Cuidado, gênero e pobreza: os desafios das mulheres ao longo do ciclo de vida familiar
Por Lina Penati Ferreira e Silvana Mariano. Todo ser humano necessita de cuidado, embora o nível de dependência varie no decorrer da vida. Sabemos que bebês e crianças exigem atenção privilegiada, situação que tende a se repetir na velhice, embora as demandas sejam diferentes. Pessoas com deficiência também podem requisitar alguma atenção especial ao longo da vida. Mesmo em situações que fogem a esses exemplos, o cuidado com o outro é parte da produção do cotidiano: fazer comida, limpar a casa, contar uma história ou mesmo ceder tempo e atenção a alguém, todos esses são exemplos de cuidado. Entretanto, quando olhamos para a outra ponta da relação, não encontramos essa mesma universalidade. São as mulheres, em grande maioria, as responsáveis pelo trabalho de cuidado. Mais do que isso, quando falamos de Brasil, são mulheres negras e com idade entre 25 e 49 anos as principais responsáveis pelo trabalho doméstico e de cuidado (IBGE, 2020). Nesse sentido, o cuidado se torna um tema produtivo para o desvelamento sociológico de desigualdades de gênero, raça, classe e geração.
Svetlana Aleksiévitch e a Memória Feminina em “A guerra não tem rosto de mulher”
Por Giovanna Bem Borges. A Segunda Guerra Mundial é um dos acontecimentos mais estudados do século XX. Entretanto, como aponta Aleksiévitch (2016), a maior parte do que conhecemos sobre a guerra foi escrito por homens e para homens, que a consideram implícita ou explicitamente como um fenômeno masculino por excelência. Nesse sentido, o trabalho de Svetlana Aleksiévitch (2016) é particularmente relevante, pois ela foi uma das pioneiras em contestar a visão predominantemente masculina que se tinha sobre a Segunda Guerra Mundial.
Equívocos e omissões garantiram volta do Taleban ao poder no Afeganistão
As cenas de pessoas tentando fugir do Afeganistão após a volta do Taleban à capital do país, Cabul, são difíceis de suportar e de compreender.
O enfrentamento e a sobrevivência ao Coronavírus também precisa ser uma questão feminista!
Por Mariane da Silva Pisani /b>
Como antropóloga que sou me dou o direito de iniciar este texto a partir de uma observação etnográfica. No dia 23 de Março de 2020, foi publicado no jornal O Globo[i] a matéria intitulada: “NASA usa experiência de astronautas para dar dicas de confinamento durante a pandemia de COVID-19”. Esta trouxe aos leitores e às leitoras cinco habilidades desenvolvidas por astronautas da Agência Espacial dos Estados Unidos da América (NASA) para viver isolamentos em períodos prolongados de tempo. A saber: comunicação, liderança, cuidados pessoais, cuidados do coletivo e vivência em grupo.
Resenha de: ARUZZA, Cintia; BHATTACHARYA, Tithi; FRASER, Nancy. Feminismo para os 99% – um manifesto. São Paulo: Boitempo, 2019.
Por Barbara Cristina Soares Santos
Em 8 de março de 2019, foi lançado em oito países o livro Feminismo para os 99% – um manifesto, escrito conjuntamente pelas teóricas Cinzia Arruzza, Tithi Bhattacharya e Nancy Fraser. A versão brasileira foi publicada com capa vermelha e um interior de letras e margens roxas, mostrando já nas cores a proposta principal do projeto: um feminismo radicalizado de caráter anticapitalista em resposta ao feminismo liberal que dialoga com o atual sistema neoliberal.
Resenha de: FRASER, Nancy; ARUZZA, Cinzia; BHATTACHARYA, Tithi. Feminismo para os 99%. Um Manifesto. São Paulo: Boitempo, 2019.
Por Yara Frateschi
Escrito a seis mãos, Feminismo para os 99%. Um Manifesto foi publicado no dia 08 de março de 2019 simultaneamente em mais de vinte idiomas e em países como Estados Unidos, Brasil, Itália, França, Espanha, Inglaterra, Argentina, Suécia, Turquia, Hungria, entre outros. Coisa rara no mercado editorial mundial, mais rara ainda – inédita, efetivamente – para um manifesto feminista e que entra em campo assumindo-se abertamente anticapitalista.
As recentes mobilizações feministas contra retrocessos legislativos no campo do direito ao aborto
Por Fabíola Fanti
Está em discussão no Senado Federal a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 29/2015, que tem como objetivo incluir no caput do artigo 5o da Constituição Federal (CF) “a inviolabilidade do direito à vida desde a concepção”. Se aprovada, não só as formas de aborto legal deixarão de existir, como alterações legislativas para ampliação desse direito serão muito dificultadas.
O recesso da democracia e as disputas em torno da agenda de gênero
Por Flávia Biroli
A contestação das agendas da igualdade de gênero e da diversidade sexual tem tido um lugar de relevo nos conservadorismos atuais e em sua capacidade de constituir e mobilizar públicos.