Manifesto contra o Desmonte das Políticas de Combate à Tortura no Brasil

Por GPDH/IEA-USP. O Boletim Lua Nova divulga o Manifesto contra o Desmonte das Políticas de Combate à Tortura no Brasil, publicado em evento realizado pelo Grupo de Pesquisa em Direitos Humanos, Democracia e Memória do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo em parceria com o CEDEC.

Os burocratas de nível de selva: por um novo olhar sobre os indigenistas

Por Leonardo Barros Soares. Começo esse texto com duas confissões. A primeira é que fiquei emocionalmente muito abalado com as mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips no Vale do Javari em meados de junho. Por dever de ofício e, sobretudo, por ser humano, acompanhei o drama cujo desfecho trágico é de conhecimento de todos. Não consigo, no entanto, até hoje, conhecer os detalhes de tão pavoroso evento. Tampouco consegui ouvir o vídeo que tanto circulou nas redes sociais de Bruno cantando uma canção indígena. Não consigo e nem sei se conseguirei um dia. Dá para ver, na imagem sem som, que ele está feliz, no meio da floresta. Eu sei que é um momento muito bonito, muito delicado e absurdamente humano. Por isso não consigo. É demais para mim.

Precisamos debater o direito ao aborto: diante das tentativas de retrocesso, é necessário, também, garanti-lo

Por Fabiola Fanti. Desde a redemocratização, o tema do aborto costuma vir à tona em períodos eleitorais. Nas eleições deste ano não é diferente. O presidente Jair Bolsonaro (PL) manifestou-se diversas vezes contrariamente ao direito ao aborto em qualquer circunstância. Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recentemente afirmou que o aborto deveria ser tratado como questão de saúde pública, mas, após repercussão negativa, declarou-se pessoalmente contrário.

Nota de Pesar – José Augusto Lindgren Alves

Por Diretoria Cedec, Andrei Koerner, Carla Vreche e Matheus Hernandez. Lindgren, como costumava ser chamado, conciliou com maestria, ao longo de sua brilhante trajetória, comprometida atuação diplomática e sofisticada inserção intelectual. E em ambas cultivou o compromisso público com a construção, a consolidação e a aplicação das normas internacionais de direitos humanos e suas instâncias institucionais.

Mobilização legal: leis municipais como repertório de luta

Por Joaquim Shiraishi Neto. Durante a Assembleia Nacional Constituinte, a mobilização protagonizada pelos povos indígenas resultou em um Capítulo da Constituição Federal dedicado às suas coletividades (arts. 231 e 232). A inserção de tais direitos no modelo de Constituição, caraterizado por um extenso programa social, universalizante, focado nos cidadãos, possibilitou a mobilização de grupos culturalmente diferenciados em prol de direitos específicos relacionados aos modos de viver, criar e fazer. A posterior incorporação de declarações e tratados de direitos humanos pelo Brasil impulsionou o processo de organização e de lutas por direitos.

Ruanda, Apesar de Tudo: Uma análise da série ‘Black Earth Rising’ (Parte III)

Marina Costin Fuser. É preferível esquecer as chagas da barbárie, varrer os vestígios de crimes perpetrados pelo Estado para debaixo do tapete, queimar os arquivos, fazer de conta que nada aconteceu. Os julgamentos desta série trazem de volta esses fantasmas, contando histórias, que apesar do enredo ficcional, tratam de histórias vivas, bastante fidedignas e verificáveis, vividas por personagens parecidas com Kate. Kate é Scholastique e André Mukasonga, que perderam quase toda a família no genocídio de Ruanda, que viveram para contar essa história, que carregam consigo a memória de todos os mortos em Ruanda. Hutu ou Tutsi, Kate é também a afirmação da vida, uma esperança de que a memória se restaure para que essa história nunca mais se repita.

Ética e Inteligência Artificial: migração

Por Lutiana Barbosa e Gustavo Macedo. Neste segundo artigo da série sobre Ética & Inteligência Artificial do Boletim Lua Nova, discutiremos o potencial do uso de tecnologias de Inteligência Artificial (IA) aplicadas a situações como essa observada na Ucrânia no início de 2022. Daremos continuidade ao emprego das perspectivas deontológica e utilitarista para pensar os prós e contras do uso de inteligência artificial no contexto migratório.

Ruanda, Apesar de Tudo: Uma análise da série ‘Black Earth Rising’ (Parte II)

Por Marina Costin Fuser. Na primeira parte deste artigo, eu introduzo a história de Kate Ashby, a sobrevivente de um genocídio que se deu entre hutus e tutsis em Ruanda na série Britânica e Ruandesa ‘Black Earth Rising’. Abordo o assassinato de Eve Ashby, mãe adotiva de Kate desde seu resgate em 1994, que chegou ao Reino Unido sem nome, sem ancestralidade, e sem história. Eve é escalada para atuar como advogada no julgamento do general Simon Niamoya da RPF, um consagrado herói nacional de Ruanda, por atuar na linha de frente que freou o genocídio dos tutsis. A série se inaugura nos bastidores deste julgamento.

Debates interdisciplinares sobre Direito e Direitos Humanos: impasses, riscos e desafios

Por Andrei Koerner, Paulo Endo e Carla Vreche. Esta coletânea apresenta os resultados do Curso de Direito Internacional de Direitos Humanos realizado em abril de 2021. O curso foi iniciativa da Diretoria Executiva de Direitos Humanos da Unicamp (DeDH), em convênio com o Ministério Público do Trabalho da 15ª Região, e foi organizado em parceria com o Grupo de Pesquisas em Democracia, Direito e Memória do Instituto de Estudos Avançados da USP (GPDH/IEA-USP), o Instituto de Políticas Públicas e Relações Internacionais da Unesp (IPPRI-Unesp) e o Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (CEDEC).

A despolitização dos direitos humanos na malha global: três momentos-chave e uma aposta necessária

Por Letícia Rizzotti. Na última década, a opinião pública tem experimentado um singular retrocesso no debate sobre direitos humanos, que acomete pautas nacionais e globais. Contudo, a ideia de uma pauta una e coesa de direitos humanos sofre reveses importantes e recorrentes pelo menos desde o início do século XX. Exemplos flagrantes são as disputas sobre assentamento de minorias na Liga das Nações (1919-1939), a fragmentação de conteúdo nos Pactos de 1966, e mesmo a dissidência entre pautas desenvolvimentistas e proteções ambientais nos anos 1980 e 1990.