Emerson U. Cervi1
18 de setembro de 2024
Marcando as eleições municipais de 2024, o Boletim Lua Nova convidou pesquisadoras e pesquisadores de diferentes capitais do Brasil para analisarem e comentarem sobre o pleito em suas cidades. Os textos desta série especial podem ser encontrados aqui.
Na década passada Curitiba, capital do Paraná, ficou conhecida como o berço do lavajatismo. Foi nela que se desenvolveu o centro da Operação Lava Jato e esta produziu figuras públicas que migraram para a política eleitoral com discurso antipolítica, como o ex-promotor e deputado federal cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Deltan Dalagnol (então Podemos), e o ex-juiz federal e atual senador, Sérgio Moro (União). Ato contínuo, a contraface do lavajatismo, o bolsonarismo político, também se desenvolveu fortemente na cidade e no Estado. Em 2022 o então presidente candidato à reeleição conseguiu 55% de votos no primeiro turno e 64% no segundo turno, em Curitiba. Há uma bancada majoritária bolsonarista na Câmara de Vereadores. O governador Ratinho Jr. (PSD), sempre que pode, faz questão de identificar-se com bolsonaristas. A assembleia legislativa tem grande número de delegados, pastores e policiais militares que se apresentam como bolsonaristas. Por tudo isso, era esperado que nas eleições para prefeitura de Curitiba em 2024 houvesse pelo menos um representante de cada movimento na disputa à prefeitura. Ou, no máximo, um candidato com potencial de votos, representando tanto o bolsonarismo quanto o lavajatismo.
Mas, não. Nem bolsonarismo raiz, nem lavajatismo original apresentaram seus principais nomes como candidatos à prefeitura. Preferiram ocupar candidaturas de vice-prefeito. Cada um na sua. Porém, com um detalhe: bolsonaristas e lavajatistas são candidatos a vice-prefeito de concorrentes que representam a política tradicional, a da continuidade e institucionalizada. Tudo o que as bases de apoio aos dois movimentos mais rejeitam. E é assim que a campanha para prefeitura de Curitiba em 2024 começou: promovendo a volta para o centro da disputa de políticos tradicionais e relegando a segundo plano as lideranças que se dizem outsiders e críticas ao sistema.
Este texto tem o objetivo de tratar do contexto da disputa municipal em 2024, de seus antecedentes e do desempenho dos candidatos na primeira metade da campanha. Primeiro será abordada a conjuntura para disputa à prefeitura. Em seguida, serão apresentados dados sobre as candidaturas à Câmara de Vereadores, que apresentaram uma queda significativa em relação à campanha anterior. Em parte, a redução de quase 30% no número de candidatos a vereador é explicada pela mudança nas regras, com a proibição de coligações e redução no tamanho das listas de concorrentes. No entanto, como será detalhado a seguir, mais da metade dos partidos não conseguiram apresentar a lista completa de concorrentes para 2024, mesmo ela sendo menor que a de 2020.
O que caracteriza a atual eleição em Curitiba é que não há candidato à reeleição. O atual prefeito, Rafael Greca (PSD) havia sido reeleito em 2020, em primeiro turno, com 59% dos votos válidos. Naquela disputa houve um candidato bolsonarista à prefeitura, o então deputado Fernando Francischini (então no PL). Francischini começou a disputa em segundo lugar, mas terminou o primeiro turno na terceira posição, atrás do deputado estadual Goura (PDT). No ano seguinte, em outubro de 2021, Francischini teve seu mandato de deputado estadual cassado pela justiça eleitoral por distribuição de fake news sobre as urnas eletrônicas na campanha de 2018. Ele ficou inelegível por oito anos. A disputa entre o candidato à reeleição em 2020 contra o bolsonarismo mais tradicional, terá impactos na formação das candidaturas em 2024.
O quadro 1 a seguir sumariza as principais informações das dez candidaturas à prefeitura de Curitiba em 2024. Além de cada pessoa candidata a prefeito, apresenta o partido do/a candidato/a a vice-prefeito/a, os partidos que compõem a coligação de apoio ao/à candidato/a, o percentual de intenção de votos em pesquisa divulgada em 11 de setembro, duas semanas depois de iniciado o horário gratuito de propaganda eleitoral (HGPE) no rádio e na televisão, e um breve histórico do/a candidato/a. O quadro está organizado em ordem decrescente de percentual de votos na pesquisa do Instituto Veritá, contratada pelo portal de notícias Bem Paraná, e divulgada em 11 de setembro.
