Entrevista para o Boletim Lua Nova-Cedec.

O Boletim Lua Nova entrevista Piero Leirner.
Violência doméstica e familiar contra magistradas e servidoras do sistema de justiça

Por Fabiana Severi e Luciana Ramos. A pesquisa apresentada neste relatório foi idealizada por um grupo de magistradas e servidoras de diferentes ramos do Poder Judiciário, sensibilizadas com a notícia do feminicídio cometido contra a juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi, morta a facadas pelo seu ex-marido. Viviane tinha 45 anos, atuava no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) e era mãe de três filhas, que presenciaram o assassinato.
Alguns aspectos da relação entre a ascensão do bolsonarismo e a atuação dos militares em projetos de pacificação no Haiti e no Rio de Janeiro

Por João Fernando Finazzi e Rodrigo Duque Campos. Na última década, o Brasil testemunhou um intenso processo de ascensão da extrema-direita e de marcada politização dos militares, em nível que não era visto desde a ditadura civil-militar estabelecida em 1964. A adesão significativa de setores militares aos projetos da extrema-direita brasileira ficou ainda mais em evidência com a participação de lideranças militares no apoio e na cúpula do governo de Jair Bolsonaro entre 2019 e 2022 e com o envolvimento de figuras-chave do Exército, próximos ao ex-presidente, na tentativa de golpe de Estado de janeiro de 2023.
As linhas do tempo das instituições judiciais

Por Sofia Pieruccetti Gutierrez. A premissa deste breve texto é que, na pesquisa sobre as instituições de um regime político, o tempo importa. A exposição está dividida em três partes: (1) uma discussão teórica sobre a heterogeneidade do tempo; (2) uma análise da abordagem temporal predominante da Ciência Política brasileira e como ela tende a “encurtar” a trajetória das instituições; e (3) as limitações da temporalidade linear para o estudo das instituições judiciais, utilizando o Ministério Público como exemplo empírico. Ao final, argumento pela necessidade de uma abordagem temporal heterogênea para compreender um sistema judicial heterogêneo.
A DEMOCRATIZAÇÃO BRASILEIRA SOB AS LUZES DA ESQUINA: A Resistência do jornal Lampião da Esquina ao regime da moral e dos bons costumes

Por Rodrigo Cruz Lopes. Perto do natal de 1977, em plena ditadura militar, a edição nº 53 da Revista IstoÉ foi publicada toda voltada a abordar a imprensa homossexual no Brasil. Para nossa análise, duas matérias publicadas pelo periódico importam: a primeira sobre o processo sofrido pelo jornalista Celso Curi, do jornal Última Hora. Enquadrado na Lei de Imprensa (5.250/1967), Curi estava sendo processado por “ofensa à moral e aos bons costumes” e por “promover a licença de costumes, o homossexualismo especificamente”, por veicular em sua coluna “correios elegantes” entre homens homossexuais que gostariam de se encontrar. A IstoÉ o trata como o “primeiro mártir do homossexualismo brasileiro”. A segunda matéria que salta aos olhos é sobre o lançamento de “um novo e importante jornal gay”, ainda sem nome, que iria em sua primeira edição também sair em defesa de Celso Curi, fundado por figuras atualmente conhecidas como o ex-roteirista da Globo, Aguinaldo Silva, o professor da UFRJ, Peter Fry e o dramaturgo João Silvério Trevisan.
O risco de descarrilhamento de Lula 3

Por Cicero Araujo. Com a vitória de Donald Trump pela segunda vez, a crise da democracia norte-americana — e, por tabela, de todo o mundo democrático — dá mais uma volta no parafuso.
Pluralismo e teoria da escolha racional: abordagens em debate na teoria política contemporânea

Por Andrei Koerner, Pedro Henrique Vasques e Raissa Wihby Ventura. Os cadernos Cedec números 138 e 139 trazem um dossiê sobre racionalidade e pluralismo, com artigos de discentes do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e de outros Programas. Inicialmente preparados como monografias finais da disciplina “Teoria Política Contemporânea 2”, ministrada pelo professor Andrei Koerner, entre 2017 e 2023, os textos foram revisados pelos seus autores com base nos comentários e sugestões feitos pelos organizadores do dossiê.
Os motivos das duas guerras

Por Caio Bugiato. Quais são os motivos e quando começaram os dois grandes confrontos da política internacional atual? Qual a relação entre eles? A pessoa que se informa pela imprensa ocidental, seja por jornais, rádio, televisão e internet/redes sociais, poderia responder que a guerra no Leste Europeu começou com a invasão do Estado russo à Ucrânia em fevereiro de 2022. Responderia também que a guerra no Oriente Médio começou com o ataque terrorista do Hamas ao Estado de Israel em outubro de 2023.
O Boletim Lua Nova em 2024: uma breve retrospectiva

Por Equipe do Boletim Lua Nova. O encerramento de mais um ano nos convida a refletir sobre os caminhos percorridos e os debates travados ao longo de 2024. Este foi um período de intensas reflexões, marcado por eventos que desafiaram nossos entendimentos sobre democracia, justiça, o papel do Brasil no cenário global e as múltiplas crises do cenário internacional. No Boletim Lua Nova, essa jornada traduziu-se em 114 textos que exploraram temas variados, como os dilemas do G-20 sob a liderança brasileira, eleições municipais, conflitos na sociedade brasileira e internacional, entre outros. Embora não seja viável abordar cada uma dessas publicações em uma única retrospectiva, buscamos aqui oferecer uma visão geral dos assuntos que definiram nosso trabalho, celebrando o que construímos e o compromisso que nos orienta: pensar criticamente o presente para reimaginar o futuro.
A Ética na Política: considerações sobre o político e a finalidade do Estado à luz da filosofia prática aristotélica

Por Gustavo Ceneviva Zuccolotto. A ciência política, ao se consolidar enquanto área do saber científico na modernidade, autonomiza-se das categorias que até então embasavam a reflexão sobre a vida em comunidade e a autoridade (arché) nas cidades antigas. Essa reflexão era chamada “filosofia prática”, ciência que integrava os campos da ética e da política. Essa filosofia tinha como conceito nuclear a “ação política”, princípio relacionado tanto à ação (práxis), quanto à natureza política do ser humano, ou seja, enquanto cidadão. Como parte de um movimento maior de legitimação científica, a ciência política, ao longo do século XX, constitui seu objeto próprio de estudo, o campo de disputa pelo exercício legítimo do poder, o Estado moderno, antes tratado nos termos da comunidade política ou da cidade (pólis).