Evangélicos e a constituição de uma identidade antipetista religiosa
Por Vinicius do Valle. No presente artigo pretendo discorrer sobre a relação do PT com o segmento evangélico. Partimos de um breve levantamento sobre o comportamento eleitoral dos evangélicos e as alianças políticas desse grupo ao longo da nova república. Em seguida, partimos para os dados de intenção de voto do segmento nas eleições de 2022. O objetivo é demonstrar como o segmento evangélico se constituiu como a principal força anti-petista do cenário político brasileiro.
Resgatando velhas teses: perspectivas eleitorais para a Câmara dos Deputados em 2022
Por Raul Bonfim e Vítor Sandes-Freitas. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que 87% dos deputados federais eleitos em 2018 irão concorrer à reeleição esse ano. Esse percentual representa um aumento de 8% em relação à legislatura anterior. Em artigo publicado no jornal Valor Econômico, Joyce Luz destaca que entre 1990 e 2018, em média, 64% dos deputados federais que disputaram a reeleição obtiveram sucesso. Segundo a pesquisadora, caso esse padrão se mantenha, existe alta probabilidade de que mais da metade dos assentos da Câmara dos Deputados sejam novamente ocupados por incumbentes.
As redes sociais estão transformando a democracia. Como?
Por Otávio Z. Catelano. Quanto a isso, podemos concordar: as novas tecnologias de comunicação estão transformando a democracia representativa. No entanto, precisamos discutir de forma mais aprofundada sobre quais são os mecanismos dessa transformação. Não basta dizer que “a internet facilitou o acesso a notícias falsas” e, por consequência, essas notícias estariam influenciando as pessoas a tomarem decisões políticas que não tomariam. Na verdade, as pesquisas mais recentes têm apontado a necessidade de considerarmos que as pessoas somente acreditam em conteúdos falsos quando já têm uma predisposição política anterior. Logo, não são influenciadas a alterar uma decisão, apenas a reforçam. Como?
Eleições de 2022 e a presidencialização das disputas estaduais
Por Vitor Vasquez. De 1994 a 2014, o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) protagonizaram as eleições presidenciais no Brasil. No entanto, a competição entre os dois não se restringiu ao âmbito federal, pois ajudou a estruturar também as estratégias de candidatura para os governos estaduais (BRAGA, 2006; CORTEZ, 2009; LIMONGI; CORTEZ, 2010; MELO, 2007; MELO; CÂMARA, 2012; MENEGUELLO, 2010; SANDES-FREITAS, 2015). O fim dessa estabilidade da competição para a presidência da República ocorreu em 2018, quando PT rivalizou a disputa não com o PSDB, mas com o Partido Social Liberal (PSL), ao qual era filiado Jair Bolsonaro.
Há democracia interna nos partidos políticos brasileiros?
Por Soraia Marcelino Vieira. Quando se fala em eleição não se pode deixar de falar em partido político, um ator central no processo eleitoral e fundamental nos regimes democráticos. Geralmente, as preocupações acerca deste ator giram em torno de seu comportamento frente à competição política, mas é importante, também, voltar o olhar para sua estrutura interna, principalmente para questões relacionadas à transparência, ética e processos de escolha de candidatos/as. O que se pretende destacar aqui é a importância de dialogar com questões referentes à democracia interna dos partidos políticos brasileiros, especialmente em ano eleitoral.
O Senado Federal e a representação de minorias
Por Bruno de Castro Rubiatti. Nas últimas décadas, o debate sobre a representação de minorias têm ganhado destaque no Brasil. Desde a promulgação da Lei 9.504/1997 que definiu uma cota de candidaturas para mulheres (25% nas eleições de 1998 e 30% nas seguintes), os resultados dessa política estão abaixo do esperado: apesar do crescimento na representação feminina na Câmara dos Deputados, o número de candidatas eleitas ainda se mantém baixo – em 2018, 32,2% das candidaturas foram de mulheres, mas apenas 15,0% das cadeiras em disputa foram ocupadas por elas.
Eleições brasileiras 2022: sinais de um teste institucional
Por Juliana de S. Oliveira e Lucas D. Pereira. Brasil, 1954, uma eleição polarizada entre UDN e PSD. Fraude é a tônica da discussão, de tal modo que a palavra golpe está presente no vocabulário político corrente. A UDN, um dos pólos da competição, investe no discurso de que as eleições seriam fraudadas. A premissa da acusação se concentra no método de votação: a inexistência de cédula oficial . Anteriormente a 1954, a UDN nunca havia tocado no assunto da cédula. Não obstante, para a eleição daquele ano, o discurso udenista sustentava que o resultado eleitoral não traria a verdade das preferências do povo às urnas.
Eleições e fantasmas na América Latina
Joyce M. Leão Martins. A política moderna, idealizada em nome da liberdade e da igualdade, foi pactada por um grupo seleto de pessoas: homens, brancos, proprietários. Em sua aurora, o liberalismo condenou metade da humanidade ao espaço privado e à submissão, o que Carole Pateman (1993) chamou de “contrato sexual”. O viés sexista dos acordos sociais da modernidade, que negava às mulheres o direito de serem indivíduos, isto é, de serem reconhecidas como sujeitos livres, racionais e iguais, foi denunciado desde cedo. Não à toa, Amelia Valcárcel (2001) afirmou que o feminismo foi um filho indesejado da Ilustração.
Política social, Bolsonaro e as eleições de 2022
Por Sergio Simoni Junior. Ainda que em 2022 participaremos da nona eleição presidencial pós-Constituição de 1988, número esse que é mais que o dobro da primeira experiência democrática em 1946-1964, o Brasil é um dos casos mais importantes da nova (ou renovada) e famosa seção editorial conhecida como “crises da democracia”. Na última disputa, a eleição de um político defensor da ditadura militar, autor de diversas frases racistas, misóginas, homofóbicas, sem estrutura partidária e nenhuma relevância nos debates sobre os grandes temas nacionais, tenderia a colocar uma das maiores democracias do mundo em retrocesso, como confirmado, por exemplo, pelo relatório de 2021 do V-DEM.