Quadro 1 – Candidatos a prefeito de Curitiba em 2024
Candidato a prefeito | Partido do candidato a vice | Coligação | % Int. Voto* | Histórico |
EduardoPimentel(PSD) | PL | PSD, PL, Novo, MDB, Republicanos, PODE, Avante, PRTB | 36 | Atual vice-prefeito de Curitiba, candidato à sucessão. Foi Secretário de Estado das Cidades no governo Ratinho Jr. |
NeyLeprevost (União) | União | União, Agir, DC | 12 | Atual deputado estadual. Já foi vereador, Secretário de Estado nas gestões Lerner e Ratinho Jr. e Deputado Federal. Foi candidato a prefeito em 2016 e ficou em segundo lugar. |
LucianoDucci (PSB) | PDT | PSB, PDT, Federação Brasil da Esperança | 15 | Ex-prefeito, candidato à reeleição derrotado em 2012 (não foi ao segundo turno). Atual deputado federal. |
RobertoRequião (Mobiliza) | Mobiliza | Partido isolado | 8 | Ex-prefeito, ex-governador, ex-deputado estadual, ex-senador. |
MariaVictoria(PP) | PP | PP, PRD | 3 | Atual deputada estadual. Foi candidata à prefeitura em 2016 derrotada. |
CristinaGraeml (PMB) | PMB | Partido isolado | 5 | Sem trajetória eleitoral anterior em Curitiba |
LuizãoGoulart(SD) | SD | Partido isolado | 4 | Atual deputado federal. Ex-prefeito de Pinhais, município da região metropolitana de Curitiba |
Professora Andrea Caldas (PSOL) | PSOL | Federação PSOL-REDE | 1 | Sem trajetória eleitoral anterior em Curitiba. |
Samuel de Mattos (PSTU) | PSTU | Partido isolado | 1 | Sem trajetória eleitoral anterior em Curitiba. |
Felipe Bombardelli (PCO) | PCO | Partido isolado | 0 | Sem trajetória eleitoral anterior em Curitiba. |
* Pesquisa do Instituto Quaest realizada entre 14 e 16 de setembro.
Fonte: candidaturas.tse.jus.br.
O atual vice-prefeito, Eduardo Pimentel (PSD), aparece em primeiro lugar na pesquisa de intenção de voto do início de setembro, com 24%. Ele conta com o apoio do prefeito Rafael Greca (PSD), que tem presença constante em eventos de campanha e no HGPE. Além disso, também tem o apoio do governador Ratinho Jr. (PSD). Esse grande volume e diversidade de apoios acabou trazendo problemas para a pré-campanha de Pimentel, em especial na definição do candidato a vice. O prefeito Greca defendia uma mulher, do PSD, como candidata a vice, de preferência da área de saúde ou assistência social. No entanto, o governador Ratinho exigiu que o vice fosse Paulo Martins (PL). Martins foi deputado federal pelo PL, ficou em segundo lugar para o senado em 2022 e preside o diretório municipal do PL em Curitiba. Ele é identificado como bolsonarista raiz. Para Greca, que enfrentou o bolsonarimo quatro anos antes, isso era um problema. Mas, Ratinho Jr. venceu e acabou indicando o bolsonarista Martins para a vice do candidato à sucessão de Greca.
Eduardo Pimentel é neto de Paulo Pimentel, ex-governador do Paraná e empresário que construiu o segundo maior conglomerado de comunicação do Estado no século XX, retransmissora do SBT no Estado. Em 2007, Paulo Pimentel, avô do atual candidato, vendeu seus veículos de comunicação para o apresentador Ratinho, pai do atual governador. Então, a relação entre as duas famílias vem de longa data. Pimentel ocupou cargos no governo Ratinho antes de ser vice-prefeito e, depois, foi Secretário de Estado das Cidades no início do segundo governo Ratinho. Ele possui a maior coligação de partidos: são oito, entre grandes e nanicos. Todos identificados com posições entre centro-direita e direita radical.
