Empreendedorismo, empreendedorismos

Por Jacob Carlos Lima. No artigo “Sobre empreendedorismo e cultura do trabalho”, argumento que, da mesma forma que tivemos no Brasil, a partir de 1930, a construção de uma cultura do assalariamento marcada pela forte presença estatal na regulação das relações capital-trabalho, a partir da década de 1990, tivemos o início do desmonte dessa regulação e da cultura que a acompanhou. O trabalho formal, manifesto na relação salarial, tornou-se sinônimo de cidadania e de acesso a direitos sociais. A carteira profissional virou símbolo de bom comportamento, de pessoa de bem, do trabalhador. O ideário de um futuro estado de bem estar social, foi substituído pelo neoliberalismo, no qual o mercado é visto como elemento regulador das relações sociais e os direitos sociais, como custos a serem eliminados.
O evangelismo empreendedor: o entrepreneurship na ação política das organizações não-governamentais transnacionais da nova direita (Parte II)

Por Renato Ortega. Na primeira seção do texto, foram revistas algumas concepções relacionadas ao empreendedorismo, propostas por distintos autores vinculados ao pensamento neoliberal. Cabe agora verificar em que medida elas podem ser observadas nas próprias atividades promovidas por organizações transnacionais vinculadas à nova direita, bem como também informam a respeito do contexto social e político que possibilitou a emergência dessas entidades. Elege-se como objeto de análise a Alliance Defending Freedom (ADF), criada em 1993 em Scottsdale, Estados Unidos, e mais especificamente seu braço internacional, a ADF International, surgida em 2010.
O evangelismo empreendedor: o entrepreneurship na ação política das organizações não-governamentais transnacionais da nova direita (Parte I)

Por Renato Ortega. Na gramática política contemporânea, poucas palavras mobilizam o imaginário coletivo com o mesmo alcance do termo “empreendedorismo”. De Donald Trump a Emmanuel Macron, figuras de diversas colorações políticas e regiões do globo buscaram revestir-se com a imagem do empreendedor de sucesso perante o eleitorado, ao apostar na acolhida calorosa que a retórica celebratória do empreendedorismo encontra junto a parcelas da população. A lógica do discurso pinta o empresário bem-sucedido como o sujeito mais apto a conduzir os processos de modernização e moralização do aparelho estatal, em contraposição à incontornabilidade dos males da burocracia, ineficiência e corrupção que assolam a administração pública (Washington Post, 2017).