Vulnerabilidades e etnografia política: possibilidades e desafios de se mapear dimensões encarnadas de processos de participação democrática

Por Lucas Veloso. Na etnografia política que realizei junto ao movimento social de luta antimanicomial no ano de 2019, procurei compreender como vulnerabilidades (materiais, simbólicas e afetivas) introduziram diferença no processo de deliberação, construção e performance do protesto político no “dia nacional de luta antimanicomial”. Na ocasião, pude mapear de que maneira vulnerabilidades, sobretudo aquelas associadas ao sofrimento mental, introduziram custos e obstáculos para o exercício de cidadania e direito de assembleia. Também verifiquei fatores e arranjos que, contextualmente, contribuíram para reconfigurar vulnerabilidades dos envolvidos em vetores de resistência política e existencial. Considero que tais achados são devedores da própria noção de vulnerabilidades, haja vista que ela nos convoca e habilita a mapear a resiliência criativa daqueles que agem politicamente apesar e a partir da precariedade.