Em segundo lugar na pesquisa Veritás, divulgada em 11 de setembro, está o candidato Ney Leprevost (União). Atualmente deputado estadual, Leprevost já foi vereador em Curitiba, Secretário de Estado nos anos 1990 do governo Lerner (PDT), deputado federal e secretário de Estado da Justiça e Cidadania no primeiro governo de Ratinho Jr.. Em 2016, Leprevost havia disputado a prefeitura de Curitiba pela primeira vez. Ele foi para o segundo turno, quando perdeu para o atual prefeito, Rafael Greca. A candidata a vice-prefeita é a deputada federal por São Paulo, Rosângela Moro (União), esposa do principal representante do lavajatismo, o senador Sérgio Moro (União). A coligação de apoio a Leprevost conta com dois partidos além do União, o Agir e Democracia Cristã (DC), partidos de direita ou extrema direita. Além de dividir a direita mais extremada de Curitiba, a candidatura de Leprevost dividiu o próprio lavajatismo. Enquanto os Moro estão com Leprevost, o ex-procurador e deputado federal cassado, Deltan Dalagnol (hoje NOVO), apoia e participa da campanha de Pimentel.
Em terceiro lugar no início de setembro estava o candidato Luciano Ducci (PSB). Atual deputado federal, Ducci já foi prefeito de Curitiba, entre 2011 e 2012, quando era vice de Beto Richa (PSDB), eleito governador do Paraná em 2010. Quando disputou a reeleição à prefeitura, em 2012, Ducci ficou em terceiro lugar, não conseguindo chegar ao segundo turno. Naquele ano tiveram melhor desempenho que Ducci para a prefeitura o então deputado federal Gustavo Fruet (PDT), que foi eleito, e o também deputado federal à época, Ratinho Jr. (então no PSC), que ficou em segundo lugar. Agora, Ducci é o candidato de oposição mais à esquerda na cidade. A coligação que o apoia é formada, além do PSB, pelo PDT e pelos partidos da federação Brasil da Esperança, composta por PT, PCdoB e PV. O candidato a vice de Ducci é o atual deputado estadual Goura (PDT), que disputou a eleição de 2020 e ficou em segundo lugar, passando a candidatura bolsonarista de Francischini durante as últimas semanas da campanha.
Se não acontecer nada de extraordinário nas últimas semanas de campanha, o mais provável é que dois desses três candidatos cheguem ao segundo turno.
Roberto Requião é candidato pelo Mobiliza, partido nanico. Ex-governador por três mandatos, ex-prefeito de Curitiba (1986 e 1989), ex-deputado estadual, ex-secretário de Estado e ex-senador por dois mandatos, é o candidato mais experiente na disputa. Historicamente filiado ao MDB, Requião havia trocado seu partido de origem pelo PT para disputar o governo do Estado em 2022, quando foi derrotado. Agora, buscou a legenda do nanico Mobiliza para conseguir viabilizar a candidatura a prefeito. Tinha um bom percentual de intenção de votos no início da campanha e mantém-se em 11% em setembro, no primeiro grupo de concorrentes. Dificilmente conseguirá sustentar essa posição, pois seu partido não tem direito a HGPE e não conta com coligação com partidos com candidatos fortes para o legislativo municipal.
No segundo grupo de candidatos quanto ao percentual de intenção de votos, há duas mulheres na casa dos 4% no início de setembro. A deputada estadual Maria Victoria (PP) disputa a prefeitura de Curitiba pela segunda vez. Em 2016 ela havia ficado na quarta posição, com 5,6% de votos válidos. A candidatura de Maria Victoria faz parte de uma estratégia do principal dirigente do PP no Paraná, Ricardo Barros, de entrar no eleitorado da capital. Ricardo Barros é pai de Maria Victoria. Até aqui, os cinco candidatos melhores colocados na disputa têm tradição política, seja por carreira própria (Leprevost, Ducci, Requião e Maria Victória), seja por continuidade familiar (Pimentel e, também, Maria Victória). A outra candidata com 4% de intenção de votos segundo o instituto Veritá é uma novata nas disputas eleitorais. Trata-se da jornalista Cristina Graeml (PMB), atual comentarista de programas transmitidos pela rede Jovem Pan e outras emissoras de rádio identificadas com a extrema direita brasileira. Nos últimos anos a candidata aproximou-se de teorias conspiracionistas e anti-vacina. Nessa campanha, é o eleitor de extrema direita que ela busca atrair, em especial os “órfãos” de uma candidatura bolsonarista genuína. O problema é que ela disputa por um partido pequeno, o Partido da Mulher Brasileira (PMB), sem tempo de HGPE e com poucos candidatos a vereador para ajudar a fazer campanha de rua. A estratégia dela é atuar pelas redes sociais online (RSO), com discurso mais ideológico, voltado para uma candidatura a deputada em 2026.
