.568 municípios brasileiros sobe para seis quando as pessoas que concorrem são mulheres brancas, para treze no caso de homens negros e para dezesseis se homens brancos. Embora os dados sinalizem a diminuição das taxas de sucesso dos brancos entre 2016 e 2020, as possibilidades de vitória para negros e brancas não mudaram significativamente e as chances de candidatas negras permaneceram inalteradas nos índices mais baixos. Esses são os resultados preliminares da pesquisa apresentada no VII Fórum Brasileiro de Pós-Graduação em Ciência Política em fevereiro deste ano.

Notas sobre a participação política dos jovens

Por Olívia C. Perez e Bruno M. Souza. Os jovens de 16 a 18 anos incompletos devem tirar seu título de eleitor até o início de maio e aqueles que já têm o título devem comparecer às urnas em outubro de 2022. Esse tem sido o mote de campanhas entre artistas, mídia, partidos políticos e do próprio Tribunal Superior Eleitoral para estimular a participação das juventudes nas eleições . Há nessas campanhas uma certa percepção de que a juventude tem pouco interesse pela política e que deveria participar mais.

Mídias sociais, teorias da conspiração e estratégias eleitorais

Por Thatiane Moreira i
Mesmo antes das redes sociais se tornarem parte da rotina de muitos indivíduos, as falsificações de notícia seguiam ritmo intenso.[2], O que ocorreu nos últimos anos foi a ampliação do alcance e aprofundamento do processo de desinformação, atacando as verdades que poderiam ser objetivamente descritas.