O deputado federal Luizão Goulart (SD) é um caso único na história das eleições para prefeitura de Curitiba. Ele já foi prefeito de um município da região metropolitana, Pinhais, entre 2009 e 2016, tendo sido reeleito com 93,7% de votos válidos em 2012. A elevada aprovação de seu governo garantiu a ele a eleição de deputado federal. É o segundo a ter mudado o domicílio eleitoral para Curitiba em 2024. A primeira foi Rosângela Moro, candidata a vice-prefeita. Luizão Goulart tem pouco tempo de HGPE e pouca estrutura partidária. No início de setembro apresentava 2% das intenções de voto. O objetivo da campanha parece ser justamente aumentar a presença do Solidariedade em Curitiba, com a eleição de pelo menos um vereador.
O PSOL lançou como candidata à prefeitura uma professora universitária, Andrea Caldas (PSOL). É a primeira disputa municipal dela e encontrava-se com 1% das intenções de voto segundo o instituto Veritá. O PSOL tem pouco tempo de HGPE e não conta com apoio formal de outros partidos para a prefeitura municipal. Outros dois candidatos não pontuaram na pesquisa de intenção de votos do início de setembro. São de partidos nanicos de extrema esquerda. Samuel de Mattos (PSTU) e Felipe Bombardelli (PCO). Disputam com seus partidos isolados, sem coligação com outras siglas e, ao contrário dos candidatos anteriores, os dois não apresentaram candidaturas a vereador em 2024 para a capital do Paraná.
Outra característica da eleição municipal em Curitiba de 2024 é a queda no número de candidatos à Câmara de Vereadores. A redução gira em torno de 30%, caindo de mais de mil registrados em 2020 para 740 em 2024. Uma explicação é uma mudança na legislação que estabeleceu o fim das coligações e a redução do tamanho máximo das listas, que antes era de 150% do número de vagas por partido e agora está em 100%+1. Ou seja, em 2024 cada partido pode lançar no máximo 39 candidatos, pois estão em disputa 38 vagas no legislativo municipal. No entanto, como indicado na tabela 1 a seguir, 14 dos 24 partidos ou federações que apresentaram listas de candidatos conseguiram registrar 39 concorrentes. A média dos partidos que lançaram candidatos a vereador em Curitiba ficou em 94% de ocupação das listas. Pela nova legislação, cada federação conta como um partido para compor a lista. Por isso os partidos individualmente que integram uma federação apresentam números abaixo do máximo permitido na lista.
Se, por um lado, a política tradicional tenha retomado espaço na disputa majoritária local, por outro, entre as candidaturas proporcionais, há um processo de redução de opções aos eleitores e concentração de concorrentes viáveis em menos partidos. As siglas que não conseguem apresentar lista completa de candidatos têm mais dificuldade em alcançar o cociente partidário para ocupar cadeiras no legislativo municipal. A consequência esperada é uma concentração de eleitos em menos partidos em 2024. A tabela 1 a seguir apresenta o número de candidatos a vereador por partido, o percentual da lista máxima que o partido conseguiu alcançar e o candidato a prefeito a que cada partido apoia. O fim das coligações vale apenas para as eleições proporcionais, mas na disputa majoritária os partidos continuam podendo apresentar-se coligados a outras siglas.
Tabela 1 – Candidaturas a vereador de Curitiba em 2024
Partido | Núm. candidatos a vereador | Percentual da lista | Candidato a prefeito apoiado |
DC | 39 | 100 | Ney Leprevost (União) |
UNIÃO | 39 | 100 | Ney Leprevost (União) |
PMB | 39 | 100 | Cristina Graeml (PMB) |
PSD | 39 | 100 | Eduardo Pimentel (PSD) |
MDB | 39 | 100 | Eduardo Pimentel (PSD) |
NOVO | 39 | 100 | Eduardo Pimentel (PSD) |
PL | 39 | 100 | Eduardo Pimentel (PSD) |
REPU | 39 | 100 | Eduardo Pimentel (PSD) |
PP | 39 | 100 | Maria Victoria (PP) |
PRD | 39 | 100 | Maria Victoria (PP) |
SD | 39 | 100 | Luizão Goulart (SD) |
Fed. Brasil da Esperança (PT=31,PV=6, PCdoB=2) | 39 | 100 | Luciano Ducci (PSB) |
Fed. PSDB=20, Cidania=19 | 39 | 100 | |
Federação PSOL=18, REDE=21 | 39 | 100 | Professora Andrea Caldas (PSOL) |
PSB | 37 | 94,9 | Luciano Ducci (PSB) |
PRTB | 36 | 92,3 | Eduardo Pimentel (PSD) |
PODE | 35 | 89,7 | Eduardo Pimentel (PSD) |
PDT | 33 | 84,6 | Luciano Ducci (PSB) |
AGIR | 30 | 76,9 | Ney Leprevost (União) |
MOBILIZA | 23 | 59,0 | Roberto Requião (Mobiliza) |
Fonte: dadosabertos.tse.jus.br.
A maioria dos 14 partidos que apresentaram lista completa em Curitiba em 2024 localizam-se em posições da centro-direita à extrema direita no espectro ideológico, excetuam-se os partidos da federação Brasil da Esperança e da federação PSOL-REDE. Dos partidos com candidato a prefeito, Luciano Ducci (PSB) e Roberto Requião (Mobiliza) não conseguiram apresentar lista completa. O Mobiliza é o partido que apresentou o menor número de candidatos, se considerarmos as federações como unidade de análise. Partidos com presença tradicional na cidade seguiram esta tendência, como o PDT, que já administrou Curitiba por três gestões e apresentou 84,6% do total de candidatos. O NOVO, liderado por Dalagnol, também não conseguiu apresentar lista completa.
Outra consequência da redução de candidatos a vereador é a menor estruturação de campanhas majoritárias tradicionais, aquelas feitas nas ruas, bairros e visitas a eleitores – nessas atividades o prefeito é acompanhado do candidato a vereador da região. Se considerarmos os percentuais preenchidos nas listas de partidos que apoiam candidatos majoritários, além de ter o maior número de partidos coligados para a disputa à prefeitura, a candidatura de Eduardo Pimentel (PSD) é a que tem o maior percentual de vereadores. Dos oito partidos coligados na majoritária, seis apresentaram 100% da lista. No total, são 305 dos 740 (41% do total) candidatos a vereador em partidos que apoiam Pimentel. Depois seguem os partidos que apoiam Luciano Ducci (PSB), com 109 candidatos a vereador (14,7% do total) em partidos que o apoiam, e Ney Leprevost (União), com 108 candidatos a vereador (14,5% do total) em partidos apoiadores. Juntos, os candidatos a vereador dos partidos coligados a esses três candidatos a prefeito representam 2/3 do total de concorrentes à câmara de vereadores.
Nas eleições municipais, as campanhas tradicionais importam. A eleição casada para prefeito e vereador faz com que candidatos de partidos grandes, com maior número de siglas que o apoiam formalmente e com mais concorrentes a vereador, tendam a ganhar espaço nas semanas em que a campanha se aproxima do final. É possível que existam fatos extraordinários, como escândalos ou descobertas por parte do eleitorado que provocam mudanças de última hora, mas, em condições como as da campanha curitibana de 2024, onde os candidatos antipolítica decidiram abrir mão da disputa, variáveis tradicionais da política tendem a explicar melhor o desempenho e resultados.
* Este texto não representa necessariamente as opiniões do Boletim Lua Nova ou do CEDEC. Gosta do nosso trabalho? Apoie o Boletim Lua Nova!
Sites consultados:
Portal de divulgação de candidatos do TSE: https://sig.tse.jus.br/ Consulta em setembro de 2024.
Portal de dados abertos do TSE: https://dadosabertos.tse.jus.br/ Consulta em setembro de 2024.
- Professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR). E-mail: ecervi7@gmail.com ↩︎
Referência imagética: Wikimedia Commons. Palácio 29 de Março, Curitiba, Paraná, Brasil. 6 abril 2008. Fotografia de Eloy Olindo Setti. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Palácio_29_de_Março_Curitiba_Paraná_Brasil.jpg>. Acesso em: 12 set. 2024.